Jerónimo Martins aposta no takeaway. Vai para três novos países
Retalhista vendeu e lucrou mais em 2019. Agora, quer continuar a crescer: em Portugal através das refeições feitas e, lá fora, com a entrada em novos países.
A Jerónimo Martins vai investir entre 700 e 750 milhões de euros este ano para reforçar a atividade. O plano passa por limitar o número de novas lojas, mas melhorar as que já tem, enquanto aposta no takeaway. O CEO Pedro Soares dos Santos quer expandir para três novos países, mas ainda não há data para o fazer.
“O Pingo Doce vai ser cada vez mais uma empresa de restauração. É o que os portugueses querem cada vez mais são refeições prontas para levar para casa. É um caminho que vamos continuar a fazer”, anunciou o gestor, na conferência de imprensa em que apresentou os resultados de 2019.
A Jerónimo Martins fechou o ano passado com lucros de 433 milhões de euros, um aumento de 7,9% face ao alcançado no ano anterior. As vendas do grupo atingiram os 18,6 mil milhões de euros, sendo que o takeaway contribui atualmente com 150 milhões para a atividade em Portugal. Pedro Soares dos Santos quer ver este montante a subir.
Pingo Doce vai ter restaurante fora do supermercado
“O Pingo Doce desenvolverá o seu novo conceito de loja, centrado na área da restauração e comida pronta e suportado pela capacidade acrescida resultante da recente abertura de mais uma cozinha central e do investimento adicional em know-how de meal solutions”, anunciava no relatório de apresentação de resultados.
Na conferência de imprensa deu ainda outra novidade: “Vamos um abrir um restaurante stand alone“, disse, apesar de não querer adiantar qual a data ou localização. O Pingo Doce tem produção própria de refeições, tendo aberto, em 2019, uma nova mega cozinha (em Aveiro, que se juntou à já existente em Odivelas) que recebeu um investimento de 17 milhões de euros e tem capacidade de produção para 10 mil toneladas ao ano.
República Chega, Eslováquia e (depois) a Roménia
Em todas as geografias, a Jerónimo Martins pretende abrir novas lojas: 100 da polaca Biedronka (60% das quais no formato standard e as restantes no conceito de menor dimensão), 50 da marca polaca de beleza Hebe e 130 à colombiana Ara. Em Portugal, serão dez novas localizações da marca Pingo Doce e uma da Recheio (em Cascais).
Mas há estratégiasdiferenciadas. Se em Portugal o crescimento passa por reforçar este segmento de negócio, lá fora o plano é outro. Com a marca Hebe, a Jerónimo Martins está a preparar a entrar em dois novos países: a República Checa e a Eslováquia. Esta expansão deverá ficar concretizada ainda este ano e o próximo país que Soares dos Santos tem debaixo de olho é a Roménia, o que poderá acontecer através de aquisições.
"A Jerónimo Martins tem feito um reforço muito grande no balanço porque está a chegar o momento da Biedronka crescer além-fronteiras. Todos sabem que o que gostaríamos era a Roménia.”
A empresa justificou a política de dividendos com querer ter espaço para aproveitar qualquer “potencial oportunidade de crescimento não-orgânico”, mantendo em simultâneo um nível reduzido de dívida líquida. Questionado sobre a possibilidade de fazer aquisições, o gestor não negou e apontou para a Roménia com um mercado potencial.
“A Jerónimo Martins tem feito um reforço muito grande no balanço porque está a chegar o momento da Biedronka crescer além-fronteiras. Todos sabem que o que gostaríamos era a Roménia. Se será este ano ou no próximo não sabemos, mas está no curto prazo”, explicou. “Vamos traçar um plano para 2020 para 2025 e a Roménia está certamente lá“.
Investigação da AdC na Polónia? “Não vale a pena preocupar-nos”
A retalhista polaca Biedronka é o maior mercado do grupo, tendo a faturação atingido os 12,6 mil milhões de euros. A Jerónimo Martins tem, no entanto, enfrentado dificuldades no país. Uma das principais prende-se com as mudanças regulatórios que obrigaram a que as lojas da cadeia passassem a fechar aos domingos. “Já não é uma questão. O mercado todo já se adaptou”, garantiu o gestor.
Mais recentemente, o regulador polaco UOKiK abriu uma investigação à forma como os preços na Biedronka são apresentados aos clientes no seguimento de várias queixas de consumidores que pagaram um valor mais elevado na caixa face ao apresentado nas prateleiras. É a segunda investigação depois de uma outra sobre uso de vantagem contratual desleal.
“Não sabemos de nada. Não vale preocupar-nos com um tema em que temos de esperar”, disse apenas Soares dos Santos sobre o assunto. E reafirmou o peso do país para o grupo: “Polónia é o grande motor e foi aí que a Jerónimo Martins fez grandes apostas. É um país que tem potencial de crescer ainda mais do que tem crescido”.
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