Coronavírus já eliminou três biliões de dólares das ações mundiais
Receios sobre impacto económico do surto levou a um selloff nos mercados acionistas. Com perdas superiores a 6%, esta semana poderá ser a pior desde setembro de 2011 para as bolsas mundiais.
Após uma recuperação temporária na quarta-feira, o selloff nas bolsas globais retomou. Só desde o início da semana, os receios relacionados com coronavírus já eliminou 3 biliões de dólares dos mercados acionistas, segundo dados da Reuters. A China espera que o surto esteja sob controlo no final de abril, mas os investidores estão em modo “esperar para ver”.
Segundo os últimos dados da Comissão Nacional de Saúde da China, há um total de 2.744 mortos e 78.497 infetados no país. Entre os casos confirmados, 43.258 ainda estão ativos e 8.346 encontram-se em estado grave. Mais de 32.400 pessoas já receberam alta após superarem a doença.
Devido aos receios sobre o impacto do surto na economia, as ações asiáticas e norte-americanas caem há seis dias seguidos e as europeias registaram na quarta-feira uma pausa, mas já voltaram a terreno negativo. Dados da Reuters indicam que a desvalorização atingiu já os 3 biliões de dólares e as quedas poderão continuar.
“Ainda é cedo para afirmar que esta recuperação se irá consolidar. Provavelmente teremos mais alguns dias de quedas, em conjunto com algumas tentativas de recuperação, antes que as bolsas finalmente estabilizem“, diz o analista de mercados do Bankinter, João Pisco. “O impacto do vírus deverá estar cingido ao primeiro trimestre de 2020 e talvez, embora em menor medida, a parte do segundo trimestre de 2020. O impacto existe, mas pensamos que será passageiro”.
O português PSI-20 cai 1,5% e acumula uma perda superior a 6% desde o início da semana (equivalente a três mil milhões de euros). O europeu Stoxx 600 tomba 7% na semana e 2% esta manhã. Depois de a semana passada ter sido a pior, a nível global, desde setembro de 2011, esta semana deverá renovar esses mínimos. Por outro lado, o VIX, índice de medo em Wall Street disparou para máximos de 2018.
"Ainda é cedo para afirmar que esta recuperação se irá consolidar. Provavelmente teremos mais alguns dias de quedas, em conjunto com algumas tentativas de recuperação, antes que as bolsas finalmente estabilizem.”
Em termos setoriais, as companhias aéreas, hotéis, lazer, automóvel, infraestruturas de transporte, industriais, petrolíferas e luxo estão entre os mais penalizados, sendo que este último poderá ser dos primeiros a recuperar uma vez estabilizada a situação, na perspetiva do Bankinter. Já os menos afetados são a tecnologia, farmacêuticas, hospitais, telecoms e elétricas.
Além destes, os ativos refúgio também sido beneficiados. O ouro está em máximos de sete anos, a subir 0,5% para 1.649 dólares por onça e a prata ganha 1% para 18,03 por onça. Na dívida, a yield das Treasuries a dez anos caiu abaixo de 1,3% e a das Bunds alemãs para -0,514%.
“O franco suíço é a moeda que mais se tem destacado desde que a crise do coronavírus escalou com o aparecimento de um novo foco em Itália no final da semana passada”, acrescenta a corretora ActivTrades. Apesar de o iene japonês ser tradicionalmente também refúgio para os investidores, “o Japão está muito próximo do epicentro da crise na Ásia e, por isso, está a sofrer o impacto das preocupações dos investidores face às repercussões do abrandamento económico da China para a região”. Com o coronavírus a ameaçar tornar-se uma pandemia global, é o franco que emerge como principal moeda ativo de refúgio.
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