Marcelo deve intervir na Operação Lex, defende bastonário
"Também o Presidente da República deve exercer a sua magistratura de influência para garantir que estas situações fiquem resolvidas", disse o bastonário da Ordem dos Advogados, sobre a Operação Lex.
O bastonário da Ordem dos Advogados (OA) considerou esta segunda-feira que o Presidente da República devia “exercer a sua magistratura de influência” para ajudar a resolver o “clima de suspeição” criado pelas situações ocorridas no Tribunal da Relação de Lisboa — Operação Lex.
Menezes Leitão sublinhou que a OA vê com “grande preocupação” os casos que envolvem o ex-presidente da Relação de Lisboa Vaz da Neves e o atual presidente, Orlando Nascimento, porque se trata de uma questão que envolve um tribunal superior que recebe milhares de recursos de pessoas que pretendem obter justiça e resolução dos seus processos judiciais.
“É essencial que haja uma grande fiabilidade da distribuição eletrónica de processos e que essa distribuição não possa ser de forma alguma manipulada”, enfatizou Menezes Leitão, em declarações à Lusa e à Renascença, observando que já devia ter ocorrido uma sindicância ao tribunal da Relação de Lisboa para saber o que se passou quanto à distribuição de processos.
Para o bastonário, interessa saber que “processos foram distribuídos de forma intencional, a quem foram distribuídos e que decisões (judiciais) resultaram dessa distribuição”. Tudo isto, vincou, para que tais “situações não se voltem a repetir”.
É preciso saber que “fragilidades existem na distribuição eletrónica de processos” e, até lá, Menezes Leitão entende que não é de excluir a hipótese de uma distribuição manual de processos na presença das partes em conflito, por forma a assegura que “um sorteio efetivo” e o cumprimento do princípio do juiz natural.
“Não é possível continuar com este clima de suspeição nos mais altos tribunais do nosso país”, salientou Menezes Leitão, dizendo que, além da sindicância e dos esclarecimentos que devem ser feitos pelo Conselho Superior da Magistratura, também o Governo devia esclarecer se foram ou não violadas as regras da distribuição eletrónica de processos.
Em seu entender, por estar “em causa o regular funcionamento das instituições democráticas, também o Presidente da República deve exercer a sua magistratura de influência para garantir que estas situações fiquem resolvidas, porque está em causa a credibilidade total do sistema de justiça” português.
Na última semana foi revelado que o ex-presidente da Relação de Lisboa Vaz das Neves foi constituído arguido por suspeitas de corrupção e abuso de poder no âmbito da Operação Lex, que tem como principal arguido o desembargador Rui Rangel. Um outro caso envolve o atual presidente da Relação de Lisboa, Orlando Nascimento, por alegadamente ter autorizado o uso do salão nobre daquele tribunal para a realização de uma arbitragem (resolução privada de litígios) realizada pelo seu antecessor.
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