Covid-19 obriga Lloyd´s of London a tocar Lutine Bell
O sino colocado no átrio central do icónico edifício da Lloyd´s of London tem séculos de História. Por causa da Covid-19 ouviu-se uma rara badalada: o mercado encerrou por tempo indeterminado.
A entidade mantém-se em funcionamento, mas a monumental sala de subscrição de seguros (Underwriting Room) do edifício conhecido pelo exterior metálico e tubular e pelo pátio interior aberto até ao topo, normalmente marcado por rodopio de milhares de pessoas (incluindo turistas visitantes), fechou na passada quinta-feira, pelas 16:00 (hora de Lisboa).
Sede da plataforma mais antiga do mundo na indústria de seguros, o edifício da Lloyd´s of London fez ouvir uma rara badalada da Lutine Bell, anunciando encerramento do mercado. Por causa da pandemia, a instituição suspendeu atividade presencial por tempo indeterminado.
Quando o átrio do formigueiro voltar a reabrir, ainda sem data marcada, a Lutine Bell tocará duas vezes, anunciou a Lloyd´s of London salientando pesar pelos motivos de fecho. Recuperada há uns 160 anos de uma fragata afundada décadas antes, a sineta ouve-se muito poucas vezes, apenas para anúncios simbolicamente solenes ou tristes, como no trágico 11 de setembro de 2001.
Seis dias antes, sexta-feira (13 março), a instituição londrina de seguros já havia fechado por 24 horas para realização de testes de resiliência, concluídos com sucesso. Por conseguinte, confiando que os seus protocolos de emergência para continuidade da negociação estão operativos, a plataforma prossegue atividade por meios alternativos e promete reavaliar a situação numa base semanal.
A sineta (Lutine Bell no original) é um artefacto em bronze que pertenceu à fragata Lutine (uma embarcação do século XVIII), na altura ao serviço da coroa britânica e afundada em finais de 1799 ao largo dos Países Baixos, quando transportava uma preciosa carga de ouro. Quase 60 anos depois, uma expedição que não conseguiu resgatar o tesouro regressou com o sino que, até à atualidade, se mantém simbolicamente na posse da Lloyd´s of London.
Preservada no centro do átrio do imóvel, tradicionalmente, a Lutine Bell soa apenas em cerimónias solenes, para anunciar manifestações de pesar (quando algum navio segurado pelos associados da Lloyd´s se perde no fundo dos mares) ou em situações trágicas, como no caso dos atentados de 11/9, nos EUA. Agora, sob o impacto da pandemia, voltou a ecoar.
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