Investidores focam desconfinamento em vez de recessão. Bolsas europeias recuperam
No dia em que a Comissão Europeia atualizou projeções para a recessão económica na Zona Euro e em que a produção industrial alemã afundou para mínimos de 30 anos, as ações europeias seguem em alta.
As farmacêuticas estão a dar impulso às ações europeias, apesar das perspetivas económicas negativas. Após terem sido conhecidas as projeções da Comissão Europeia para o impacto do coronavírus para a economia da Zona Euro, as principais bolsas europeias inverteram a tendência de abertura e seguem em alta, mas a volatilidade e incerteza mantêm-se.
O índice Stoxx 600 avança 0,41%, enquanto o alemão DAX ganha 0,3%, o italiano FTSE MIB sobe 0,39% e o português PSI-20 soma 0,12%. A impulsionar o sentimento está o setor da saúde com a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk e a especialista em diálise alemã Fresenius Medical Care a apresentarem resultados acima do esperado. Ambos valorizam mais de 2%.
As ações europeias já ganham mais de 25% desde os mínimos tocados em março, com Governos e bancos centrais a injetarem biliões de euros na economia mundial para limitar o impacto do coronavírus.
As previsões económicas de primavera da Comissão Europeia atualizadas esta terça-feira apontam para uma contração de 8,3% da União Europeia e de 7,7% da Zona Euro, com Grécia, Espanha e Itália a serem os países mais castigados pela crise provocada pela pandemia. Estas estimativas ficam em linha com o esperado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
As projeções são conhecidas no mesmo dia em que foram divulgados dados da produção industrial na Alemanha, que colapsou em março para o valor mais baixo desde 1991.
Os novos desenvolvimentos irão depender, no entanto, da capacidade de desconfinamento e de uma eventual segunda vaga do vírus. “Não há linha reta de saída do confinamento e as empresas estão a lutar para se manterem viáveis. Isso terá realmente um forte efeito de compensação em relação ao apoio dos governos”, explicou Daniel McDonagh, head of European portfolio management team da Pyrford International (do grupo BMO Global Asset Management), à Reuters.
O sentimento é assim de incerteza entre os investidores. Enquanto as ações mostram maior otimismo, o mercado de obrigações continua sob pressão.
Os juros das dívidas da Zona Euro sobem de forma generalizada, numa altura em que a Alemanha se prepara para uma venda sindicada de dívida a 15 anos. É a primeira vez que o país recorre a esta operação desde 2015. Apesar de continuar em terreno negativo, a yield das Bunds a dez anos sobe para -0,552%.
“A muito curto prazo, o vai dominar o mercado é a oferta. A venda sindicada de dívida a 15 anos da Alemanha será de, pelo menos, cinco mil milhões de euros, o que vai pressionar o mercado“, explica Antoine Bouvet, estratega do ING. Na periferia, o juro das obrigações portuguesas benchmark agrava para 0,927%, enquanto em Itália avança para 1,88% e em Espanha para 0,878%.
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