UCI coloca 385 milhões de euros na bolsa de Lisboa. Quer usar encaixe para dar crédito verde
Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon, sublinhou os critérios ambientais e de sustentabilidade no setor imobiliário, para a "construção ou requalificação de edifícios com baixa pegada carbónica".
A UCI – Unión de Créditos Inmobiliarios foi ao mercado buscar financiamento para dar crédito a projetos verdes. Colocou 392 milhões de euros em Obrigações Titularizadas Residential Mortgage-Backed Securities (RMBS), numa operação de titularização de dívida. A maior parte dos títulos (385 milhões de euros) foram admitidos à negociação na bolsa de Lisboa esta quarta-feira com o nome Green Belém N.º 1.
Com esta operação, a joint venture participada em 50% pelo BNP Paribas e pelo Santander, reabriu o mercado de securitização de crédito hipotecário residencial em Portugal. Os créditos incluídos no fundo Green Belém N.º 1 foram concedidos entre 2009 e 2019 e dizem respeito a empréstimos hipotecários junto de quatro mil famílias (mais de metade em Lisboa) com um loan-to-value (LTV) atual de 60,6%.
“As securitizações são um instrumento importante que as empresas financeiras e os bancos podem usar para gerir as suas necessidades de liquidez. Isso será cada vez mais importante, na realidade que vivemos hoje. É uma oportunidade para os investidores terem outras opções investimento e diversificarem os seus portefólios”, disse Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon numa sessão online que teve lugar esta quarta-feira, sublinhando os critérios ambientais e de sustentabilidade aplicados ao setor imobiliário, em prol de uma “construção ou requalificação de edifícios com uma baixa pegada carbónica”.
Na prática, a UCI vendeu um portefólio de empréstimos à habitação a grandes investidores institucionais. O encaixe financeiro irá servir para a empresa financeira especializada em crédito à habitação conceder novos empréstimos direcionados para construção ou requalificação de edifícios por forma a torná-los mais sustentáveis. É, por isso, que esta operação é incluída no mercado de obrigações verdes.
Filipa Franco, head of listing da Euronext Lisbon sublinhou o “compromisso da UCI de usar o encaixe desta operação para financiar investimentos verdes no mercado ibérico. Esta é uma estratégia de financiamentos que as instituições financeiras devem seguir“, como emitir green bonds e procurar custos mais competitivos de financiamento com vista a um investimento green friendly. A operação é também importante para a Euronext, referiu, “para aumentar o perfil do mercado de capitais português e o ecossistema como um todo. Estamos muito satisfeitos por ver esta operação em Lisboa”, disse a responsável.
Para Filipa Franco, as operações com base em critérios ESG (Environmental, Social and Governance) “são decisivos para assegurar a transição da economia e da sociedade para um modelo mais sustentável. Esperamos que a curto prazos todos optem por estas operações, para que se aproveite a necessidade atual de mais financiamento como uma oportunidade para encorajar a transição para uma economia mais sustentável”.
Philippe Laporte, COO da UCI, assinalou que “ter alcançado um novo fundo de securitização num contexto tão desafiante como o atual e com a complexidade dos requisitos regulatórios, é um sucesso para a empresa”. Desde 2015, quando reabriu o mercado de RMBS em Espanha através do programa Prado, a UCI emitiu mais de 2.000 milhões de euros em títulos de securitização da máxima qualidade.
“Convido todos a participarem neste novo tipo de operações. É o mais certo a fazer. É uma revolução verde que está em curso na concessão de créditos à habitação. É um cenário win win para todos. Estamos a trabalhar em Espanha e queremos exportar este conceito para Portugal, para que todos possam comprar uma casa verde”, disse Philippe Laporte, na sessão online.
O mercado de green bonds tem vindo a crescer a nível global, tendo atingido o recorde de sempre no ano passado próximo de 255 mil milhões de euros em novas emissões. Em Portugal, também estes ativos têm ganho destaque. A Euronext sublinha “a importância crescente e o compromisso reforçado com as green bonds“, com 157 mil milhões de euros de green bonds emitidas por 135 instituições na bolsa europeia.
“A Euronext é líder na emissão de green bonds, com mais de 157 mil milhões de euros de 135 instituições. Em 2019 dedicámos um segmento a estas green bonds em todos os mercados europeus e queremos expandir a oferta”, reforçou Isabel Ucha.
A EDP estreou o mercado de green bonds em outubro de 2018 e já realizou cinco emissões, que negoceiam na bolsa de Dublin. Também uma subsidiária da Altri, a Sociedade Bioelétrica do Mondego, colocou de obrigações verdes no início de 2019. Em setembro, foi o Pestana a juntar-se ao grupo de emitentes destes ativos.
Tanto a Sociedade Bioelétrica do Mondego como o Pestana realizaram, no entanto, operações em mercado não regulamentado. Assim, a UCI é a primeira emissão admitida no mercado regulamentado em Portugal.
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