Aplicação da PwC usa Bluetooth e GPS para rastreio do coronavírus
A PwC está a trabalhar numa aplicação de rastreio de contactos com o novo coronavírus que recorre ao Bluetooth dos telemóveis. Usa o GPS para alertas e recomendação de pontos relevante nas redondezas.
À medida que prossegue o debate público sobre se Portugal deve ou não adotar uma app de rastreio de contactos com o coronavírus, vão surgindo mais alternativas que prometem empenhar tecnologia no combate ao Covid-19. Entre elas está o CoronaManager, um aplicativo para smartphone que avisa se o utilizador esteve perto de uma pessoa infetada.
A app é um projeto da consultora PwC e, entre outras coisas, permite receber alertas para evitar deslocações a zonas onde se observem focos de infeção, contactar diretamente as autoridades ou a linha Saúde 24 e registar a evolução do estado de saúde e sintomas. Mas é a rastreabilidade por Bluetooth que coloca esta ferramenta na categoria das aplicações de contact tracing e que têm conquistado fãs e adversários nas últimas semanas.
À semelhança de outras soluções do mesmo tipo, o CoronaManager recorre a códigos aleatórios gerados a cada 15 minutos pelo Bluetooth do smartphone, que são emitidos num raio de alguns metros. Enquanto isso, o aparelho vai registando em simultâneo os códigos que vai recebendo. Entretanto, se um utilizador for marcado como infetado, os telemóveis onde os seus códigos estejam registados são notificados por terem estado próximo de um doente com Covid-19.
“Não há centralização de dados num servidor central. Os dados são mantidos localmente no smartphone e isso garante uma maior proteção” dos dados pessoais dos utilizadores, garante Miguel Dias Fernandes, consulting partner da PwC e um dos responsáveis por este projeto. Além disso, quer o uso do Bluetooth como a introdução dos dados médicos do utilizador são meramente opcionais e “a participação na app é voluntária”, diz.
Há, contudo, uma particularidade pela qual Miguel Dias Fernandes garante que o CoronaManager “é muito mais abrangente” do que qualquer outra aplicação de contact tracing que esteja a ser desenvolvida para o Covid-19. Se o utilizador o permitir, o CoronaManager acede às coordenadas do utilizador por GPS para lhe indicar, no âmbito da pandemia, pontos relevantes nas redondezas, tais como hospitais, farmácias e centros de saúde. “É relevante ter dados georreferenciados”, considera o responsável, que aponta que o GPS é também usado para o envio dos alertas de ocorrências numa determinada zona.
É, porém, um tipo de funcionalidade que tem causado desconforto às autoridades de proteção de dados na União Europeia, e não só. Confrontado com a posição da Comissão Europeia, que considerou recentemente que “os dados de localização não são necessários nem recomendados para efeitos de aplicações de localização de contactos”, Miguel Dias Fernandes responde: “Gerir este desconfinamento e este novo normal com tecnologia é muito mais fácil. Não podemos ser fundamentalistas.”
A PwC pretende que o CoronaManager seja um aplicativo “privado” que tenciona vender a empresas, governos e municípios, por exemplo. “Estamos a tentar falar com os principais responsáveis governamentais e apresentar a nossa. [Sabemos que] o INESC TEC está a desenvolver outra e não vemos isto como haver uma única app“, diz Miguel Dias Fernandes.
A intenção é que haja interoperabilidade entre sistemas mas, até ao momento, ainda não terão ocorrido conversações ao nível nacional, garante. É, contudo, algo que defende ter de ocorrer. “Bastava haver um mini grupo de trabalho ou grupo de coordenação. Estamos a falar de três ou quatro apps“, aponta o responsável.
Os vários proponentes deste tipo de soluções para combater a pandemia estão também à espera que o Governo se pronuncie sobre se pretende ou não a adoção destas soluções. Para as mesmas funcionarem, é necessário que as autoridades de saúde desenvolvam uma forma de certificar que um determinado cidadão foi diagnosticado com o novo coronavírus. Esta certificação é necessária para impedir que qualquer pessoa possa dar-se como infetada mesmo sem o estar, o que poderia gerar falsos alertas de proximidade aos utilizadores.
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