Dívida de 10 milhões de euros atira Phone House para PER. Samsung e Huawei são credoras
A Phone House entrou em Processo Especial de Revitalização (PER) com o apoio da Samsung, sua principal credora. Mecanismo visa alcançar um plano de recuperação e evita falência da loja de smartphones.
A Phone House entrou em Processo Especial de Revitalização (PER), um mecanismo judicial que evita a falência da empresa de comércio de telemóveis e lhe dá a oportunidade de recuperar o negócio. O anúncio foi publicado pelo juízo de comércio de Sintra do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste.
O documento não especifica a quantia devida pela Phone House, mas uma fonte próxima do processo disse ao ECO que está em causa uma dívida de “cerca de 10 milhões de euros”. A Samsung surge como principal credora e, segundo a mesma fonte, detém pelo menos 10% dos créditos. Mas há mais empresas na lista de credores, nomeadamente a Huawei. “Os bancos têm pouco”, diz a mesma fonte.
Enquanto principal credora, é a Samsung que viabiliza o PER da Phone House, “salvando” a retalhista da insolvência. O ECO sabe que a marca sul-coreana está a acompanhar o processo e tem operado com uma postura de cooperação, mas não tenciona interferir em questões do foro interno da empresa.
Ainda assim, cabe também à Samsung o maior poder de influência na definição de um plano de recuperação da Phone House. Não se conhecem os planos da tecnológica para a Phone House, mas, como é habitual nestes processos, o resultado poderá ser um perdão de dívida, uma reestruturação profunda do negócio da empresa, a reestruturação da própria dívida ou mesmo a conversão de dívida em capital.
Foi já nomeado um administrador judicial provisório. É a figura que vai conduzir o processo e tem agora “direito de acesso à sede e às instalações empresariais da empresa”, assim como de “proceder a quaisquer inspeções e a exames” à contabilidade da Phone House, empresa adquirida em 2015 pela Digital Place.
Pandemia agravou dificuldades. “É o momento certo para fazer reestruturação”
A entrada da Phone House em PER acontece em plena pandemia do coronavírus que resultou em severas limitações à atividade económica e na quase paralisação do consumo no retalho físico. Uma fonte do mercado admite que o vírus terá contribuído para a degradação da situação financeira da marca.
O objetivo deste tipo de processos é o de definir um plano de recuperação da empresa com vista a garantir a viabilidade do negócio e a liquidação das dívidas. A empresa conta com cerca de 100 lojas multi-operador, entre as quais 30 lojas operam em regime de franchising. A Phone House é ainda o operador das lojas da Samsung e opera, pelo menos, a loja da Huawei no Colombo. Terá gerado um volume de negócios a rondar os 30 milhões de euros no ano passado, apurou o ECO.
Ao contrário do que acontece numa insolvência, num PER, a administração da Phone House mantém-se na gestão do dia-a-dia da empresa. Contactada, fonte oficial da Phone House confirmou as dificuldades financeiras na empresa e admitiu que o choque económico provocado pela pandemia veio acelerar a necessidade desta reestruturação. Mas não só.
Este contexto [da pandemia] veio precipitar a necessidade de uma reestruturação mais abrangente.
“Após uma reestruturação que resultou em dois períodos consecutivos com melhoria de performance, a situação financeira da empresa agravou-se no último ano, em virtude de vários fatores, dos quais se destacam um mercado bastante competitivo, num regime promocional com bastantes campanhas/publicidade, a maior presença de operadores com lojas próprias e que no curto prazo penalizou o negócio”, justificou a Phone House. “Estes fatores levaram a gestão da empresa a estudar um conjunto de medidas de reestruturação adicionais, algumas das quais já se encontravam em implementação quando foi decretado o estado de emergência em Portugal devido à pandemia Covid-19″, continuou a empresa.
Porém, segundo a mesma fonte oficial, “este contexto [da pandemia] veio precipitar a necessidade de uma reestruturação mais abrangente, seguida pela necessidade de encerramento de lojas desde 23 de março de 2020 por um período indeterminado, imposta por este panorama de confinamento que vivemos atualmente”.
“Face a este panorama que perspetiva um futuro incerto e com um impacto extremamente significativo na economia portuguesa, torna-se ainda mais relevante reinventar a empresa, e adaptar a sua estrutura às novas circunstâncias e a novos modelos de negócio, nomeadamente a nível de conceitos de produto e experiência, tornando-a mais ágil e focada nos seus parceiros de negócio. É o momento certo para fazer reestruturação e colocar a empresa num novo rumo, nomeadamente alavancando o digital e estreitando a ligação de confiança com o cliente final, numa realidade omnicanal, numa integração físico-digital mais estreita com o mercado”, concluiu representante da Phone House.
Questionada sobre se este PER pode implicar despedimentos no grupo, bem como se a empresa recorreu ao regime de lay-off simplificado, a Phone House não respondeu. Contactadas, a Samsung Portugal e a Huawei Portugal não quiseram comentar. Contactada, fonte do gabinete do administrador judicial a cargo do PER considerou ser “muito cedo” para fazer qualquer comentário sobre este processo.
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