Bruxelas tira “lições da crise” e avança com revisão da política comercial da UE

  • Lusa
  • 16 Junho 2020

A revisão da política comercial da UE inclui uma consulta pública para obter contribuições do Parlamento Europeu, dos Estados-membros, das partes interessadas e da sociedade civil.

A Comissão Europeia iniciou esta terça-feira um processo de revisão da política comercial da União Europeia (UE), visando tirar “lições” da crise gerada pela pandemia de covid-19 e construir “uma economia resiliente e sustentável” face a países terceiros.

“A Comissão Europeia lançou uma importante revisão da política comercial da UE, incluindo uma consulta pública para obter contribuições do Parlamento Europeu, dos Estados-membros, das partes interessadas e da sociedade civil”, tendo como objetivo “construir um consenso em torno de uma nova direção a médio prazo […], para responder a uma variedade de novos desafios globais e tendo em conta as lições aprendidas com a crise do novo coronavírus”, informa o executivo comunitário em comunicado hoje divulgado.

Segundo Bruxelas, “uma UE forte necessita de uma política comercial e de investimento forte para apoiar a recuperação económica, criar empregos de qualidade e para proteger as empresas europeias de práticas desleais a nível interno e externo”.

Por isso, decorre entre esta terça-feira e meados de setembro uma consulta pública para iniciar esta revisão da política comercial europeia, para ser implementada até final ano, visando, entre outras coisas, “construir uma economia resiliente e sustentável na UE após a pandemia”.

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta de “Uma Economia ao serviço das Pessoas”, Valdis Dombrovskis, observa que o objetivo desta revisão é “ajustar a abordagem da UE ao comércio global neste momento crítico para a economia mundial”. Por seu lado, o comissário europeu do Comércio, Phil Hogan, assinala que a pandemia está a “remodelar o mundo”, pelo que a política comercial comunitária “tem de se adaptar para ser mais eficaz na prossecução dos interesses europeu”.

“Queremos que a nossa política continue a beneficiar os nossos cidadãos e as nossas empresas, reforçando as nossas ambições de liderança global numa série de áreas e, ao mesmo tempo, adotando uma abordagem mais dura para nos defendermos de quaisquer ações hostis ou abusivas”, sublinha Phil Hogan, numa alusão a disputas comerciais que a UE tem tido com os Estados Unidos e a práticas entendidas como abusivas adotadas pela China, os dois maiores parceiros económicos da região.

Phil Hogan tem vindo a ser apontado como possível candidato da UE à liderança da Organização Mundial do Comércio (OMC) após a saída de Roberto Azevêdo do cargo no final de agosto. Na semana passada, o gabinete do responsável confirmou à agência Lusa que Phil Hogan está “a explorar” esta possível candidatura. E foi por essa razão que o comissário europeu não deu hoje uma conferência de imprensa em Bruxelas sobre o arranque da revisão da política comercial da UE, informou a instituição.

Roberto Azevêdo, de 62 anos, deixa a liderança da OMC num momento crítico da organização por causa do bloqueio do seu principal mecanismo de resolução de conflitos, paralisado desde dezembro devido à recusa dos Estados Unidos em designar novos juízes, ao qual se junta a difícil situação do comércio mundial devido à pandemia de covid-19.

Também na semana passada, Phil Hogan informou que as exportações da UE vão cair entre 9% e 15% este ano, o que representa quebras entre 282 e 470 mil milhões de euros devido à crise gerada pela covid-19.

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