Haegeli (Swiss Re): “Seguradoras mostram resiliência” face ao choque da pandemia
A reanimação no setor de seguros acontecerá já em 2021, com aumento global em redor de 3% no volume de prémios de seguro, agregando Vida e não Vida, prevê análise do Swiss Re Institute.
A magnitude da retração em curso será semelhante à verificada durante a crise financeira global de 2008-09, ainda que a contração económica deste ano seja muito mais grave, avalia a resseguradora num relatório Sigma. A quebra prevista no negócio Vida refletirá, sobretudo, o enfraquecimento nos produtos poupança, enquanto o setor não Vida se mostrará mais robusto, com evolução “quase plana”, detalha a instituição.
Quando já falta menos de metade para o termo de 2020, a resseguradora estima que o mercado sofrerá uma queda anual de -6%, superior à que avançou o grupo Allianz (-3,8%) poucos dias antes, em previsões globais e regionais para a próxima década.
Na perspetiva do Swiss Re Institute (que produz as análises e estudos das séries Sigma e Sonar), a recuperação do setor acontecerá já em 2021, mais cedo do que vaticina o grupo germânico, com a instituição helvética a estimar reposição dos níveis pré-crise já no próximo ano (a Allianz SE aponta para 2022) e a salientar que a retoma nos seguros, em contraste com o esperado para o conjunto da economia, se projetará numa curva em forma de V e será “forte”.
Neste contexto, e considerando que o mundo vive o auge de uma das maiores crises de sempre, a indústria seguradora demonstra comportamento “notável”, afirma o mais recente relatório Sigma.
Citado no comunicado que sintetiza o relatório, Jerome Jean Haegeli, economista chefe da Swiss Re que em junho concedeu entrevista a ECO Seguros, afirma que, face ao declínio económico provocado pela Covid-19, a indústria seguradora “está a mostrar resiliência”.
O World insurance: riding out the 2020 pandemic storm (Sigma 4/2020) antecipa que a recuperação no setor terá lugar já em 2021 com acréscimo em torno de 3%, tanto nos seguros Vida como no ramo não Vida.
De acordo com o documento, “o volume total de prémios (Vida e não Vida combinados) regressão ao nível pré-crise ao longo do próximo ano. Os mercados emergentes, em particular a China, irão liderar a retoma”.
Avaliando a evolução de mercado numa base geográfica, em particular o compartimento EMEA (mercados mais maduros da Europa, Médio oriente e África), o estudo apresenta no quadro seguinte, a quantificação de volumes, quotas face ao mercado global, taxas de penetração, evolução e previsões (2020 e 2021) para o prémios nos ramos vida e não Vida.
A nível regional, em particular nos considerados mercados mais avançados da região EMEA , a Swiss Re admite que é cedo para aferir o impacto da pandemia no conjunto de 2020 mas, passando em revista o mercado Vida em 2019, testemunha “crescimento sólido” na maioria dos países. No entanto, sinaliza o forte declínio verificado em países como Portugal, Espanha, Áustria e a desaceleração no Reino Unido.
No negócio não Vida, recorda o estudo, em 2019 verificou-se acréscimo significativo em França e nos países nórdicos, com evolução mais fraca nos mercados alemão e holandês, além do declínio em volume de prémios no mercado britânico. Em geral, a progressão nos mercados avançados da região EMEA foi suportado por “melhoria moderada dos preços, tanto nas linhas comerciais como no ramo automóvel e nos seguros habitação”.
Quanto a 2020 e 2021, o Swiss Re Institute refere um cenário sombrio devido à profunda recessão induzida pela pandemia e a espera um recuo em torno de 2% no volume de prémios. Esta avaliação (para o espaço advanced EMEA) resulta sobretudo da travagem brusca da atividade económica por força dos decretos de confinamento, uma situação que deprimiu a contratação de novos seguros e o volume de prémios em linhas comerciais, lê-se no documento.
Por outro lado, a resseguradora estima que o número de reclamações de seguro relacionadas com a Covid-19 será limitado às linhas de negócio mais afetadas, como crédito e caução, cancelamentos de eventos e seguros de viagem, bem como a perdas de exploração por interrupção de negócio (BI na sigla anglo-saxónica) nos casos em que as apólices cobrem pandemias.
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