Macron admite erros e anuncia mais 100 mil milhões de euros para a economia
As empresas vão ser incentivadas a assinar contratos com os jovens que saem do ensino profissional em vez de estágios e serão criados 100.000 novos postos no serviço cívico.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu esta terça-feira compreender a sua impopularidade junto dos franceses e defendeu uma mudança de caminho com o novo Governo anunciando mais 100 mil milhões de euros para a economia francesa.
“Deixei transparecer, sem dúvida, uma coisa que acho que não sou e as pessoas começaram a detestar um Presidente que queria reformar tudo para que apenas os melhores tivessem sucesso no nosso país e esse nunca foi o meu projeto”, justificou o Presidente da República, em entrevista aos meios de comunicação franceses.
A entrevista, dada na festa nacional do 14 de julho, serviu para o Presidente fazer um ponto da situação da covid-19 no país, mas também para explicar as suas prioridades políticas e económicas para os próximos dois anos do mandato.
Sobre a recente remodelação governamental, Macron defendeu a atuação do seu antigo primeiro-ministro, Édouard Philippe, mas também a escolha de um novo chefe de Governo, Jean Castex, para uma nova fase do mandato. “Não vamos mudar o destino final [do mandato] que é uma França forte e independente. Mas vamos querer associar mais e passar mais pelo diálogo social e pelo poder local”, defendeu o Presidente.
Macron foi também confrontado com a escolha polémica de Gérard Darmanin para ministro da Administração Interna, quando este enfrenta um processo por violação, depois de uma primeira absolvição.
“Respeito sempre a emoção e cólera das causas justas como é a causa feminista. […] Mas nenhuma causa é defendida de forma justa se pusermos os princípios fundamentais da nossa democracia em causa. Eu sou o garante da presunção de inocência”, indicou. Quanto à sua reeleição em 2022, Emmanuel Macron disse que era “prematuro” falar num próximo mandato.
Sem calendário preciso, o Presidente da República fez vários anúncios sobre a recuperação económica em França, admitindo que na primavera de 2021 pode haver entre 800 a 1 milhão de novos desempregados. “Vamos pôr neste plano de relance da economia, para além do que já pusemos [cerca de 460 mil milhões de euros], pelo menos 100 mil milhões para a indústria, o ambiente, as regiões, a cultura e a educação”, revelou.
A “prioridade” da crise económica causada pela covid-19 são, segundo o líder francês, os jovens. Assim, Macron anunciou que as empresas vão ser incentivadas a assinar contratos com os jovens que saem do ensino profissional em vez de estágios, a criação de 100.000 novos postos no serviço cívico e ainda a exoneração de encargos sociais para os jovens com salários até 1,6 vezes o salário mínimo.
O Presidente assegurou ainda que os impostos não vão ser aumentados, que um novo dispositivo vai ser criado para acompanhar a atividade parcial de longa duração de forma a permitir aos franceses manterem os seus postos de trabalho e ainda a “moderação da distribuição de dividendos” nas empresas ajudadas pelo Estado.
A reforma das pensões, que levou à greve mais longa em França no início deste ano, não é para ser abandonada, mas deverá ser revista com maior participação da concertação social. “Eu acho que a reforma das pensões é justa. Talvez precise de mais tempo e de ser mais bem concertada”, admitiu.
As medidas anunciadas pelo Presidente vão agora ser detalhadas pelo primeiro-ministro e pelos vários ministros nas próximas semanas.
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