Lay-off e pandemia levam à maior queda desde 2011 no número de horas de trabalho
A redução do volume de horas trabalhadas está "sobretudo associada ao aumento da população empregada ausente do trabalho, que ascendeu a 1.078,2 mil pessoas", diz o INE.
As horas trabalhadas em Portugal no segundo trimestre deste ano registaram a maior queda desde 2011. Caíram 26,1%, face ao mesmo período do ano passado, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. A redução do volume de horas trabalhadas está “sobretudo associada ao aumento da população empregada ausente do trabalho, que ascendeu a 1.078,2 mil pessoas”, explica o INE.
Esta ausência, de cerca de 23% de todos os trabalhadores, deveu-se quase “exclusivamente à redução ou falta de trabalho por motivos técnicos ou económicos da empresa”, que inclui, nomeadamente, aqueles que estão abrangidos pela suspensão temporária do contrato e pelo lay-off, aponta o INE.
Apesar da crise provocada pela pandemia, com várias empresas a passar por dificuldades, medidas como o lay-off têm contribuído para que o impacto não se reflita nos dados do desemprego. Ainda assim, com o fim deste apoio, os números do desemprego deverão aumentar, tendo o ministro da Economia já alertado que é necessário “estar preparados para tudo”.
Entre abril e junho, a população empregada diminuiu 2,8% (134,7 mil) em relação ao trimestre anterior, sendo que a maioria passou a ser considerada inativa, ou seja, pessoas que não estavam empregadas nem desempregadas, condicionadas pela situação atual. Poucas passaram assim para uma situação de desemprego.
Desta forma, no segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego foi de 5,6%, valor inferior em 1,1 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 0,7 p.p. ao do trimestre homólogo de 2019. “As saídas do desemprego para o emprego (64,3 mil) foram muito inferiores às que tiveram como destino a inatividade (145,5 mil) “, sinaliza o INE.
Já a população inativa com 15 e mais anos, cerca de 3.886,7 mil pessoas, aumentou 5,7% relativamente ao trimestre anterior e 7,5% em relação ao trimestre homólogo, as variações mais elevadas desde o início da série, em 2011. Um aumento explicado pela população que, embora disponível, não procurou trabalho, que é estimada em 312,1 mil pessoas, mais 87,6% em relação ao trimestre anterior e 85,6% relativamente ao período homólogo.
O INE esclarece que aspetos como restrições à mobilidade, a redução ou mesmo interrupção dos canais normais de informação sobre ofertas de trabalho em consequência do encerramento parcial ou mesmo total de uma proporção muito significativa de empresas se tornam razões para não fazer uma procura ativa de emprego, que é condição essencial para a classificação enquanto desempregadas. Assim, são contabilizadas como inativas.
Para além disso, aqueles que não têm “disponibilidade para começar a trabalhar na semana de referência ou nos 15 dias seguintes, caso tivessem encontrado um emprego, por terem de cuidar de filhos ou dependentes ou por terem adoecido em consequência da pandemia”, também são incluídos na população inativa.
(Notícia atualizada às 12h30)
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