Apostadores “gastam” um salário mínimo por mês no jogo online em ano de pandemia
Os apostadores gastaram o equivalente a mais de um salário mínimo por mês no jogo online no primeiro semestre, período que ficou marcado pelo encerramento dos casinos por causa da pandemia.
Cada apostador de jogo online “gastou”, em média, 4.048,9 euros no primeiro semestre deste ano em que os casinos estiveram fechados por causa da pandemia. Isto significa que apostou mais do que um salário mínimo (635 euros) por mês entre janeiro e junho deste ano, mais concretamente 674,8 euros, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), a entidade reguladora do setor, num relatório sobre o impacto do vírus no jogo online.
Ao todo, o volume de apostas no jogo online (apostas desportivas e jogos de azar) situou-se nos 2.532,6 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, o que representa uma subida de 62,5% face ao primeiro semestre de 2019 (1.558,2 milhões de euros). Foram quase mais mil milhões de euros em apostas num período marcado pelo fecho de casinos em virtude do estado de emergência que vigorou em março e abril. As apostas desportivas diminuíram 1,5% com a suspensão das competições, mas as apostas em jogos de azar ou fortuna dispararam 70%.
Nesse mesmo período, observou-se a prática de jogo — ou seja, a realização de, pelo menos, uma aposta em jogos de fortuna ou azar ou em apostas desportivas — “em cerca de 625,5 mil dos registos de jogadores”, segundo o SRIJ. O número de apostadores “ativos” aumentou 29,4% face ao primeiro semestre de 2019, período em que se registou a prática de jogo em 441,2 mil dos registos de jogadores.
Estes números divulgados pela entidade reguladora do jogo online permitem concluir que os jogadores “ativos” nas apostas online “gastaram”, em média, 4.048 euros no primeiro semestre deste ano, o que corresponde a 674,8 euros, mais do que os 635 euros mensais do salário mínimo (bruto). Este valor é superior em 15% aos 3.531 euros que, em média, um apostador gastou no primeiro semestre de 2019, o que correspondia a 588,6 euros por mês.
De notar ainda que no primeiro semestre de 2020 inscreveram-se 287,8 mil novos jogadores (227,4 mil novos jogadores no primeiro semestre de 2019) nestas plataformas de jogo online, sendo que cerca de 24% desses novos registos realizaram-se em março e abril. O peso dos novos jogadores no universo de apostadores “ativos” aumentou significativamente (passou de 8% para 14,6%) em março e abril, voltando depois aos valores normais. Além disso, em maio, o número de novas inscrições diminuiu para níveis inferiores aos do período anterior à pandemia.
Apostas desportivas baixam. Jogos de azar destacam-se durante a pandemia
As apostas desportivas perderam peso durante o primeiro semestre por causa da suspensão de várias competições. Esta componente do jogo online — que representa uma pequena parte do volume de apostas (239,9 milhões de euros) — afundou em março e abril, recuperando gradualmente em maio. Em junho, já estava restabelecida à boleia do recomeço das ligas de futebol na Europa.
“No futebol, o reinício em 16 de maio da Bundesliga alemã fez aumentar o volume de apostas desportivas à cota, tendo sido esta a competição mais apostada”, revela o relatório. Em junho, a Primeira Liga e a La Liga (Espanha) voltaram ao lugar de topo, acompanhadas da Bundesliga e da liga italiana.
Mas a maior fatia do jogo online vai, na realidade, para os jogos de azar ou fortuna, cujo volume de apostas aumentou 70% durante o primeiro semestre para os 2,3 mil milhões de euros. “Esta evolução poderá ser explicada, parcialmente, não só pelo encerramento, a 14 de março, por força da Covid-19, de todos os casinos, (onde são explorados os jogos de fortuna ou azar de base territorial), tendo estes retomado a sua atividade a 1 de junho, mas eventualmente devida também à redução de oferta verificada nas apostas desportivas online nesse período“, explicou o SRIJ.
O aumento do volume de apostas verificou-se em todos os tipos de jogos, com as apostas nas máquinas de jogo online a captarem a preferência da maioria dos apostadores (mais de 60%). Porém, houve um “aumento significativo” nas apostas em póquer online, cujo peso passou de 9% em janeiro e fevereiro para 14% nos meses do estado de emergência e novamente para os 9% em junho, com a reabertura dos casinos.
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