Armazenamento de água desce em todas as bacias hidrográficas em setembro
Das 57 albufeiras monitorizadas, 19 apresentaram disponibilidades hídricas inferiores a 40% e quatro superiores a 80%.
A quantidade de água armazenada desceu em setembro em todas as bacias hidrográficas, segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).
De acordo com os dados disponíveis no último dia do mês de setembro, e comparativamente ao último dia do mês anterior, verificou-se uma descida do volume armazenado de água em todas as bacias monitorizadas pela Associação Portuguesa Ambiente (APA).
Das 57 albufeiras monitorizadas, 19 apresentaram disponibilidades hídricas inferiores a 40% e quatro superiores a 80%.
A bacia Ribeiras do Barlavento era a que apresentava no final de setembro a menor disponibilidade de água, com 14,6%. Esta bacia encontra-se a vermelho, ou seja, com valores muito abaixo da média.
As bacias do Sado (35,8%), Mira (40,6%), Oeste (42,8%), Ave e Arade (48,3%) e Guadiana (56,4%) também apresentavam no final de setembro menor disponibilidade de água.
Segundo dados do SNIRH, as bacias do Lima (60,5%), Mondego (61,8%), Cávado (72,9%), Tejo (73,5%) e Douro (75,4%) tinham os níveis mais altos de armazenamento no final de setembro.
Os armazenamentos de setembro de 2020 por bacia hidrográfica apresentaram-se inferiores às médias de setembro (1990/91 a 2018/19), exceto para as bacias do Lima, Cávado/Ribeiras Costeiras, Douro, Tejo e Arade.
A cada bacia hidrográfica pode corresponder mais do que uma albufeira.
Algarve com reservas de água que chegam para abastecimento público
As reservas de água no Algarve são suficientes para assegurar o abastecimento público e apesar de os níveis das barragens estarem baixos não estão previstas restrições ao consumo, disse à Lusa fonte da Águas do Algarve.
A ausência de chuva tem contribuído para acentuar a seca, sobretudo no sotavento (leste) algarvio, no entanto, as reservas de água existentes permitem dar a “garantia” de que não haverá condicionantes ao abastecimento, referiu a porta-voz da empresa que gere o sistema multimunicipal de abastecimento público de água no Algarve.
“Os dados que temos relativamente às necessidade hídricas de abastecimento à população algarvia, que se situa na ordem dos 72 milhões de metros cúbicos, e aquilo que são as reservas atuais, mais as captações subterrâneas, permite-nos dar a garantia de que não há, para já, nenhuma previsão de qualquer tipo de constrangimento ao abastecimento, quer em quantidade, quer em qualidade”, assegurou Teresa Fernandes.
Aquela responsável reconheceu, contudo, que “as reservas de água disponíveis este ano na região algarvia estão abaixo daquilo que seria desejável para esta altura do ano”, o que se explica pela “fraca ou quase nula pluviosidade que se deu em 2020 e no ano hidrológico de 2019”.
A mesma fonte esclareceu que há “duas situações diferenciadas no Algarve”, uma no barlavento (oeste) algarvio, servido pela barragem de Odelouca, onde “as disponibilidades hídricas são superiores” e se situam “na ordem dos 40%”, e outra no sotavento, que conta com as barragens de Odeleite e Beliche, onde os níveis se situam “entre os 16 e os 20%”.
“Acresce a isto as captações subterrâneas, que também existem e servem de fonte de abastecimento de água, onde vamos também buscar reservas, mas, de facto, o barlavento algarvio está numa situação mais tranquila do que o sotavento”, afirmou.
Teresa Fernandes alertou, no entanto, para a capacidade que o serviço de abastecimento público gerido pela Águas do Algarve tem de, com “uma estação elevatória reversível situada em Loulé”, poder “transportar água do sotavento para o barlavento e vice-versa”, caso seja necessário.
“Há aqui uma maior eficácia na gestão dos recursos hídricos para o abastecimento público, pelo que esta disponibilidade técnica – evidentemente que o ideal seria que os níveis fossem superiores em qualquer das zonas –, dá uma maior resiliência ao sistema multimunicipal” que faz o abastecimento de água ao Algarve, considerou.
Isso não quer dizer “que não seja importante fazer uma gestão assertiva e rigorosa da gestão da água em todos os fins”, sublinhou, referindo-se não apenas à gestão da água nas casas de cada um, mas também à necessidade de haver “um cuidado muito grande naquilo que são a eliminação das perdas e de se fazer um uso eficiente da água em todos os fins, agrícolas, consumo humano e turísticos ou rega de espaços verdes”, alertou.
Aquela responsável destacou a “cada vez maior utilização” de águas provenientes de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) “para outros usos que não o consumo humano”, nomeadamente, para a rega de campos de golfe, como uma forma de preservar as reservas existentes.
Teresa Fernandes apelou, por isso, a que estas águas tratadas sirvam também para outros usos fora do consumo humano, como a lavagem de ruas ou a rega de jardins.
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