Saída de David Neeleman já é oficial. Estado tem agora 72,5% da TAP
O empresário renunciou aos cargos que desempenhava no Conselho de Administração na companhia aérea. O Estado passa agora a ter uma participação de 72,5% na TAP.
A saída de David Neeleman da TAP já é oficial. O empresário renunciou aos cargos que tinha no Conselho de Administração da companhia aérea, na sequência do empréstimo que o Estado vai fazer à companhia aérea, revela um comunicado enviado esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O Estado assume, assim, o controlo de 72,5% da TAP.
“David Gary Neeleman apresentou a sua renúncia ao cargo de Vogal do Conselho de Administração da TAP, a qual produz efeitos na presente data”, lê-se no comunicado, que refere ainda que Neeleman “apresentou igualmente a sua renúncia aos demais cargos por si assumidos na estrutura diretiva das restantes entidades que compõem o Grupo TAP”.
O mesmo documento confirma, assim, o reforço da participação que o Estado passa a ter no capital da companhia de bandeira nacional. “Foi concedido pelo Estado Português um empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP, no montante de até 946 milhões de euros, ao qual poderá acrescer um montante adicional de 254 milhões de euros, sem que, contudo, o Estado Português se encontre vinculado à sua disponibilização”.
Além disso, “foi celebrado um conjunto de instrumentos contratuais conexos com o Contrato de Financiamento, entre o Estado Português, os acionistas privados (diretos e indiretos) da TAP e o Grupo TAP, tendo em vista a concretização das operações oportunamente comunicadas ao mercado e ao público em geral no dia 17 de julho de 2020″.
De acordo com a TAP, estes acordos concretizaram-se com a “aquisição, por parte do Estado Português, através da DGTF, de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da atual acionista da TAP, Atlantic Gateway, por forma a que o Estado Português passe a deter controlo efetivo sobre 72,5% do capital social da TAP SGPS, sobre igual percentagem de direitos económicos na TAP SGPS e sobre determinadas prestações acessórias realizadas pela Atlantic Gateway”.
Adicionalmente, decorreu a “amortização da quota detida pela HPGB na Atlantic Gateway contra o recebimento de ações representativas de 22,5% do capital social e direitos de voto da TAP SPGS e de determinadas prestações acessórias realizadas pela Atlantic Gateway, deixando a Atlantic Gateway de ser acionista da TAP SGPS e passando a HPGB a deter uma participação direta na TAP SGPS”, lê-se.
No ano passado, a TAP apresentava uma difícil situação financeira, o que levou a companhia aérea a solicitar um empréstimo estatal. A pandemia veio agravar ainda mais as contas da empresa, que no primeiro semestre apresentou prejuízos de 582 milhões de euros. O Estado acordou com os acionistas privados da companhia aérea um reforço do capital, passando a deter 72,5% em troca de 55 milhões de euros.
“Estou, de novo, a fazer o que é melhor” para a TAP, diz Neeleman
O empresário David Neeleman, que deixou hoje de ser acionista da TAP com a concretização do acordo com o Estado português, disse que, com a sua saída, estava “de novo a fazer o que é melhor para a TAP”. Numa mensagem enviada aos trabalhadores da companhia aérea, a que a Lusa teve acesso, Neeleman despediu-se da TAP com a confiança de que foram alcançados “todos os objetivos estratégicos acordados com o Governo”, depois da privatização de uma parte da empresa.
“Sempre quis o melhor para a TAP. Foi assim em 2015, quando me candidatei à privatização e acreditei quando mais ninguém acreditava, e é assim hoje quando concretizo o acordo com o Estado português para deixar de ser acionista da TAP”, escreveu David Neeleman. “Infelizmente, a pandemia, o seu impacto na indústria da aviação mundial e as decisões tomadas no contexto concreto da TAP, não me permitiram continuar. A TAP precisa muito de estabilidade acionista e por isso acordei sair”, explicou, garantindo que está “de novo, a fazer o que é melhor para a TAP”.
O empresário assegura aos trabalhadores, na mesma missiva, que a transportadora “é hoje uma empresa muito diferente do que era, fruto do trabalho de todos vós. Nos últimos quatro anos, a TAP transformou-se numa TAP mais robusta, com uma frota renovada, mais eficiente e ecológica, com mercados diversificados, mais internacional, mais sustentável e atrativa”.
O empresário acredita ainda que foram alcançados “todos os objetivos estratégicos acordados com o Governo”, dizendo-se “convicto de que os trabalhadores da TAP, que são o seu maior ativo, unidos no contexto da nova estrutura societária, saberão encontrar uma rota para a viabilidade e sucesso” da empresa.
“Quero agradecer ao Humberto [Pedrosa] por ter sido meu parceiro e desejo a ele e a todos os trabalhadores da TAP, muito foco e resiliência para voltarem a reerguer a TAP, o que acredito ser possível. Continuo a querer e a desejar, sempre, o melhor para a TAP”, garantiu Neeleman.
O empresário expressou também “gratidão a todos os trabalhadores da TAP”, pela forma como foi acolhido, “pela sua qualidade técnica, capacidade de execução e paixão”, segundo a mensagem. “Tenho muito orgulho em ter feito parte desta equipa e deste projeto, em Portugal. Um país fantástico, que continuarei sempre a promover, do qual gosto muito, onde fiz muitos amigos e onde sempre voltarei”, rematou o empresário.
(Notícia atualizada às 19h14 com mensagem de Neeleman aos trabalhadores da TAP)
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