Portugal no top 20 do ranking mundial de sustentabilidade energética
O ranking World Energy Trilemma Index 2020 diz que a pontuação obtida por Portugal reflete o compromisso do país em atingir 100% de energia renovável e a neutralidade climática em 2050.
Portugal deu um salto de 10 posições no ranking World Energy Trilemma Index 2020 e este ano integra o top 20 dos países com melhor sustentabilidade energética. No relatório anual elaborado pelo Conselho Mundial de Energia e pela consultora norte-americana Oliver Wyman e o Global Risk Center, da sua filial Marsh & McLennan, Portugal ocupa agora o 19º lugar, tendo conseguido alcançar a sua classificação máxima na categoria de Equidade energética.
O top 10 deste ranking continua a ser ocupado por países da OCDE — Suíça, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Áustria, França, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Noruega, Estados Unidos e Nova Zelândia — “mais focados em impulsionar a sustentabilidade e acessibilidade do setor energético”, e apenas oito países conseguiram alcançar uma classificação AAA (menos dois do que em 2019), entre eles a Suíça, Dinamarca, Áustria, França e Reino Unido.
O relatório do Conselho Mundial de Energia classifica 130 países de acordo com os últimos progressos na elaboração de políticas e no desempenho real com o objetivo de alcançar a sustentabilidade energética, através de três dimensões: Segurança energética, Equidade energética e Sustentabilidade ambiental.
A edição de 2020 mostra que o desempenho dos países no que diz respeito à sustentabilidade energética continua a melhorar há pelo menos cinco ano, desde 2015. Camboja, Myanmar e Quénia foram os três países que mais melhoraram.
Portugal destacou-se por receber pontuação máxima numa das três categorias avaliadas (Equidade energética) e no Índice Trilemma obteve uma pontuação de 76,8 em 100, avançando dez posições em relação ao ano passado, situando-se na décima nona posição. Olhando apenas para os países europeus, Portugal fica abaixo de 17 destes países, entre os quais se encontram a Suíça, Suécia e Dinamarca, que mantêm a sua posição no pódio pelo progresso em sustentabilidade e em segurança em simultâneo.
Nestas nações europeias, os investimentos feitos ao longo do tempo em energia eólica e solar deram lugar a uma redução em paralelo de emissões e a uma diversificação dos seus sistemas energéticos. Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia quebram o domínio europeu do ranking e ultrapassam Portugal nesta classificação anual.
Segundo Alejandro Gaffner, Sócio de Energia e Transportes da Oliver Wyman, “o World Energy Trilemma Index 2020 demonstra que os países que progrediram mais significativamente estão a passar por uma rápida transição energética. Embora seja provável que o impacto da pandemia não seja visível até ao próximo ano, uma coisa é certa: os países com melhor desempenho atingem os seus objetivos energéticos ao equilibrar a política, a ação corporativa, a utilização de recursos nacionais e as alterações de comportamento individual com as preocupações ambientais. Estas tendências, quer em conjunto como a nível nacional e regional, podem marcar as decisões dos responsáveis políticos e empresariais, na hora de moldar o futuro da energia”.
Por seu lado, Angela Wilkinson, secretária-geral do Conselho Mundial de Energia, acrescenta que “estamos perante um ano turbulento para as sociedades e para as economias. Ferramentas como o World Energy Trilemma Index são mais importantes do que nunca, já que os países, as empresas e os consumidores começam a recuperar. O índice permite às nações aprenderem umas com as outras, sobre o que funciona e o que não funciona entre a sociedade, o planeta e a prosperidade, e a gestão dos desafios relacionados com a segurança energética, a acessibilidade e a equidade da energia e a sustentabilidade ambiental”.
Como se sai Portugal no ranking da sustentabilidade energética?
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Segurança Energética
Esta dimensão reflete a capacidade de uma nação de satisfazer a procura de energia atual e futura. Os dez primeiros lugares são ocupados por países com reservas importantes de hidrocarbonetos e combustíveis fósseis, juntamente com países centrados na diversificação e descarbonização dos seus sistemas energéticos, principalmente através de investimentos em energia solar e eólica, com o Canadá, Finlândia e Roménia a encabeçar a lista.
Aqui, Portugal obteve uma pontuação de 63,7, inferior à obtida em Equidade (92,2) e em Sustentabilidade (78,1), ficando relegado à 33ª posição, nove posições abaixo da Suíça, que se situa na primeira posição no Índice Trilemma.
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Equidade Energética
Refere-se à capacidade de garantir o acesso a uma energia economicamente acessível e segura, um fator-chave da prosperidade económica. Trata-se da dimensão que sofreu mais melhorias em relação ao ano 2000. Os primeiros dez lugares, liderados pelo Luxemburgo, Qatar e Koweit, caracterizam-se por serem nações pequenas com um PIB elevado, excelentes interligações com as redes energéticas dos países vizinhos e preços de energia baixos graças a subvenções e/ou o acesso a importantes recursos energéticos facilmente extraíveis.
Os países que mais melhoraram desde o ano 2000, como o Quénia e o Bangladesh, partilham uma aposta política comum em aumentar o acesso a uma energia economicamente mais acessível. Destaca-se o Irão como novo participante no top 10 na dimensão Equidade Energética, graças ao seu investimento em subsídios energéticos centrados na manutenção dos preços baixos da eletricidade.
No campo da Equidade, Portugal conseguiu a pontuação 92,2, posicionando o país no lugar 34, muito próximo de países com pontuações máximas no Índice Trilemma como a Suécia (2) ou Finlândia (4), graças à plena garantia de acesso à energia.
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Sustentabilidade Ambiental
Esta terceira dimensão representa a transição para um sistema energético descarbonizado. Os países com maior rendimento em matéria de sustentabilidade ambiental em 2020 foram a Suíça, a Suécia e a Noruega, e caracterizam-se por disporem de um sistema energético diversificado, suportado por decisões políticas com vista à redução de emissões, juntamente com a implementação de medidas de eficiência energética.
A nível global, os sistemas energéticos estão a tornar-se mais sustentáveis à medida que a transição energética continua a avançar, o que estimula o aumento da participação de fontes de energia baixas em carbono na geração elétrica e uma maior produtividade energética. No entanto, a melhoria na sustentabilidade ambiental não é ainda um fenómeno mundial, revela o documento: 57 países registaram descidas nas suas pontuações de sustentabilidade desde 2000.
Revela o ranking que Portugal detém uma das pontuações mais altas em Sustentabilidade (78,1), o que o coloca no 22º lugar da classificação, e partilha os primeiros lugares do ranking com os países nórdicos (Suécia, Dinamarca ou Noruega) que ambicionam assumir a liderança global climática.
“A pontuação obtida por Portugal reflete o compromisso do país depois de ter apresentado o ano passado o Plano Estratégico de Energia e Clima em 2019, cujo objetivo é atingir 100% de energia renovável e a neutralidade climática em 2050. Na sequência da crise do Covid-19, o referido compromisso manteve-se e a aceleração da transição energética converteu-se numa oportunidade para a recuperação económica”, refere o índice do Conselho Mundial de Energia e da consultora Oliver Wyman, que em 2020 estreou uma nova ferramenta interativa online que apresenta os perfis energéticos dos países e a evolução desde o ano 2000.
Criado em 1923, o Conselho Mundial de Energia é o organismo mundial acreditado pela Organização das Nações Unidas, com mais de 3.000 organizações como membros, em mais de 90 países, provenientes de governos, corporações estatais e privadas, instituições académicas, ONG e agentes do setor energético. Para este Conselho, a definição de sustentabilidade energética baseia-se em três dimensões: segurança energética, equidade energética e sustentabilidade do meio ambiente.
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