Redes sociais reagem com indignação e ironia à polémica do horário do Pingo Doce
O anúncio de que o Pingo Doce queria antecipar o horário de abertura para as 6h30 motivou dezenas de reações nas redes sociais. Há quem se tenha revoltado, mas também quem não visse mal nenhum.
A notícia de que o Pingo Doce decidiu antecipar o horário de abertura para as 6h30 da manhã nos próximos dois fins de semana, devido às restrições de circulação impostas pelo Governo por causa da Covid-19, motivou dezenas de reações nas redes sociais, entre a indignação de alguns portugueses e a ironia de outros.
“O Pingo Doce vai abrir a maioria das suas lojas às 6h30 e encerrar às 22h00, procurando assim contribuir para evitar a concentração de pessoas nas lojas no período da manhã”, explicou na quarta-feira a Jerónimo Martins, referindo-se aos próximos dois fins de semana.
A medida da empresa caiu mal junto de sindicatos, de partidos políticos como o Bloco de Esquerda, e de várias autarquias, que avançaram unilateralmente com travões às intenções da empresa. Uma delas foi a Câmara Municipal de Lisboa, que implementou um travão à abertura de lojas às 6h30.
Face à pressão do poder autárquico, o grupo decidiu recuar na decisão, falando numa “controvérsia nacional” que não esperava nem desejava.
E que controvérsia. Antes do anúncio do recuo, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, escrevia no Facebook que a decisão de abrir às 6h30 do grupo Jerónimo Martins “é um aproveitamento inaceitável das regras de restrição à circulação de pessoas”.
A deputada Joacine Katar Moreira colocou-se do lado dos trabalhadores e pedia para as pessoas não irem ao Pingo Doce de madrugada. “Tenham muita vergonha de ir ao pingo doce às 6h30 deste fim de semana em respeito pelos seus trabalhadores e trabalhadoras”, escreveu na rede social.
Tweet from @KatarMoreira
Isabel Santiago escreveu no Twitter que se “o Pingo Doce decide abrir mais cedo, pode-se consumir mais, e salvaguardam-se os postos de trabalho”.
Tweet from @isabelsantiago_
Carlos Guimarães Pinto, ex-presidente da Iniciativa Liberal, ironizou com as muitas críticas em torno desta decisão: “Nós por cá fazemos todos os sacrifícios para impedir aglomerações e a propagação do vírus: operações stop, recolher obrigatório, fechar negócios. Mas há uma linha vermelha que como país nunca ultrapassaremos: deixar o Pingo Doce abrir uma hora mais cedo.”
Tweet from @carlosgpinto
O deputado Duarte Marques referiu que “o problema maior é a discriminação entre as grandes superfícies e o comércio local”.
Tweet from @DuarteMarques
Outros utilizadores não deixaram passar em branco o insólito. “Alguém vai ao after do Pingo Doce?”, perguntou MC Somsen.
Tweet from @msomsen
“Com franqueza, alguém vai ao supermercado às 6h30 da manhã?”, escreve outra utilizadora no Twitter.
Tweet from @i_melosampaio
Estes são apenas alguns exemplos de reações, levando a empresa a decidir recuar na decisão de abrir às 6h30 nos dois próximos fins de semana. “Face às múltiplas interpretações, também de implicação política, que têm vindo a ser feitas e veiculadas ao longo das últimas horas e ao nível da discussão pública gerada, o Pingo Doce informa que os horários habituais das suas lojas se manterão inalterados”, disse a empresa num comunicado.
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