EuroBic com prejuízos de 5,3 milhões nas últimas contas assinadas por Teixeira dos Santos
Foram as últimas contas assinadas por Teixeira dos Santos, que deixou o banco na semana passada: EuroBic chegou a setembro com prejuízos de 5,3 milhões, com imparidades para crédito a pesarem.
Com a pandemia a pressionar os resultados de toda a banca, também o EuroBic não é imune ao ambiente operacional adverso que o setor enfrenta atualmente. O banco fechou os primeiros nove meses do ano com prejuízos de 5,3 milhões de euros. Foram os últimos resultados trimestrais assinados por Teixeira dos Santos, que na semana passada cedeu o lugar de CEO ao ex-diretor geral da Autoridade Tributária José Azevedo Pereira.
Este prejuízo compara com os lucros de 42 milhões de euros que o EuroBic tinha acumulado no mesmo período do ano passado. Esta inversão nos resultados é reflexo, sobretudo, das imparidades para crédito que o banco registou durante a pandemia: aumentaram para cerca de 28 milhões de euros no final de setembro, quando em março, eram de cerca de quatro milhões.
“Os resultados líquidos negativos de 5 milhões de euros registados pelo EuroBic neste período encontram-se fortemente influenciados pela resposta à pandemia COVID-19”, explica o banco ao ECO.
“Efetivamente, apesar dos indicadores de risco de crédito compararem muito positivamente com o observado no setor, nomeadamente um rácio de NPL de 6%, com cobertura por imparidades de 83,1%, por uma questão de prudência, o banco optou por um reforço preventivo das imparidades para crédito concedido de cerca de 30 milhões de euros, facto que naturalmente produz um impacto direto no resultado apurado“, acrescenta.
A tendência não é exclusiva do EuroBic. Entre os principais bancos nacionais, com imparidades e provisões, foram postos de lado a cerca de 827 milhões de euros para fazer face a uma eventual vaga de incumprimentos provocados pela crise pandémica, isto quando uma boa parte do crédito (21%, pelas contas dos reguladores europeus) continua “protegida” pelas moratórias bancárias.
No caso do EuroBic, o stock de empréstimos e adiantamentos ascendia a 4,835 mil milhões de euros no final de setembro, mais 80 milhões do que há um ano. Em relação aos depósitos, depois do período mais sensível que se seguiu ao caso Luanda Leaks, o dinheiro depositado no banco recuperou no segundo trimestre e estabilizou no terceiro: são 6,345 mil milhões. Estes dados situam o EuroBic numa espécie de segunda divisão do campeonato da banca em Portugal em termos da dimensão do negócio e, nessa medida, um alvo apetecível para processos de fusões e aquisições, até também por força das circunstâncias impostas pelo caso Luanda Leaks.
Se 2020 tem sido um ano particularmente desafiante para o setor, para o EuroBic ainda mais. Ainda antes da pandemia, o banco viu a sua reputação arrastada no início do ano pela polémica com a acionista Isabel dos Santos, que colocou logo a sua posição de 42,5% à venda.
Até hoje o processo de venda do banco continua em cima da mesa. O Abanca chegou a ter negociações exclusivas, mas o negócio falhou. Já se falou no interesse de outros bancos, como o Haitong e o Banco Montepio. Neste momento é o empresário libanês Roger Tamraz surge como principal candidato, tendo já acordo com Isabel dos Santos e outro acionista. Há dúvidas, porém, se Tamraz passa no exame dos reguladores e, antes disso, se consegue convencer os outros acionistas do EuroBic, designadamente Fernando Teles (37,5%), a venderem as suas posições.
É neste quadro de pandemia e de incerteza acionista que a nova equipa liderada por José Azevedo Pereira iniciou funções na semana passada, depois de ter obtido autorização do Banco de Portugal. Com mandato até 2023, Azevedo Pereira lidera uma comissão executiva composta por mais quatro administradores: José Antunes, que transita para a nova equipa, e ainda Susana Nereu Ribeiro (que era presidente do conselho fiscal, órgão que será extinto para dar lugar à comissão de auditoria), Filipe Dias Meneses e Rui Lopes. Pedro Maia é o chairman do banco.
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