Exportações de turismo de 2023 ainda serão inferiores às de 2019, prevê o Banco de Portugal
O Banco de Portugal prevê que as exportações de turismo não vão recuperar da crise até 2023. O setor foi dos mais atingidos e será dos mais lentos a voltar ao normal.
Ao contrário do que aconteceu na anterior crise, Portugal não poderá contar com um boom do turismo para recuperar a sua economia. O setor foi dos mais afetados pela crise pandémica e será dos que recuperará mais lentamente. As previsões do Banco de Portugal no boletim económico de dezembro divulgado esta segunda-feira indicam que as exportações de turismo não vão estar recuperadas da crise em 2023.
O peso do turismo em Portugal — 8,6% do PIB em 2019, o quarto mais elevado da Zona Euro — explica o porquê da queda do PIB português ser superior ao da Zona Euro em 2020 e o porquê de a recuperação ser mais lenta, de acordo com as previsões do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu. E, por isso, ao contrário da crise financeira e das dívidas soberanas, a economia não poderá contar com o crescimento das exportações de turismo para dar a volta à crise.
Em 2020, o contributo das exportações de serviços será “muito negativo” (-4,8 pontos percentuais), “em particular dos serviços relacionados com o turismo”, diz o banco central, prevendo uma queda de 8,1% do PIB este ano. Este contributo reflete uma queda de 56,6% das exportações de turismo, a qual explica metade da redução do total das exportações.
Em 2021, a previsão do Banco de Portugal aponta para um crescimento do PIB de 3,9%. Contudo, “a recuperação do PIB será gradual e diferenciada entre setores, sendo mais lenta em atividades ligadas ao turismo, cultura e entretenimento”, avisa, referindo que tal levará a uma recuperação das exportações agregadas mais lenta do que em recessões anteriores.
Os números do banco central parecem apontar para que o dinamismo do turismo no próximo ano não seja melhor do que o deste ano: o contributo do turismo para a recuperação das exportações totais “será ainda marginalmente negativo em 2021 (-0,8 pontos percentuais)”. Só em 2022 é que dá um salto, com um contributo positivo de 7,4 pontos, e em 2023, com um contributo de 3,2 pontos.
E se o cenário já é negro para Portugal, ainda há riscos que podem colocar esta trajetória de recuperação gradual em causa. “A possibilidade de uma redução das viagens de negócios nos próximos anos constitui um risco em baixa para a evolução dos setores exportadores de serviços”, avisa o banco central.
De qualquer forma, uma coisa é certa, segundo as previsões do Banco de Portugal: em 2023, as exportações de turismo vão ficar ainda abaixo das registadas em 2019, o último ano de recordes neste setor.
Com este desempenho do turismo, que foi essencial para reequilibrar as contas externas de Portugal, o país voltará a registar um défice externo em 2020, recuperando posteriormente com a chegada de fundos europeus adicionais — a chamada bazuca europeia para a qual houve um acordo final entre os Estados-membros na semana passada — e a recuperação gradual do turismo.
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