Imobiliárias rejeitam “moratórias seletivas” para setores específicos da economia
A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) afirma que "é impensável que o prolongamento da moratória de crédito não contemple a globalidade dos setores".
A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) recusou esta quarta-feira um eventual prolongamento das moratórias de crédito para apenas alguns setores da economia, reclamando uma extensão generalizada por mais um ano sob pena de “um cenário catastrófico”.
“Não há praticamente nenhum setor que seja imune ao impacto da pandemia. Haverá uns mais expostos que outros, mas, considerando que o tecido económico português é maioritariamente composto por micro e pequenas empresas, é impensável que o prolongamento da moratória de crédito não contemple a globalidade dos setores. Este mecanismo é a garantia da sobrevivência de muitas das empresas”, sustenta o presidente da APEMIP.
Citado em comunicado, Luís Lima apela à extensão global das moratórias de crédito “por, pelo menos, mais um ano, até que as empresas consigam retomar alguma normalidade e reerguer-se”, e pede “que este anúncio seja feito o quanto antes, para que quem pondera sucumbir às dificuldades possa encontrar nesta solução um ‘balão de oxigénio’”.
“As empresas vivem um momento de grande incerteza e muitas já ponderam desistir perante as dificuldades que enfrentam. Qual seria o critério de seleção para definir os setores que sofrem mais ou menos o impacto da pandemia, quando muitas vezes dentro dos próprios setores as realidades são tão díspares?”, questiona.
Sustentando que “não pode haver uma moratória seletiva”, o líder da APEMIP reitera ser “fundamental que haja uma dilatação do prazo das moratórias que seja global e anunciada dentro em breve, para que os agentes económicos possam avaliar a sua situação e consigam ver alguma luz ao fundo do túnel”. Caso esta medida não seja alargada a todos os setores económicos, Luís Lima antecipa “um cenário catastrófico”.
“Fui talvez a primeira pessoa a defender as moras quando se começaram a sentir os primeiros sinais da pandemia, logo em março de 2020. Pela minha experiência, tenho a convicção de que a desproteção das empresas e pessoas poderá levar a um colapso do setor, mas não há nenhuma justificação para que tal aconteça”, sustenta.
No que diz respeito ao setor imobiliário, Luís Lima revela “preocupação com a exposição da fileira”, nomeadamente no que concerne aos construtores e promotores e, mesmo, aos particulares. Segundo sustenta, estes “precisam de proteção para que não se entre numa situação de incumprimento e de desistência que leve a uma espiral de descrédito e que conduza a uma desvalorização forçada dos ativos, que seria nefasta para todo o setor e para a economia nacional”.
Recordando o cenário vivido na crise do subprime, Luís Lima alerta para a necessidade de “evitar a todo o custo a sua repetição”. “Se conseguimos atravessar a última crise sem uma bolha, centralizando o imobiliário como um dos principais motores de recuperação económica, que aconteceu mais rapidamente do que se esperaria, desta vez, se deixarem as empresas e pessoas (no que diz respeito ao crédito à habitação) sobreviver, fá-lo-emos a ‘velocidade relâmpago’”, afirma Luís Lima.
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