“A Europa não está a fazer o suficiente para apoiar a transformação industrial”, diz o BEI
Werner Hoyer avisa que a União Europeia tem "ficado para trás em investimentos em inovação" e que a indústria europeia atravessa "uma tempestade perfeita".
O presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Werner Hoyer, considerou esta quarta-feira que “a Europa não está a fazer o suficiente para apoiar a necessária transformação económica industrial”, na conferência “Dias da Indústria”, organizados pela União Europeia (UE).
“A Europa não está a fazer o suficiente para apoiar a necessária transformação económica industrial. Estruturalmente, na UE, temos ficado para trás em investimentos em inovação. Esta é a dura realidade”, disse o responsável máximo do banco de investimento da UE.
Werner Hoyer sustentou a sua afirmação dizendo que anualmente, nos últimos 20 anos, “a UE investiu cerca de 1,5 pontos percentuais do PIB [produto interno bruto] a menos, em investigação e desenvolvimento e inovação que os concorrentes Estados Unidos, China e Coreia do Sul”.
“Contrariamente às nossas ambições para atingir uma tecnologia limpa, só investimos 7,5 mil milhões de euros por ano em investigação e desenvolvimento relacionados. Isto é consideravelmente menos que os Estados Unidos, com 12 mil milhões de euros, ou a China, com 8,6 mil milhões”, afirmou o responsável alemão.
O presidente do BEI afirmou que atualmente a indústria europeia atravessa “uma tempestade perfeita”, com a pandemia de covid-19 “a não tornar as coisas mais fáceis”.
Werner Hoyer assinalou a “dependência de semicondutores e serviços digitais de fora da UE”, bem como o sentimento de penalização de setores industriais europeus face aos “impostos de alterações climáticas”.
“Por exemplo, custos mais altos do carbono sem um imposto alfandegário sobre o carbono. Não há compensação para importações mais baratas e mais poluentes”, afirmou o responsável.
O presidente do BEI assinalou ainda a dimensão geopolítica da indústria europeia, onde há várias tendências: “aumento das tensões geopolíticas, nomeadamente entre o Ocidente e a China, e ao mesmo tempo as empresas asiáticas e chinesas, em particular, estão a tornar-se cada vez mais competitivas e até mesmo a ultrapassar empresas da UE em mercados-chave“.
“Estes incluem veículos elétricos, novas tecnologias de energias renováveis, com a solar a ser o caso óbvio, mas a eólica não está muito atrás”, destacou.
Advertindo que a transição carbónica e digital “não será barata”, o líder do BEI assinalou o compromisso da sua instituição com a economia ‘verde’.
“O BEI é o maior financiador mundial da ação climática, e é claro para nós estarmos totalmente comprometidos a transformar a transição para uma economia europeia ‘verde’, digital e resiliente”, referiu.
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