Investidores “exigem cada vez mais” políticas de igualdade às empresas
“A diversidade é em si mesma um valor e deve ser praticada independentemente dos números”, disse ainda Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM.
Os investidores institucionais e particulares “exigem cada vez mais” às empresas a implementação de políticas que promovam, entre outras coisas, a igualdade de género, disse esta segunda-feira a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Durante um debate, promovido pela Euronext, sobre igualdade de género, Gabriela Figueiredo Dias disse que, no âmbito das suas funções de regulador e supervisor, “há uma vontade clara dos investidores institucionais e particulares no sentido de exigir às empresas” práticas de igualdade de género e maior diversidade.
A responsável alertou, no entanto, para os resultados de tentativas em ligar o aumento de valor, por exemplo, a uma maior inclusão de mulheres em cargos em que hoje estão sub-representadas.
“Há uma pressão muito grande para serem encontradas, preparadas e estabelecidas métricas para medirem o impacto económico destas medidas”, indicou, referindo que há “uma carga de subjetividade que não é captada pelas folhas de Excel”.
“A diversidade é em si mesma um valor e deve ser praticada independentemente dos números”, concluiu Gabriela Figueiredo Dias.
No mesmo debate, o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, disse que não gostava de quotas, mas não conhecia “nenhum outro instrumento que possa ajudar a partir o tal vidro [‘glass ceiling’, expressão inglesa que significa barreira à progressão] e é preciso ter a coragem de impor algo” para alterar o panorama.
Por sua vez, Paula Antunes da Costa, ‘country manager’ da Visa, referiu que “é importante distinguir a fase de entrada no mundo do trabalho” em que mulheres e homens parecem estar mais em igualdade de circunstâncias.
“À medida que vamos avançando para uma base intermédia de ‘management’ vamos perdendo isso”, referiu, questionando a razão para esta situação acontecer.
“O ‘pipeline’ de talento feminino reduz-se de tal maneira que se torna mais difícil o acesso a cargos de topo”, perguntando o que deveria ser feito “para que as mulheres com talento não abandonem o setor financeiro ou as outras empresas”.
Pedro Leitão, presidente executivo do banco Montepio, disse também que “não consta que, usando o mérito e as competências de base, haja uma dissonância da ‘pool’ de talento masculina e feminina. Portanto algo se passa nessa transição”, vincou.
Os intervenientes pediram ainda mais políticas públicas para uma maior conciliação do trabalho com a vida pessoal.
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