Das emissões às embalagens, setor agroalimentar está a reduzir pegada ambiental e quer prová-lo
Diretor geral da FIPA garante que as empresas portuguesas se destacam na Europa na sustentabilidade ambiental e, por isso, devem concorrer aos prémios The Foodies, organizados em Portugal em 2021.
A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) vai associar-se à confederação europeia Food Drink Europe no lançamento pela primeira vez em Portugal dos prémios The Foodies, uma iniciativa que tem como objetivo premiar micro, pequenas e médias empresas do setor agroalimentar, em toda a Europa, em áreas como sustentabilidade ambiental, social e inovação.
De acordo com a FIPA, este prémio divide-se em três categorias: “The Greener Planet Award”, para iniciativas na área da redução do impacto ambiental, podendo contemplar projetos desde a diminuição das emissões de carbono à melhoria de embalagem; “The Healthier Living Award”, no campo da promoção de estilo de vida saudáveis e iniciativas como desenvolvimento de novos produtos e reformulação ou ações junto da comunidade; e “Next-Gen Innovator Award”, que pretende premiar jovens empreendedores e start-ups dedicadas ao desenvolvimento de sistemas alimentares mais resilientes, sustentáveis e seguros.
“A indústria portuguesa agroalimentar é um ótimo exemplo de inovação nestas áreas, sendo, por isso, muito importante que as nossas PME se candidatem aos prémios europeus The Foodies e demonstrem o seu valor”, sublinha Pedro Queiroz, diretor-geral da FIPA.
Na sua opinião, há fatores que distinguem as empresas do setor agroalimentar português nas áreas da sustentabilidade ambiental e social e inovação, que vão permitir que se destaquem das outras, nestes prémios em que vão competir com as suas congéneres europeias.
“Ao contrário da ideia que possa prevalecer de que a indústria agroalimentar é composta por grandes empresas, temos um tecido empresarial em Portugal maioritariamente composto por micro, pequenas e médias empresas. São elas que têm apostado, por exemplo, no desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, que permitam prolongar a durabilidade e qualidade dos alimentos e bebidas e uma melhor gestão de porções no momento de consumo; em projetos conjuntos de promoção da reciclagem junto do consumidor; no desenvolvimento de alimentos e bebidas com novos perfis nutricionais“, disse em declarações ao ECO/Capital Verde, Pedro Queiroz.
O diretor geral da FIPA destaca algumas das boas práticas no setor, tais como:
- Projetos de estudo de análise do ciclo de vida de embalagens de águas e bebidas refrescantes – uma investigação altamente exigente que abarca a análise desde o momento a extração das matérias-primas e recursos naturais, passando pelo transporte, produção, utilização e destino final das embalagens.
- Projetos de aposta na circularidade com valorização de subprodutos (produto que resultam do processo de produção alimentar, mas que não são utilizados nos alimentos) que são direcionados para compostagem, destilaria ou valorização energética.
- Investimento na investigação e inovação com aplicação de ingredientes excedentários ou não normalizados em novas categoriais para alimentação humana ou animal. Como exemplo, a FIPA dinamizou, em conjunto com o setor da alimentação animal (IACA), o projeto PEFMED que visou a testagem de métricas para a pegada ambiental.
“São projetos que, a maior parte das vezes, passam despercebidos ao consumidor final, mas que permitem, por exemplo, disponibilizar produtos resultantes de uma gestão mais eficiente de recursos ambientais, reduzir perdas e desperdício alimentares, introduzir novas categorias de produtos no mercado”, frisou Pedro Queiroz. Um dos exemplos de inovação que conta já com décadas de trabalho, refere, tem a ver com as embalagens e o plástico, “quando ainda na década de 80 começámos a substituir o PVC por PET”.
“Assistimos hoje à análise da utilização dos subprodutos na aplicação de novos produtos para as áreas relacionadas com a saúde como produtos para tratamento de doenças inflamatórias intestinais, diabetes e problemas dermatológicos”, salienta o diretor geral da FIPA.
Pela frente, as empresas agroalimentares nacionais têm agora um grande desafio europeu: a Estratégia “Do Prado ao Prato”. Esta iniciativa da Comissão Europeia tem como objetivo implementar até 2023 um conjunto de diretrizes para promover a transição para os designados “sistemas alimentares sustentáveis” que deverão abarcar as três áreas da sustentabilidade – ambiental, social e económica.
“Cada vez mais, o futuro ditará um cruzamento maior entre estas vertentes e para a indústria agroalimentar é evidente que teremos de colocar o nosso empenho em produtos alimentares ambientalmente sustentáveis, mas que ao mesmo tempo sejam seguros, nutritivos, economicamente acessíveis e que promovam o emprego e uma economia de proximidade”, diz o responsável da FIPA.
No que diz respeito ao empreendedorismo, a indústria agroalimentar tem vindo a assistir a uma grande evolução ao nível técnico e tecnológico e “surgem camadas de jovens mais qualificados e especializados, que podem trazer às empresas do setor uma enorme evolução”.
No entanto, diz Pedro Queiroz, existe ainda uma grande margem de crescimento ao nível da formação, profissional e universitária, que possa vir a cruzar o ramo alimentar com conhecimento em áreas especializadas como o ambiente, sustentabilidade, tecnologia, digital. Isto pode resultar, garante, numa revolução “verde” ao nível das embalagens, na aplicação mais vincada da automação e robótica nos processos produtivos, no desenvolvimento de produtos ainda mais seguros ou no uso da computação para melhorar a rastreabilidade de produtos e no acompanhamento da sua pegada ambiental.
“Com a categoria “Next-Gen Innovator Award” dos prémios The Foodies esperamos vir a encontrar bons exemplos desta aposta por parte de jovens empreendedores. E, numa abordagem mais ampla, esperamos também ver reconhecido o potencial da indústria agroalimentar e que o futuro “Plano de Recuperação e Resiliência” possa vir a aplicar verbas na formação nestas áreas”, remata o diretor geral da FIPA.
A estes prémios europeus podem candidatar-se empresas portuguesas que empreguem menos de 250 pessoas e que tenham um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros e/ou um balanço total anual que não exceda os 43 milhões de euros. Já na categoria “Next-Gen Innovator Award”, os candidatos devem ter 40 anos ou menos com uma empresa em fase de arranque.
Na primeira etapa de avaliação serão selecionados 15 projetos em cada categoria, posteriormente contactados para partilha de informações mais detalhadas. A partir daqui, na segunda etapa, serão escolhidos os cinco melhores projetos por categoria e, na última fase, um júri independente (que incluirá, por exemplo, um eurodeputado, um representante da Comissão Europeia e um membro da FoodDrinkEurope) selecionará os vencedores do 1º, 2º e 3º lugares para cada categoria, que serão revelados em setembro de 2021.
As candidaturas podem ser feitas, até 31 de maio, no microsite www.thefoodies.eu.
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