TAP rejeitou condições de Casimiro para aumento de capital na Groundforce
A compra de equipamentos da empresa de handling deverá ser uma alternativa à operação de aumento de capital, segundo indicou Miguel Frasquilho no Parlamento.
A TAP não aceitou as condições do acionista privado da Groundforce para um aumento de capital na empresa de handling. Segundo o chairman da companhia aérea, Miguel Frasquilho, a contra-proposta feita por Alfredo Casimiro — que incluía uma revisão do preço e renovação de um contrato de serviços — “não era praticável” pelo que a solução encontrada deverá substituir-se a esta operação.
Numa situação de rutura de tesouraria que deixa 2.400 trabalhadores com salários em atraso, a TAP (que detém 49,9% da Groundforce) fez uma proposta de aumento de capital de 7 milhões de euros, através da emissão de 697 mil novas ações com o valor nominal de 10 euros. A Pasogal (acionista que detém os restantes 50,1% do capital) aceitou considerar, mas com condições.
Um dos pedidos que o empresário faz é a renovação do contrato de serviços com a companhia aérea (atualmente em vigor até final de 2023) por dez anos, enquanto outro prende-se com o preço. O empresário pede que seja usada uma avaliação feita em 2018 como base para o preço, sendo feita uma atualização com o impacto da pandemia. “Era uma nacionalização quase selvagem”, criticou Alfredo Casimiro, no Parlamento também esta quinta-feira.
A opção não deverá, no entanto avançar, já que “a contra proposta não era praticável”, segundo Frasquilho. “Só uma nova avaliação poderia atrasar-nos um mês. Isso não era compaginável”, afirmou. Quanto ao contrato, também não vê com bons olhos a opção. Começou por lembrar que falta mais de um ano para o fim do contrato atual e, mesmo que este seja revisto, não deverá ser pelo período pretendido. “É normal que os contratos sejam revistos para prazos de dois ou três anos. Estender contratos a dez anos? Não me parece que seja normal“.
O aumento de capital é a segunda opção excluída porque os acionistas não conseguiram chegar a acordo, tendo a primeira sido um novo adiantamento de serviços a realizar por parte da TAP para o qual era pedido a Casimiro que desse a sua participação como garantia, mas esta estava penhorada. Neste cenário, “resolvemos durante a noite de hoje trabalhar numa outra alternativa”.
A companhia aérea propôs-se a comprar equipamentos no valor de 7 milhões de euros e a subalugá-los para uso da empresa de handling. A solução temporária permite desbloquear de forma imediata liquidez para pagar salários de fevereiro que ainda estão em atraso. Questionado sobre os ativos em questão, Frasquilho clarificou que se trata de tratores push backs, escadas ou autocarros. “Será feito ainda um levantamento”, explicou.
A expetativa da TAP é que o acordo seja formalizado com a Groundforce já esta sexta-feira, permitindo que os salários sejam pagos na segunda-feira. O conselho de administração da empresa de handling ainda terá de se reunir e aprovar os termos do contrato de venda, mas já sinalizou que a aprovação não deverá ser um problema. No entanto, todos concordam que é preciso encontrar uma alternativa mais alargada.
“Temos condições de resolver a situação a muito curto prazo, mas esta não é uma solução estrutural. Trata-se de uma solução de curto prazo e, nas próximas semanas, é necessário que as partes continuem a trabalhar e a encontrar-se para conseguir uma solução estrutural”, acrescentou Frasquilho.
Essa solução poderá ser o empréstimo bancário de 30 milhões de euros com garantias públicas, que está a ser trabalhado. Casimiro atribui os problemas da empresa à falta deste apoio. “A Groundforce necessita da prometida ajuda do Estado enquadrada nas linhas covid, no valor de 30 milhões de euros, para assegurar a sua sobrevivência imediata”, apelou na sua intervenção na mesma comissão parlamentar também na tarde desta quinta-feira.
(Notícia atualizada às 20h30)
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