Ex-CEO Paulo Neto Leite fica na Groundforce como não executivo
Não foi conseguido um acordo entre empresa e Paulo Neto Leite, sendo que a indemnização terá sido um entrave. O gestor abandona já a comissão executiva, mas mantém-se no conselho de administração.
Paulo Neto Leite deixou de ser CEO da Groundforce, mas continua ligado à empresa como administrador não executivo, sabe o ECO. A situação deverá manter-se pelo menos até que seja marcada uma assembleia geral de acionistas, sendo que principal acionista pretende que a saída seja com justificação e sem direito a indemnização.
O conselho de administração decidiu, esta segunda-feira de forma unânime, destituir Paulo Neto Leite das funções de CEO, apontando ações que apelida de “quebra de confiança” e uma “violação grave dos deveres de lealdade”. Os acionistas entenderam que “a confiança no até aqui CEO foi ferida de morte” e que este não tinha condições para “conduzir os negócios sociais da empresa ou para se envolver na procura de soluções sustentáveis para a Groundforce”.
A destituição teve efeitos imediatos como o próprio confirmou numa comunicação aos trabalhadores da empresa de handling. “Nunca tomei uma decisão que me proteja, favoreça ou vá contra as minhas convicções”, garantiu Paulo Neto Leite, dizendo-se “preparado para suportar as consequências” das suas decisões. A empresa não especificou quais as razões para o despedimento, mas o gestor sinalizou que esteve relacionado com a posição que tomou durante o período de atraso nos salários.
“Isto não é uma mensagem de despedida. É apenas um até já, que saberia que teria que escrever quando tomei a decisão de possibilitar que os nossos trabalhadores recebessem os seus salários“, disse numa outra mensagem dirigida apenas aos diretores da empresa. A decisão a que se refere foi o anúncio de que a empresa iria pagar parte dos salários (500 euros a cada pessoa), entregando dinheiro recebido da Segurança Social ao abrigo do lay-off.
Não é clara razão para o desentendimento nessa altura, mas a comunicação foi feita pelo gestor (que não se tinha pronunciado até então sobre os atrasos nos salários) diretamente ao Expresso e só mais tarde confirmada por Casimiro. “Consciente das implicações das decisões que tomei, saberia que este dia iria chegar. Fiz tudo o que a minha consciência e os meus princípios me obrigaram e não me arrependo de um segundo sequer”, garante Paulo Neto Leite.
No entanto, o ECO sabe que a saída resulta de uma série de fatores, incluindo a possibilidade de um management buyout, no qual o ex-CEO ficasse com a participação detida atualmente pelo acionista privado Pasogal, que foi levantada publicamente e que nunca foi negada pelo próprio. A situação levou a mal-estar especialmente entre Paulo Neto Leite e Alfredo Casimiro (dono da Pasogal que detém 50,1% da Groundforce), mas também a TAP (o outro acionista com os restantes 49,9%) votou a favor da destituição.
"É tempo de construir a solução de futuro para a nossa empresa que passa por garantir o aval do Estado para o financiamento necessário para a nossa continuidade.”
Não foi conseguido um acordo entre a empresa e Paulo Neto Leite, sendo que a questão da indemnização terá sido um dos entraves já que o acionista privado considera que há justa causa para o despedimento e não haverá lugar a indemnização, segundo apurou o ECO junto de duas fontes ligadas à empresa. Nenhum dos intervenientes respondeu às questões do ECO sobre o assunto.
Assim, o gestor abandona já a comissão executiva, mas mantém-se no conselho de administração como não executivo. Apesar de o mandato terminar apenas no fim do ano, o objetivo será marcar assim que possível uma assembleia geral para mudar a composição dos órgãos sociais e efetivar a saída de Paulo Neto Leite também do conselho de administração.
O próprio sinaliza nas duas cartas que enviou que irá manter-se ligado à empresa. “É um momento de garantir que estamos preparados para o futuro e para garantir a sustentabilidade da nossa empresa. Será por isso que continuarei a lutar todos os dias, como tenho feito até ao momento, agora noutro papel”, disse aos trabalhadores. Acrescentou, aos diretores, que “é tempo de construir a solução de futuro para a nossa empresa que passa por garantir o aval do Estado para o financiamento necessário para a nossa continuidade”.
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