Covid: Luvas, máscaras e plásticos aumentaram emissões e prejudicaram ambiente
"Como resultado do aumento do consumo de máscaras faciais na Europa, foram emitidas mais 2,4 a 5,7 milhões de toneladas de CO2", alerta a Agência Europeia do Ambiente.
A covid-19 provocou aumentos substanciais de consumo de produtos como luvas, máscaras e algumas embalagens, aumentando emissões de gases com efeito de estufa e prejudicando o ambiente terrestre e marinho na Europa, alertou esta terça-feira a Agência Europeia do Ambiente.
A Agência Europeia do Ambiente (AEA) salienta que é necessário repensar as práticas de produção, consumo e gestão de resíduos de plástico de utilização única na Europa, para tornar a sociedade mais bem preparada para os impactos contínuos da pandemia de covid-19 e impactos potenciais de futuras pandemias.
Em informação divulgada na página oficial da AEA é analisado o impacto das máscaras, luvas e alguns tipos de embalagens feitas de plástico de utilização única, centrado em dados do ano passado.
Ainda que nos primeiros meses da pandemia de covid-19 a produção de embalagens de plástico tenha baixado na União Europeia, devido à desaceleração das economias, essas mesmas restrições levaram ao aumento das compras online, e consequente aumento de embalagens, e ao aumento de recipientes de plástico para take-away.
Em 2020 aumentou também a produção e importação de máscaras e luvas. Por não existirem dados de utilização de máscaras e outros equipamentos de proteção, a AEA usa dados de importações e assegura que a importação de máscaras faciais para a União Europeia mais do que duplicou, ao mesmo tempo que a produção na Europa também aumentou.
Apesar de as organizações internacionais não recomendarem o uso de luvas como medida preventiva da covid-19, entre abril e setembro do ano passado as importações adicionais de luvas para os 27 Estados membros foram de 105.000 toneladas, um aumento de 80%.
“O uso crescente de máscaras e luvas de uso único durante a pandemia de covid-19 tem impactos ambientais e climáticos”, salienta a AEA no documento, explicando que estão relacionados com a extração de recursos, produção, transporte, manuseamento de resíduos e produção de lixo.
Na União Europeia, a maior parte dos países, como Portugal, aconselha os cidadãos a deitar as máscaras no lixo normal, que é incinerado, mas a AEA cita um inquérito feito em França em julho do ano passado que revela que 5% das pessoas (dois milhões) admitiu ter deitado máscaras para a via pública, e diz, citando outros estudos, que as máscaras e as luvas estão agora nas ruas, nos rios, nas praias e no mar, afetando peixes e aves, e que se podem transformar em microplásticos.
A AEA admite que não é fácil avaliar os impactos das máscaras no ambiente, mas adianta que as emissões de gases com efeito de estufa relacionadas com o fabrico, transporte e tratamento de resíduos de máscaras faciais de utilização única variam de 14 a 33,5 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por tonelada de máscaras.
“Como resultado do aumento do consumo de máscaras faciais na Europa, foram emitidas mais 2,4 a 5,7 milhões de toneladas de CO2, acima do nível habitual, no período de seis meses entre abril e setembro de 2020”, refere a AEA na informação divulgada.
Comparando uma máscara de utilização única com uma reutilizável, a AEA indica que uma máscara de algodão reutilizável tem um impacto inferior a uma descartável após 13 utilizações.
Para futuros casos de pandemias ou outros “eventos perturbadores”, a AEA sugere que se faça investigação para reduzir impactos ambientais e climáticos de respostas a esses eventos, seja no tipo de material utilizado seja na conceção do produto, e que se desenvolvam estratégias para melhorar o comportamento dos consumidores (eliminação segura dos produtos).
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