Aumento de casos a Norte indica que S. João foi “fenómeno de supertransmissão”
O crescimento “muito acentuado” do número de novos casos de infeção a Norte, com “incidência no Porto e arredores”, indica um “fenómeno de supertransmissão” nos festejos do São João, diz especialista.
O crescimento “muito acentuado” do número de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 a Norte, com “incidência no Porto e arredores”, indica ter havido um “fenómeno de supertransmissão”, nomeadamente os festejos do São João, revelou esta quinta-feira um especialista.
“Tudo indica ter havido um fenómeno de supertransmissão na semana passada com especial incidência no Porto e arredores”, afirmou Óscar Felgueiras, especialista em epidemiologia da Universidade do Porto, apontando os festejos da noite de São João (de 24 para 25 de junho) como a possível data de ocorrência.
Em declarações à agência Lusa, Óscar Felgueiras afirmou que a situação será “mais percetível” nos próximos dias, mas que o índice de transmissibilidade, designado Rt, poderá atingir o “máximo do último ano” na região.
“O ritmo de crescimento será próximo ou superior ao máximo do último ano, que se registou em outubro, com o Rt a atingir 1,30”, salientou.
Segundo o especialista, é espetável que o número de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 “aumente durante as próximas duas semanas” e se alastre a toda a região Norte, ainda que na última semana 16 concelhos, maioritariamente do interior, não tenham registado novos casos.
“Neste momento, no país, a situação ainda é dominada pelo que se passa no sul, em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), mas essa assimetria vai começar a esbater-se”, adiantou.
A par de restrições às atuais medidas de desconfinamento, Óscar Felgueiras disse acreditar que o número de pessoas com a vacinação completa na região Norte pode “ajudar particularmente na contenção das hospitalizações”, referindo ainda assim que estas vão aumentar.
À Lusa, Óscar Felgueiras afirmou ainda não ser possível “estimar quando vai ocorrer o pico de transmissão” e que, para já, não há qualquer evidência de uma eventual paragem da subida do número de novos casos.
“Não é espetável que a situação se inverta para já”, salientou.
Na terça-feira, em declarações à Lusa, o diretor da Unidade Autónoma de Gestão (UAG) de Urgência e Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) afirmou que aquele recurso sofreu “em poucos dias” um aumento de 40% de casos suspeitos de Covid-19, padrão que considerou “explosivo e muito preocupante”.
À Lusa, o médico mostrou preocupação com as repercussões dos festejos de São João no Porto e relatou que têm recorrido ao Serviço de Urgência pessoas de outras nacionalidades, uma população que hoje o médico descreveu como “sensível do ponto de vista social” e que “está a ser afetada por esta crise”.
Já na quarta-feira, em declarações aos jornalistas, Nelson Pereira afirmou ainda que o aumento do número de pessoas que testam positivo à Covid-19 mostra que a pandemia está a progredir no Norte.
“Neste momento já não podemos negar que estamos numa 4.ª vaga, de características diferentes, mas real. É o momento de todas as estruturas se coordenarem e verificarem os seus planos de contingência”, alertou o médico.
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