Dielmar tentou reconversão para máscaras ou pijamas para evitar falência
A Dielmar tentou direcionar as linhas de produção para a produção de máscaras comunitárias ou até mesmo pijamas, mas não conseguiu, sabe o ECO. Pijamas exigiam mais investimento em nova maquinaria.
A Dielmar tentou evitar a insolvência através da reconversão para máscaras sociais ou pijamas, pediu ajuda ao Governo e à autarquia local, mas a empresa acabou por entrar em falência e fechar portas após 56 anos de atividade.
A administradora da Dielmar, Ana Paula Rafael, filha de um dos quatro fundadores tentou direcionar as linhas de produção para a produção de máscaras comunitárias ou até mesmo pijamas, mas não conseguiu, sabe o ECO. A solução para salvar a empresa não podia passar por aqui uma vez que as máscaras são um produto de baixo custo e os pijamas exigiam mais investimento em nova maquinaria, um esforço adicional que a empresa não podia suportar.
Nos últimos meses, a gestão da Dielmar alertou os vários poderes políticos (central e local) para o risco de insolvência da empresa devido aos efeitos do confinamento na atividade da empresa. Mas, em simultâneo, tentou atrair investidores que entrassem no capital, mas tal processo revelou-se infrutífero.
O presidente da autarquia albicastrense esclareceu ao ECO que “imediatamente após o pedido de insolvência foi realizada uma reunião com a administração da empresa”, mas destaca que “não pode ser a autarquia a fazer esse trabalho, mas sim o Governo”.
De acordo com o autarca albicastrense, a insolvência “era uma situação que se vinha a desenhar de há uns tempos a esta parte”, pelo que “era expectável”. No entanto, realça que é “lamentável chegarmos a este ponto”. “A Câmara Municipal tem estado sempre a acompanhar esta situação, no entanto, aquilo que não queríamos que acontecesse, aconteceu”, disse José Augusto Alves ao ECO.
O autarca destaca ainda que a empresa pediu uma reunião com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, mas que “até à data não tiveram qualquer tipo de resposta”. Para além do mais, o presidente da autarquia refere que foi feito um pedido de apoio ao Banco de Fomento por parte da administração da Dielmar, mas que “não foi diferido favoravelmente”. “Esta recusa foi muito má para a empresa, tendo em conta que iria atenuar a situação da Dielmar”, explica o presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco.
A empresa disse em comunicado que os últimos 16 meses foram “longos e duros” e que fez “um esforço imenso e solitário” para conseguir sobreviver e manter os atuais cerca de 300 postos de trabalho. Um esforço sem sucesso que dita o fim da empresa com 56 anos de existência.
Perante o desfecho que põe em causa mais de 300 postos de trabalho, o presidente da autarquia contou ao ECO que “já estão a ser feitos contactos para transitar todos os colaboradores da Dielmar para outras empresas da região de Castelo Branco que têm falta de mão-de-obra. “É uma forma de atenuar a situação do impacto económico do fecho da Dielmar“, destaca José Augusto Alves.
Apesar do pedido de insolvência, a empresa localizada em Alcains, Castelo Branco, tem “esperança” que bazuca europeia dê uma segunda oportunidade à empresa e que “a “insolvência possa abrir novas oportunidades que poderão proporcionar o ressurgimento da empresa”.
Está marcado para esta segunda-feira um plenário com os trabalhadores, por volta das 15h00 à porta da empresa. “A Comissão Sindical na Dielmar não sabe de nada. Pedimos informações urgentes junto da administração”, afirma Marisa Tavares, dirigente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, ao Jornal do Fundão.
“Queremos que sejam tomadas todas as medidas para que não haja paragem da laboração, para que seja continuada a laboração após as férias, e para a manutenção dos postos de trabalho”, disse à agência Lusa a presidente do sindicato.
Marisa Tavares considerou “inaceitável que as trabalhadoras tenham sabido da intenção da empresa pela comunicação social no decorrer do dia de ontem [domingo], quando estão de férias”. “É uma situação que não devia ter acontecido”, declarou a dirigente, adiantando que o sindicato, com sede na Covilhã, “não estava a contar com a apresentação da empresa à insolvência”.
A este propósito, referiu que “a comissão sindical tem reunido mensalmente com representantes” da Dielmar “e não estava colocada em cima da mesa esta possibilidade”, disse em declarações à Lusa.
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