Advogado de João Rendeiro investigado pela Ordem
Carlos do Paulo actuou como porta-voz dos lesados do BPP. Conselho de Deontologia da Ordem dos Advogados investiga conflito de interesses.
O advogado do ex-banqueiro vai enfrentar um processo disciplinar da Ordem dos Advogados por alegado conflito de interesses. Segundo avançou o jornal NOVO, o Conselho de Deontologia da Ordem dos Advogados está a investigar as declarações que Carlos do Paulo à TVI, após a fuga de João Rendeiro.
Contactada pelo ECO/Advocatus, Alexandra Bordalo Gonçalves, presidente do Conselho Disciplinar da Ordem admitiu que foi aberta “uma averiguação liminar”.
Carlos do Paulo foi advogado dos lesados do Banco Privado Português (BPP), atuando por diversas vezes como porta-voz dos lesados do banco. Também está a ser interpretado como conduta imprópria o facto de Carlos do Paulo ter afirmado, em entrevista à TVI no dia 29 de Setembro, a propósito do paradeiro do seu cliente: “Eu não sei onde está João Rendeiro, nem quero saber.” Carlos do Paulo nega ter sido representante dos lesados do BPP e rejeita qualquer tipo de conflito de interesses ou incompatibilidade com o facto de agora defender João Rendeiro.
Segundo recordou o Expresso, em junho de 2009, Carlos do Paulo foi um dos organizadores do protesto que juntou cerca de 100 clientes do BPP à porta daquele banco em Lisboa, que viria a ser extinto no ano seguinte, com o objetivo de recuperar o dinheiro dos clientes. Na altura, em declarações à Lusa, o advogado dizia que a venda de património do BPP estava a ser feita “de forma camuflada e sub-reptícia” e chegou mesmo a criticar João Rendeiro. Apesar de ter organizado manifestações e de ter falado em nome dos lesados do BPP, Carlos do Paulo, no entanto, garante que nunca os representou.
Há uma semana, a advogada Joana M. Fonseca –– que defendeu João Rendeiro durante os quatro processos do caso Banco Privado Português (BPP) nos últimos cinco anos — e José António Barreiros — que acompanhou a fase de recursos para a Relação de Lisboa, Supremo Tribunal de Justiça e Tribunal Constitucional — renunciaram ao mandato de advogados do ex-banqueiro. No início do processo, Rendeiro foi também defendido por José Miguel Júdice e João Medeiros, atual sócio da VdA.
Esta renúncia foi comunicada ao tribunal, pouco mais de 24 horas depois da fuga do seu ex-cliente, anunciada no seu blogue. Segundo apurou o ECO, as razões da decisão estarão relacionadas com a entrevista do advogado Carlos do Paulo – dada ontem à TVI — identificado como “advogado de João Rendeiro” para surpresa do meio jurídico, incluindo a advogada Joana M. Fonseca e José António Barreiros.
Uma entrevista em que o dito advogado considerou que Rendeiro “não era foragido da Justiça”, que não “cometera qualquer crime” e que não sabia onde estava o seu alegado cliente “nem queria saber”. Certo é que — até aqui — nas audiências de julgamento, João Rendeiro fazia-se apresentar com a advogada Joana M. Fonseca e, em casos mais pontuais, com Joana Cunha D’Almeida, da Antas da Cunha ECIJA. José António Barreiros estava com o ex-gestor apenas na fase de recursos, iniciada este ano, em maio. Carlos do Paulo nunca acompanhou João Rendeiro em qualquer julgamento.
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