Empregadores estão otimistas. 52% quer contratar mais em 2022
A projeção para a criação líquida de emprego entre janeiro e março é de 37%, a estimativa mais elevada desde que o estudo do ManpowerGroup foi lançado em Portugal.
Os empregadores nacionais estão otimistas quanto à criação de emprego no começo de 2022. Mais de metade (52%) prevê um aumento nas suas contratações durante os próximos três meses, e 34% admite manter os números atuais. A previsão do “ManpowerGroup Employment Outlook Survey”, que antecipa uma projeção para a criação líquida de emprego de 37%, para o período de janeiro a março, reforça uma tendência já verificada nos trimestres anteriores, e é mesmo a estimativa mais elevada desde que o estudo foi lançado em Portugal, em 2016.
“Os dados deste último ‘ManpowerGroup Employment Outlook Survey’, mostram uma forte tendência de aumento das contratações e um mercado de trabalho muito robusto no início de 2022. São dados alinhados com o que observamos no mercado, com a taxa de desemprego a situar-se já em valores pré-pandemia no terceiro trimestre deste ano, ao atingir os 6,1%, e a taxa de emprego em níveis que não se registavam desde 2008”, afirma Rui Teixeira, chief operations officer do ManpowerGroup Portugal, citado em comunicado.
Este otimismo é, no entanto, moderado por níveis de escassez de talento que estão também em máximos históricos, com 62% dos empregadores nacionais a afirmar ter dificuldade em contratar o talento de que necessitam.
“Este não é um fenómeno novo. A falta de talento fazia-se já sentir em anos anteriores, mas a pandemia e as transformações no mundo do trabalho exacerbaram-na, com as empresas a enfrentar hoje novos desafios empresariais, que exigem competências técnicas e humanas cada vez mais especializadas e difíceis de encontrar. Acreditamos que a resposta a este desencontro de talento está numa mudança de paradigma e no desenvolvimento de estratégias de ‘construção’ de talento. Um esforço alargado de formação e requalificação dos trabalhadores é a alavanca que permitirá às empresas aceder ao talento que necessitam para concretizar os seus objetivos de desenvolvimento”, continua Rui Teixeira.
A falta de talento fazia-se já sentir em anos anteriores, mas a pandemia e as transformações no mundo do trabalho exacerbaram-na, com as empresas a enfrentar hoje novos desafios empresariais, que exigem competências técnicas e humanas cada vez mais especializadas e difíceis de encontrar.
A projeção para a criação líquida de emprego anunciada reflete uma subida de 29 e de 32 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior e ao período homólogo de 2021, traduzindo assim uma previsão de forte aceleração na tendência de contratação do mercado nacional, aponta o estudo do ManpowerGroup, que apresenta dados ajustados sazonalmente e revela as conclusões das entrevistas realizadas a 504 empregadores durante o mês de outubro.
IT, telecomunicações e media no topo
O setor das tecnologias de informação, das telecomunicações e da comunicação e media são os que apresentam os planos de contratação mais ambiciosas, com uma projeção de 49%. Seguem-se os setores da banca, finanças, seguros e imobiliário, com uma projeção de 48%, e em crescimento de 43 pontos percentuais face ao período homólogo de 2021, e do comércio grossista e retalhista, com 46%, e um crescimento de 50 pontos percentuais.
A hotelaria e restauração destaca-se também ao apresentar o maior crescimento com respeito às perspetivas anunciadas no período homólogo de 2021. Os empregadores deste setor avançam uma projeção de 39%, numa evolução de 56 pontos percentuais. O setor de outras atividades de produção e o setor da construção antecipam igualmente mercados de trabalho muito dinâmicos no começo do próximo ano, com projeções de 39% e 32%, respetivamente.
Por outro lado, ainda que avancem intenções de crescimento das contratações, os setores da educação, saúde, trabalho social e governamental e das atividades de produção primária preveem um ritmo de contratação não tão acentuado. Nestes casos, avançam projeções para a criação líquida de emprego de 13% e 16%, respetivamente.
A nível geográfico, apesar de se prever um reforço nas contratações em todas as regiões de Portugal, durante os próximos três meses, é a região norte que regista a estimativa mais elevada (41%). Seguem-se a região da Grande Lisboa (34%), o Grande Porto (26%), a região sul (20%) e centro (17%).
No que toca à dimensão das organizações, são as grandes empresas que preveem um ritmo mais forte de contratação, com uma projeção para a criação líquida de emprego de 42%. Um valor que que se assemelha à percentagem prevista nas pequenas empresas (39%) e que se distancia da projeção avançada para as microempresas (16%).
Vacinação recomendada e modelos híbridos
Já sobre o tema da vacinação, 38% dos empregadores portugueses dizem que irão incentivar ou recomendar a vacinação, sem, no entanto, exigi-la. Ao mesmo tempo, alguns empregadores assumem uma posição mais coerciva, afirmando que irão solicitar a dupla vacinação e o respetivo comprovativo aos seus colaboradores.
“Os planos quanto à vacinação incluem ainda alternativas como a exigência de prova de dupla vacinação para algumas funções, mas não para todas, indicada por 11% dos empregadores, ou ainda a aposta em incentivos para encorajar a vacinação, referida por outros 8%”, conclui o estudo.
Finalmente, 20% das empresas indicam ainda não ter nenhum plano para introduzir uma política fixa de vacinação dos seus colaboradores, deixando claro que essa é uma decisão individual, enquanto 7% indicam já vir a requerer prova de dupla vacinação e, ainda, da dose de reforço.
Relativamente aos modelos de trabalho a adotar para os próximos três meses, na maioria das funções os modelos remotos ou híbridos, analisados em conjunto, já representam um peso superior ao dos modelos presenciais. A exceção a esta regra encontra-se nas funções de produção e indústria, onde 69% dos empregadores afirma que o modelo predominante será o presencial, bem como nas funções de atendimento, vendas e front-office, onde a percentagem é de 58%.
No extremo oposto encontram-se as funções financeiras e de contabilidade, de recursos humanos e de apoio administrativo, onde a percentagem de trabalho a ser realizado em modo híbrido e remoto já representa 53%, 51% e 50% respetivamente. E, sem grande surpresa, as funções de tecnologia são as que apresentam uma maior percentagem de empregadores a preferir o modelo remoto.
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