“Estou de volta ao jogo. Quero jogar e quero ganhar”, diz Lula

Lula da Silva, que lidera atualmente as sondagens para as eleições presidenciais do Brasil de outubro de 2022, ainda não anunciou oficialmente a sua candidatura, mas adiantou que, caso seja eleito, vai procurar formar várias alianças, numa tentativa de unir um país muito polarizado. “Não quero lutar: quero juntar forças para que possamos construir“, assumiu.

“Estou de volta ao jogo. Quero jogar, e quero ganhar”, disse aquele que liderou o Brasil entre 2003 e 2010, numa entrevista concedida à Reuters na passada sexta-feira, a partir da sede do Partido dos Trabalhadores (PT). Lula da Silva promete que, sob um governo do PT, distribuirá a riqueza pela população de forma mais justa, salientando a necessidade de os brasileiros mais ricos pagarem mais impostos.

Lula defende que mais dinheiro nas mãos dos pobres ajudará a aumentar a base dos consumidores, criando um mercado maior para as empresas venderem os seus bens e serviços. Por isso, rejeita as preocupações dos investidores quanto a um futuro governo seu. “Vou oferecer-vos um mercado“, garante.

Por outro lado, o antigo líder sindical de 76 anos assume a vontade de recuperar a credibilidade internacional do Brasil, que considera estar prejudicada devido à postura do atual Presidente, Jair Bolsonaro.

Nesse sentido, aponta como prioritário um acordo comercial entre a América do Sul e a União Europeia (UE). “Juntamente com a UE, nós (América do Sul) poderíamos formar um bloco económico, um bloco com posições políticas semelhantes, com visões ambientais semelhantes, para enfrentar os dois gigantes: os Estados Unidos e a China”, afirmou.

Ainda na área económica, Lula apela à formação de um conselho de uma centena de pessoas de todos os setores da sociedade, para ajudar a criar a política económica e social. Ao mesmo tempo, afirma que gostaria que o imposto sobre a herança, que é de cerca de 4% no Brasil, aumentasse para níveis próximos dos europeus, que é de cerca de 50%.

Libertado da prisão em novembro de 2019, após ser condenado por corrupção, o antigo chefe de Estado brasileiro viu essa condenação anulada pelo Supremo Tribunal Federal, tornando-o elegível a concorrer novamente à presidência do Brasil. Mesmo sem ter avançado oficialmente com uma candidatura, as sondagens atuais para as eleições de outubro do próximo ano mostram-no à frente, com 48% das intenções de voto, deixando Bolsonaro num distante segundo lugar, apenas com 21% – o que Lula apelida de “ressurreição”.