Setor segurador não treme com fim das moratórias

  • ECO Seguros
  • 30 Setembro 2021

Decretadas em benefício das famílias e empresas, as medidas de exceção tiveram um impacto maior nos seguros não Vida, em particular o ramo auto, acidentes e doença. O setor não teme o fim do regime.

A ‘moratória’ dos seguros, estabelecida em maio de 2020 durante a crise pandémica em Portugal, termina esta quinta-feira após cerca de 16 meses de vigência. A medida ainda foi prorrogada uma vez, em março de 2021. “Não se espera que haja consequências de maior no setor com o fim deste apoio”, disse ao ECOseguros, José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

Num relatório de final de julho, sobre a atividade Não Vida das empresas de seguros em 2020, a Autoridade de Supervisão de Seguros Fundos de Pensões (ASF) concluiu que “os efeitos da pandemia sobre o setor segurador materializaram-se principalmente na desvalorização abrupta das carteiras de investimento no final do primeiro trimestre de 2020. O supervisor detetou ainda constrangimentos operacionais significativos, resultantes das medidas restritivas de circulação, “alterações temporárias do perfil de sinistralidade dos principais ramos Não Vida, e no agravamento das pressões sobre a rendibilidade do negócio do ramo Vida.”

O exame da ASF, que acompanhou a posição de liquidez e de solvência das empresas de seguros, incluindo um stress test no final de 2020, já indicava que o setor segurador “atravessou a crise pandémica sem o registo de situações de disrupção”, alcançando no final de 2020, “um rácio global de cobertura do requisito de capital de solvência de 193%”.

Há setores de atividade ainda fortemente afetados por esta pandemia e estou certo de que a indústria seguradora continuará a encontrar forma de ser parte da solução”, diz o corretor João Costa Duarte, em entrevista ao ECOseguros, antes de acrescentar que “o regulador continua a acompanhar de perto a evolução desta situação excecional, seja ao nível da proteção dos consumidores, seja na solvência dos seguradores, seja na adaptabilidade da distribuição de seguros no contexto desta pandemia.”

A moratória no setor de seguros instituiu uma flexibilização no normativo que rege o pagamento dos prémios do seguro, transformando-o num regime de imperatividade relativa, orientado pela necessidade de convenção entre as partes (segurador e segurado) sempre no sentido de uma solução mais favorável ao tomador.

Informação preliminar e não auditada divulgada pela ASF, também em agosto, confirmou que, de um total aproximado de 152 milhões de euros de custos com a pandemia assumidos em 2020 pelas companhias de seguros não Vida, “44,8 milhões referem-se às medidas previstas no Decreto-Lei n.º 20-F/2020,” considerando que, em termos do resultado técnico, os ramos Automóvel, Trabalho e Doença foram os mais impactados.

Balanço e perspetivas

Passada a moratória e, com a sociedade em ritmo de normalização pós-Covid, o administrador da corretora Costa Duarte diz que “é de esperar que a época de renovações que se avizinha venha a evidenciar um endurecimento das políticas de subscrição nos principais ramos Não Vida”.

Ao longo dos últimos 16 meses, a supervisão divulgou relatórios periódicos sobre a evolução na aplicação da ‘moratória’. Baseado em informação prestada pelas empresas de seguros – sobre aplicação das medidas com impacto no consumidor -, o 13º reporte divulgado pela ASF no início de agosto passado, indicava:

  • Cerca de 6 milhões de contratos foram objeto de acordo entre as partes com vista à aplicação de um regime mais favorável ao tomador do seguro no que diz respeito ao pagamento dos prémios, a maior parte dos quais no âmbito do seguro Automóvel (2,8 milhões), do conjunto “Outros” (1,3 milhões) e do seguro de Incêndio e Outros Danos (também 1,3 milhões de contratos).
  • Em aproximadamente 6,4 milhões de apólices (a maioria dos seguros Automóvel, cerca de 4 milhões, e de Incêndio e Outros Danos, 1,7 milhões), a validade das coberturas obrigatórias foi prolongada em 60 dias.

Da análise à aplicação das diversas medidas ao longo do tempo, ajustada da variação dos valores entre cada reporte, conclui-se que, dos números apresentados, cerca de 38,3% do total dizem respeito ao período referente ao primeiro reporte (de 13-05-2020 a 30-06-2020), evidenciando os reportes subsequentes “uma tendência amortecida no crescimento do número de casos abrangidos, verificando-se apenas uma pequena inflexão na transição de 2020 para 2021,” lê-se no documento do organismo de supervisão.

Dado o intervalo temporal que cobre os dados apresentados e a metodologia aplicada na sucessão de reportes é incerto saber qual valor total dos prémios pendentes de regularizar junto das seguradoras. A estas, caberá também lidar com o fim da tolerância e flexibilização de que beneficiaram quanto às obrigações de prestação e divulgação da informação regular ao regulador.

No mesmo documento, a ASF informou igualmente que um próximo relatório (ainda não publicado) “corresponderá à informação recolhida através do décimo sexto reporte das empresas de seguros, o qual abrangerá todo o período de vigência” do referido DL 20-F/2020.

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Marcelo diz que “ficaram esclarecidos os equívocos” sobre chefia do Estado-Maior da Armada

Após a audiência com carácter de urgência com o primeiro-ministro, o Presidente da República veio referir que "ficaram esclarecidos os equívocos" sobre a Chefia do Estado-Maior da Armada.

Depois da audiência urgente desta quarta-feira com o primeiro-ministro, o Presidente da República veio referir que “ficaram esclarecidos os equívocos” sobre a Chefia do Estado-Maior da Armada.

O Presidente da República recebeu, a seu pedido, o Primeiro-Ministro, que foi acompanhado pelo Ministro da Defesa Nacional. Ficaram esclarecidos os equívocos suscitados a propósito da Chefia do Estado-Maior da Armada”, informou Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada no site da Presidência ao final desta quarta-feira.

Esta curta nota surge após o primeiro-ministro ter pedido uma audiência ao Presidente da República para “esclarecer equívocos” sobre a chefia do Estado-Maior da Armada. António Costa pediu ainda que o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, o acompanhasse.

Na terça-feira, foi noticiado que o Governo iria propor o vice-almirante Gouveia e Melo para substituir o atual chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), o almirante António Mendes Calado. Contudo, já esta quarta-feira o Presidente da República veio dizer que “não é este o momento” para falar da sucessão e apontou” três equívocos” sobre o assunto: o “momento” em que o anúncio foi feito (que na perspetiva de Marcelo não seria este), as eventuais discordâncias entre o Governo e António Mendes Calado, que não demonstram “deslealdade” por parte do almirante, segundo o Chefe de Estado, bem como a possível indicação do vice-almirante Gouveia e Melo.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que essa é uma decisão que cabe ao Presidente da República, mas que ainda não está tomada. “Não vale a pena estar a antecipar palavras e decisões que não existiram. Não há razões para especulações”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

(Notícia atualizada pela última vez às 22h02)

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Amazon vai iniciar venda de seguros às PME britânicas. Especialistas afastam “pânico”

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2021

A Amazon.com Inc está prestes a iniciar a venda de seguros às PME no Reino Unido. Especialistas admitem que pode ter efeito disruptivo, mas apontam-lhe uma fraqueza: falta do fator aconselhamento.

Trata-se da estreia da plataforma líder global de logística (consumo e distribuição) no negócio de seguros de linhas empresariais no mercado britânico, avançou a agência Reuters com base em informação da Superscript. Através desta corretora, os clientes locais dos serviços Business Prime da Amazon.com poderão adquirir apólices, entre outras, seguros dos pacotes postais, cibernéticos e coberturas profissionais, em que o risco será subscrito por “grandes seguradoras do Reino Unido”.

O lançamento da oferta será impulsionado com desconto de 20% sobre as tarifas atuais, para acelerar atração de clientes num mercado onde a Amazon já opera em coberturas pós-venda e garantias de vendas a crédito.

A indústria (de seguros) precisa de colmatar a distância que+ a separa dos clientes, proporcionando um processo de compra rápido e suave, centrado no cliente”, afirmou Cameron Shearer, cofundador e CEO da Superscript.

“À medida que as empresas saem da pandemia e retomam gradualmente a normalidade, queremos que os clientes tenham as melhores ferramentas para gerir os seus negócios“, disse Molly Dobson, Country Manager da Amazon Business UK & Ireland.

Segundo estudo global divulgado pela Capgemini, mais de 50% dos consumidores estão prontos para comprar seguros a operadores não tradicionais, como grandes empresas de tecnologia ou insurtechs. A chegada da plataforma fundada por Jeff Besos ao mercado britânico de seguros para PME acontece depois de, em março, a Next Insurance ter anunciado implementação de oferta semelhante através da Amazon Business Prime nos EUA.

Disruptivo, o caso não é para pânico

A parceria da Amazon Business com a insurtech Superscript reúne elementos que supõem antever impacto e alguma disrupção do mercado, em particular a nível do share e porque o produto se adequa a algumas características da procura. No entanto, especialistas afirmam que não é caso para pânico, e explicam porquê. A componente do aconselhamento, apanágio dos incumbentes e dos canais de distribuição tradicional (mediadores e corretores), não é atributo de que as big tech, enquanto fornecedores de soluções digitais automatizadas se podem valer junto das PME e dos empresários individuais.

Esta opinião é partilhada, entre outros, por Lea Cheesbrough, diretora geral da Movo Partnership que, concordando com a ideia de que a entrada da Amazon no mercado pode ter algo de disruptivo, afirma que os clientes continuam a precisar de serviço. “O aconselhamento é mais importante nesta altura,” considerou em declarações citadas pelo Insurance Post, explicando que “a pandemia recolocou o foco das pessoas sobre as coberturas” (do seguro).

Recorrendo às palavras passe que utilizam no acesso ao serviço UK Business Prime da Amazon, os membros da plataforma poderão receber proposta e comprar o seguro em apenas 10 minutos, detalhou a Superscript. A apólice é emitida com validade de um mês e passa a ser gerida totalmente online, podendo ser alterada a qualquer momento, bastando para isso aceder ao portal do cliente.

Simon Mabb, responsável do Romero Group, admitiu que, tratando-se de uma marca boa e com credibilidade, isso garante oportunidades, sobretudo porque o modelo oferece alguma flexibilidade ao comprador, condescendeu também Chris Sandilands, associado de Oxbow Partners. Mas, segundo Mabb, qualquer atividade “que não ofereça aconselhamento tem riscos”. Por isso, a mediação tradicional mantém essa vantagem competitiva.

Quanto à força das big tech no mercado, assume-se que não existem muitos operadores tradicionais a oferecer seguros numa base mensal. Acresce que, os concorrentes digitais apresentam-se com a sua capacidade de completarem o puzzle juntando as melhores peças da cadeia de valor, observou Sandilands.

 

 

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Auditoria ao Fundo de Garantia Automóvel renova certificação de Qualidade

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2021

A auditoria da Apcer realçou, entre outros aspetos, bom nível de satisfação dos utentes, competências na gestão da Qualidade e serviços prestados e o conhecimento do quadro normativo.

O Fundo de Garantia Automóvel (FGA) obteve a renovação da certificação do seu Sistema de Gestão
da Qualidade (SGQ), atribuída na sequência de uma auditoria externa realizada em julho de 2021 pela Associação Portuguesa para a Certificação (Apcer).

O FGA é gerido pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Enquanto fundo público autónomo destina-se a satisfazer indemnizações devidas em consequência de acidente de viação. No quadro da auditoria realizada pela Apcer, “foi, uma vez mais, constatada a capacidade do Fundo de Garantia Automóvel para cumprir de forma consistente a generalidade dos requisitos aplicáveis,” realça a ASF.

De acordo com nota informativa da autoridade, o relatório de auditoria “salientou, em especial”, os seguintes pontos:

  • os resultados alcançados ao nível da satisfação dos utentes;
  • a competência da organização no âmbito do Sistema de Gestão da Qualidade e dos serviços
    prestados pelo Fundo de Garantia Automóvel;
  • o detalhado quadro de indicadores de gestão dos processos para acompanhamento de
    resultados;
  • o nível de entendimento dos requisitos normativos e legais;
  • o envolvimento dos colaboradores e da estrutura hierárquica na gestão da qualidade e na melhoria do Sistema de Gestão da Qualidade.

O Fundo mantém o respetivo SGQ certificado desde 2004 pela APCER – Associação Portuguesa para a Certificação e também pelo IQNET- The International Certification Network.

Satisfação dos utentes

O Fundo, atualmente sob direção de Isabel Carrola, “atribui particular relevância e atenção à opinião dos Utentes pelo que, mensalmente, são enviados (todos os processos findos no mês anterior) e analisados
questionários que visam recolher sugestões de melhoria e medir o seu grau de satisfação“. De acordo com a nota da ASF, a média do “grau de satisfação manifestado pelos utentes nos dois últimos exercícios (2019 e 2020)
foi de 3,8 numa escala de 1 a 5“.

Por analogia com a métrica utilizada em Portugal no sistema do ensino básico (2º e 3º ciclos), a classificação atribuída ao FGA pelos utentes equivale a “bom.”

O Fundo de Garantia Automóvel responde por danos materiais e/ou corporais quando o responsável
não beneficie de seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel. Conforme está previsto na
Lei, o Fundo de Garantia Automóvel pode também ser chamado a indemnizar as pessoas lesadas,
ainda que o responsável seja desconhecido.

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PNUD lança iniciativa para seguros contra catástrofes nos países pobres

  • ECO Seguros
  • 29 Setembro 2021

Em cerca de 80 países pobres, os custos de recuperação de catástrofes representam em média 29 mil milhões de dólares por ano e apenas 3% desse valor está coberto por seguros.

O PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP na sigla inglesa) anunciou o lançamento de uma iniciativa para apoiar governos (setor público) e entidades privadas de países menos desenvolvidos (PMD) a implementar seguros para situações de crise como pandemias e catástrofes naturais, anunciou em comunicado a agência das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento.

O IRFF – Insurance and Risk Finance Facility, um instrumento no âmbito das facilidades de financiamento e investimento promovidos para auxiliar PMD a enfrentarem pobreza, alterações climáticas e outras crises globais, pretende catalisar recursos financeiros e contribuições de várias fontes e doadores, incluindo o próprio PNUD.

Nos países mais pobres, um total de 77 nações, os custos de recuperação de catástrofes representam em média 29 mil milhões de dólares por ano e apenas 3% desse valor está coberto por seguros. Este gap faz com que estes países suportem, com esforço próprio, os custos da reconstrução ou, como é comum, dependam de auxílio humanitário.

em 2020, cerca de 980 eventos catastróficos originados por perigos naturais custaram à economia global 290 mil milhões de dólares. Sob o impacto da pandemia (Covid-19), cerca 150 milhões pessoas voltaram a ser remetidas à pobreza, salienta o comunicado. “(…) Sem resiliência financeira, os mais vulneráveis arriscam ficar enclausurados numa espiral descendente de pobreza e endividamento,” adverte Achim Steiner, administrador do PNUD.

Para já, o IRFF conta com 35 milhões de euros de apoio já avançado pela Alemanha, através do Ministério da Economia, Cooperação e Desenvolvimento (BMZ). Segundo Maria Flachsbarth, secretária de Estado do BMZ, o país está “fortemente empenhado no fortalecimento da InsuResilience Global Partnership”, fundo lançado em 2017, na COP23, cimeira do Clima realizada em Bona, na Alemanha.

O objetivo do IRFF é o de contribuir para criação de seguros e soluções financeiras público-privadas que permitam cobrir riscos em mais de 50 países em desenvolvimento até 2025, contribuindo desta forma para esforço de concretização da InsuResilience Vision 2025, uma parceria amplamente apoiada por países do G7, Banco Mundial e o Insurance Development Forum (seguradoras globais), envolvidos no reforço da resiliência dos países mais vulneráveis ao impacto das alterações climáticas.

A visão global partilhada pelos países e organizações que integram a Vision 2025 coincide com um objetivo que voltará a ser reafirmado na COP26, agendada para novembro, em Glasgow: assegurar, até 2025, que 500 milhões de pessoas pobres e vulneráveis tenham cobertura e proteção contra desastres relacionados com as alterações climáticas, crises sanitárias e riscos socioeconómicos.

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Frente Sindical quer aumentos salariais de 3% para 2022 e também para 2023

  • Lusa
  • 29 Setembro 2021

A Frente Sindical optou por apresentar ao Governo um caderno reivindicativo para dois anos para mostrar que pretende fazer "uma negociação com tempo e espaço de manobra".

A Frente Sindical liderada pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) reivindica aumentos salariais de 3% para 2022 e idêntico valor para 2023, para que os trabalhadores possam recuperar algum poder de compra, foi esta quarta-feira divulgado pelo STE.

A presidente do STE, Maria Helena Rodrigues, explicou à agência Lusa que, desta vez, a Frente Sindical optou por apresentar ao Governo um caderno reivindicativo para dois anos para lhe mostrar que pretende fazer “uma negociação com tempo e espaço de manobra” para o executivo cumprir as intenções expressas no Programa do Governo.

“Concordamos com o Programa do Governo quando defende que a política de baixos salários não traz desenvolvimento ao país e é altura de isso ser posto em prática, ao apresentarmos um caderno reivindicativo para dois anos é uma forma de dizer ao Governo que tem hipótese de, neste período, concretizar várias promessas que fez”, disse.

Quanto ao aumento de 6% em dois anos, a sindicalista lembrou que esse montante não cobre as perdas dos últimos anos.

O caderno reivindicativo 2022-2023 é sustentado com dados económicos da última década, salientando que entre 2010 e 2020 Portugal registou uma taxa de inflação acumulada de 11,6%, enquanto os funcionários públicos tiveram os salários congelados entre 2009 e 2019, com “uma atualização salarial insignificante de 0,3% em 2020”, divergindo cada vez mais dos seus congéneres europeus.

“Uma aproximação dos salários à média comunitária torna-se imperioso não se podendo adiar por mais tempo uma atualização salarial de 3%, que permita a concretização progressiva da convergência real”, defende o documento enviado na segunda-feira ao Governo.

A Frente Sindical reivindica também a atualização do subsídio de refeição para seis euros e a revisão do atual sistema de avaliação (SIADAP), com a eliminação de quotas e todas as disposições que impedem a progressão na carreira.

O pagamento dos encargos acrescidos com o teletrabalho, a reposição dos 25 dias de férias e a criação de um programa específico com normas excecionais que facilitem a reforma antecipada dos trabalhadores com mais de 55 anos sem penalização são outras das reivindicações da estrutura sindical.

O caderno reivindicativo defende ainda a necessidade de se “investir nos serviços públicos e nos recursos humanos necessários aos desafios da modernização e digitalização da Administração Pública”, o que “implica a contratação de mais jovens qualificados, (…) a revisão das carreiras tornando-as mais atrativas do ponto de vista salarial e de progressão”.

“A proposta agora apresentada pretende estabelecer pontes para a assunção de compromissos de médio prazo que permitam recuperar da crise e modernizar os serviços públicos, para que respondam com qualidade, celeridade e fiabilidade aos cidadãos e às empresas, o que só será possível com remunerações e reformas dignas, um sistema fiscal justo e transparente”, defende o documento.

A generalidade dos funcionários públicos não tem aumentos salariais reais desde 2009. Em 2020 foi aplicada uma atualização de 0,3% aos salários na função pública e em 2021 foram aumentadas em 10 euros as remunerações mais baixas.

As estruturas sindicais da função pública foram convocadas para uma reunião negocial com o Governo, a realizar na segunda-feira dia 4 de outubro. A proposta orçamental para 2022 deverá ser entregue em 11 de outubro no parlamento.

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Wall Street fecha misto com receios da inflação

À exceção do Nasdaq, os principais índices norte-americanos voltaram a ganhar fôlego e terminaram a sessão com ganhos ligeiros. Investidores estiveram focados nas declarações do presidente da Fed.

Wall Street recuperou das fortes perdas da sessão anterior. Ainda assim, os títulos ligados ao setor tecnológicos continuam sob pressão, na sequência das declarações do presidente da Fed e a discussão em torno dos limites da dívida pública dos EUA.

O índice de referência S&P 500 avançou 0,14% para 4,358,77 pontos, enquanto o industrial Dow Jones valorizou 0,27% para os 34.393,19 pontos. Em contrapartida, o tecnológico Nasdaq recuou 0,32% para 14.500,50 pontos.

Esta quarta-feira os investidores estiveram atentos às declarações do presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos no Fórum do Banco Central Europeu (BCE), que expressou preocupação pelo facto de as dificuldades nas cadeias de abastecimento estar a provocar pressões inflacionistas.É frustrante ver que estes problemas nas cadeias de abastecimento não estão a melhorar. Na verdade, na margem, estão aparentemente a ficar piores. Vão continuar no próximo ano e manter a inflação elevada”, apontou Powell.

E se nos últimos dias os mercados acionistas tem sido influenciados pela subida das taxas de juro das obrigações do tesouro, nesta sessão as yields norte-americanas recuaram e foco dos investidores voltou-se para a discussão em torno da dívida pública dos EUA. Recorde-se que a secretária de Estado do Tesouro avisou que capacidade de o governo federal dos EUA se financiar acaba em 18 de outubro, se o limite da dívida pública não for elevado.

Neste contexto, os republicanos do Senado bloquearam a proposta que já tinha sido aprovada na Câmara dos Representantes e que visava financiar o governo federal e suspender o teto da dívida, justificando que isso iria dar carta branca a Joe Biden para avançar com planos “irresponsáveis”.

As cotadas ligadas ao setor tecnológico estiveram entre as mais penalizadas. A título de exemplo, o Facebook caiu 0,31% para 339,61 dólares, a Alphabet, dona da Google, recuou 1,22% para os 2.690,42 dólares, enquanto a Amazon desvalorizou 0,45% para 3.301,12 dólares.

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Governo adia revisão anual de declarações dos trabalhadores independentes

  • Lusa
  • 29 Setembro 2021

"No ano de 2022, os serviços da segurança social procedem à revisão anual das declarações relativas a 2021 conjuntamente com a revisão anual das declarações relativas a 2019 e 2020", indica o diploma.

A revisão anual das declarações à Segurança Social dos trabalhadores independentes relativas aos rendimentos de 2019, 2020 e 2021 será feita conjuntamente no próximo ano, segundo diploma publicado esta quarta-feira que altera as medidas relacionadas com a pandemia.

No ano de 2022, os serviços da segurança social procedem à revisão anual das declarações relativas a 2021 conjuntamente com a revisão anual das declarações relativas a 2019 e 2020“, estabelece o decreto-lei que altera as medidas excecionais e temporárias relativas à pandemia de covid-19 e que entra em vigor na sexta-feira.

O diploma estabelece ainda que “o pagamento de contribuições resultante da revisão anual das declarações relativas a 2019, 2020 e 2021 é considerado, para todos os efeitos, como efetuado fora do prazo a partir da data em que é considerado fora do prazo o pagamento de contribuições resultante da revisão anual das declarações relativas a 2021”.

A revisão das declarações dos trabalhadores independentes é feita todos os anos, relativamente ao ano anterior, com base na comunicação de rendimentos efetuada pela administração fiscal.

Também no final de 2020, o Governo anunciou que iria adiar para 2021 a revisão anual das declarações dos trabalhadores independentes relativas a 2019 e 2020, como resposta ao impacto da crise causada pela pandemia de covid-19.

“Foi decidido adiar o processo de revisão anual, que é feito no sentido de fazer correções entre aquilo que foi declarado à Segurança Social nas várias declarações trimestrais ao longo do ano e aquilo que foram depois os rendimentos declarados em sede fiscal, permitindo então o apuramento de diferenças e a correção por parte dos trabalhadores”, explicou na altura o secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos.

O governante explicou então que a revisão seria feita em 2021, respeitante às declarações de 2019 e 2020 sem juros de mora para os trabalhadores.

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Vodafone surpreendida com proposta da Anacom sobre a tarifa social de Internet

  • Lusa
  • 29 Setembro 2021

A Vodafone Portugal afirma que "foi com grande surpresa" que tomou conhecimento da proposta que a Anacom apresentou ao Governo sobre a tarifa social de Internet.

A Vodafone Portugal disse esta quarta-feira à Lusa que “foi com grande surpresa” que tomou conhecimento da proposta que o regulador Anacom apresentou ao Governo sobre a tarifa social de Internet.

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) aumentou o valor mínimo de tráfego mensal da oferta da tarifa social de acesso à Internet de banda larga, de 12 GB para 30 GB e propõe uma mensalidade de cinco euros (6,15 euros com IVA à taxa de 23%) para o acesso a este serviço, segundo a decisão final aprovada pelo regulador e hoje divulgada.

“Foi com grande surpresa que a Vodafone tomou conhecimento da proposta que a Anacom apresentou ao Governo relativa à tarifa social de Internet, onde não só não foram refletidas as considerações e preocupações partilhadas pelos operadores de comunicações, como foram introduzidas alterações face à versão sujeita a consulta, que agravam essas mesmas preocupações”, refere a empresa.

“Com efeito, ao optar por não diferenciar as características da tarifa social de Internet a disponibilizar através de um acesso fixo, das características de um acesso móvel, agravado pelo aumento das velocidades e do volume de dados a disponibilizar, a par da manutenção do preço baixo, o regulador poderá incrementar significativamente os custos de prestação da tarifa social de Internet os quais, como é sabido, serão suportados pela indústria”, salienta a Vodafone.

Além disso, “o preço proposto pela Anacom representa um desconto de cerca de 66% face à prática do mercado, o que contrasta expressivamente com o que é aplicado nas tarifas sociais que existem noutros setores de atividade”, sublinha.

A operadora liderada por Mário Vaz salienta que “continua a analisar os documentos agora publicados, reservando-se a fazer mais comentários posteriormente”.

Em comunicado, a Anacom salienta que na decisão, aprovada em 27 de setembro, “efetuou uma reponderação das medidas projetadas no sentido provável de decisão de 12 de agosto, aumentando a velocidade mínima de ‘download’ de 10 Mbps para 30 Mbps e de ‘upload’ de um Mbps para três Mbps e o valor mínimo de tráfego mensal a incluir na oferta de 12 GB para 30 GB”.

A tarifa social de Internet “será disponibilizada por todas as empresas que oferecem este tipo de serviço a consumidores com baixos rendimentos ou com necessidades sociais especiais e visa mitigar uma das barreiras à utilização do serviço de acesso à Internet em banda larga, os elevados preços a pagar pelo acesso ao mesmo, promovendo a sua utilização”, refere o regulador.

A Anacom sublinha que o “universo potencial de beneficiários da tarifa social de acesso à Internet em banda larga é na ordem das 800 mil pessoas e estará disperso por todo o território nacional, podendo o número de beneficiários efetivos ser inferior ao referido”.

Assim, a entidade liderada por João Cadete de Matos aprovou propor ao Governo “a aplicação de uma mensalidade de cinco euros (6,15 euros com IVA à taxa de 23%) para o serviço de acesso à Internet em banda larga, considerando-se que esse valor permite ir ao encontro do objetivo de garantia da acessibilidade do preço para os consumidores com baixos rendimentos ou com necessidades sociais especiais para o referido serviço”.

Propõe também a fixação de “um preço máximo de 21,45 euros (26,38 euros com IVA à taxa de 23%) como contrapartida pela ativação do serviço, e/ou de equipamentos de acesso, nomeadamente ‘routers'”.

De acordo com o decreto-lei que cria a tarifa social de Internet, publicado em 30 de julho, o valor a aplicar será fixado por portaria do membro do Governo responsável pela transição digital.

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“Não há mais chamadas de capital” do Novo Banco, diz Leão

  • ECO
  • 29 Setembro 2021

Ministro das Finanças afirma que o Governo não prevê "inscrever nada" para o Novo Banco no Orçamento do Estado para 2022.

O ministro das Finanças assegura que o Novo Banco não fará mais chamadas de capital ao Fundo de Resolução (FdR), mostrando-se confiante quanto ao futuro daquela instituição. Em entrevista à revista Sábado, João Leão nota que o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) não prevê qualquer medida para o banco, apontando ainda assim os 500 milhões de euros totais em divergências entre o banco e o FdR.

“Não prevemos inscrever nada [no OE2022], não há mais chamadas de capital”, disse o ministro das Finanças, referindo que o esperado é que o banco “tenha resultados positivos este ano”. “São vários processos e o valor global é de 500 milhões de euros”, notou, referindo-se às “várias decisões que estão em tribunal” e que “podem ser favoráveis ao banco”.

Na mesma entrevista, João Leão falou ainda sobre as garantias que o Estado deu em empréstimos às empresas, no âmbito da pandemia, referindo que entre 2020 e 2021 haverá “um valor muito elevado” em empréstimos, “que pode atingir um valor muito próximo dos 10 mil milhões de euros”. “É algo de grande sensibilidade”, sublinhou o ministro, mas que foi “importante para as empresas manterem a sua capacidade produtiva”.

A TAP foi outro dos assuntos falados, com João Leão a afirmar que no Programa de Estabilidade o Governo previa 900 milhões de euros para a companhia aérea nacional para o próximo ano. O ministro mostrou estar confiante na aprovação do plano de recuperação da empresa.

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Costa pede audiência urgente a Marcelo sobre chefia do Estado-Maior da Armada

  • ECO
  • 29 Setembro 2021

O primeiro-ministro pediu esta quarta-feira uma audiência ao Presidente da República sobre a chefia do Estado-Maior da Armada, na qual também solicitou a presença do seu ministro da Defesa.

O primeiro-ministro pediu uma audiência com caráter de urgência com o Presidente da República, com o intuito de esclarecer os “equívocos” apontados por Marcelo Rebelo de Sousa sobre uma eventual substituição do Chefe do Estado-Maior da Armada, avança o Expresso (acesso livre).

Segundo o mesmo jornal, esta audiência foi pedida para decorrer ainda hoje em Belém, sendo que António Costa pediu também que o ministro da Defesa o acompanhasse.

Na terça-feira, foi noticiado que o Governo iria propor o vice-almirante Gouveia e Melo para substituir o atual chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). Contudo, já esta quarta-feira o Presidente da República veio dizer que “não é este o momento” para falar da sucessão e apontando” três equívocos” sobre o assunto. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que essa é uma decisão que cabe ao Presidente da República, mas que ainda não está tomada.

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Rendeiro entra no clube dos fugitivos famosos em Portugal

Recorde outros cinco episódios de fuga às autoridades que ficaram na história da justiça portuguesa. Da política autárquica à alta finança, passando pelas missas e pelo futebol.

João Rendeiro confirmou esta quarta-feira que não vai regressar a Portugal para cumprir as três penas de prisão efetiva a que foi condenado. Os advogados do BPP avisaram as autoridades que o ex-presidente poderia fugir e esta tarde uma juíza já fez seguir para a Interpol e Europol os mandados de detenção internacional.

Julgado por burla qualificada, falsidade informática e fraude fiscal, o antigo banqueiro é apenas o mais recente acusado ou condenado pelos tribunais portugueses a escapar para o estrangeiro para tentar não cumprir a pena ou ir a julgamento. Recorde alguns dos mais famosos casos de evasão em Portugal, que vão da política à alta finança, passando pelas missas e pelo futebol.

João Vale e Azevedo

Após ter cumprido cinco sextos de uma pena de 11 anos e meio, em cúmulo jurídico, referente aos processos Ovchinnikov, Euroárea, Dantas da Cunha e Ribafria – e já depois de ter sido detido em Inglaterra, onde se tinha refugiado, e extraditado para Portugal em 2012 –, João Vale e Azevedo acabou por ser libertado condicionalmente em junho de 2016, ficando obrigado a apresentações periódicas e proibido de ausentar-se do país.

No entanto, poucos dias antes da emissão de um mandado de detenção para cumprir uma outra pena de dez anos de prisão, esta relacionada com burlas ao Benfica nas transferências de Scott Minto, Gary Charles, Tahar e Amaral, o ex-presidente dos encarnados fugiu para Londres. A 14 de junho de 2018, segundo relatou o CM, o advogado que declarava viver apenas com 441 euros por mês e dos legumes que cultivava numa horta em Sintra, fretou um jato privado por cerca de 20 mil euros e partiu do Aeródromo de Tires rumo à capital inglesa.

Em abril de 2021, um tribunal do Reino Unido declarou que Vale e Azevedo está exonerado de insolvência, na prática perdoando-lhe os 60 milhões de euros de dívidas, dos quais cerca de 15 milhões foram desviados do clube da Luz por via da transferência de jogadores e da venda de terrenos. Com esta decisão da justiça britânica, foram-lhe restituídos todos os direitos naquele país, onde pode voltar a comprar imóveis ou outros bens sem que sejam executados pelas autoridades.

Fátima Felgueiras

O caso Saco Azul rebentou em 1999, com uma carta anónima enviada ao então Procurador-geral da República, Cunha Rodrigues, que denunciava um esquema na Câmara Municipal de Felgueiras que incluía viagens, utilização dos meios da autarquia e negócios com empresas. Acusada dos crimes de peculato e de abuso de poder e tendo sabido com algumas horas de antecedência do acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães que decretava a prisão preventiva, Fátima Felgueiras fugiu para o Brasil no dia 5 de maio de 2003. Foi a partir de lá que proferiu uma declaração que também ficou gravada na história: “Eu não fugi à justiça. Saí livremente do meu país”.

Com dupla nacionalidade – é filha de pais portugueses e natural do Rio de Janeiro, onde nasceu e viveu durante quatro anos –, a autarca socialista sempre clamou inocência e só regressou a Portugal em setembro de 2005. Detida durante algumas horas, acabou por ser imediatamente libertada, ficando a aguardar julgamento em liberdade. E poucos dias depois anunciou a candidatura à Câmara de Felgueiras, que viria a ganhar nas eleições autárquicas disputadas no mês seguinte, na liderança do movimento independente Sempre Presente. Fez apenas um mandato, acabando derrotada nas eleições seguintes (2009) por uma coligação de direita.

Em 2012, o Tribunal da Relação de Guimarães confirmou a absolvição de Fátima Felgueiras, que um ano antes tinha sido ilibada de peculato – o único crime do processo Saco Azul que não tinha sido considerado prescrito. Dos 23 crimes de que foi formalmente acusada, acabou por não ser condenada por nenhum. Em abril deste ano, em entrevista a Manuel Luís Goucha (TVI), queixou-se de “uma tremenda monstruosidade e falsidade”. “Hoje à distância, até podemos ver que daria jeito centrar as coisas naquela mulher que dava nas vistas, que fazia muita obra, que estava sempre na ribalta porque se empenhava”, disse a ex-autarca.

Padre Frederico

“Fui condenado por convicção do tribunal. Não há uma única prova contra mim. Nem de pedofilia, nem de assassinato”. Também o padre Frederico, nascido no estado brasileiro de Rio Grande do Norte, continuou sempre a afirmar ser inocente e numa entrevista ao jornal Sol, em 2015, acusou os juízes e procuradores que tiveram o seu caso em mãos de “utilizaram o método fascista” de repetir uma mentira muitas vezes até aparentar ser verdade.

Foi em 1993 que um tribunal de júri no Funchal deu como provado que, no ano anterior, Frederico Marcos da Cunha, um sacerdote católico que já estava implicado numa rede de pedofilia, atirou um jovem de 15 anos de uma falésia no Caniçal, na ilha da Madeira, condenando-o a um cúmulo jurídico de 13 anos de prisão pelo assassinato de Luís Miguel Correia e por crimes de natureza sexual.

Na sequência deste julgamento, que durou apenas três meses e foi o primeiro a ser transmitido em direto pelas televisões portuguesas, o padre Frederico começou a cumprir pena no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus. Até que a 7 de abril de 1998 aproveitou uma licença de saída precária e fugiu para Copacabana, no Rio de Janeiro, onde acabou protegido pelas regras de extradição entre Portugal e o Brasil.

Pedro Caldeira

No início dos anos 1990, depois de quase duas décadas em que liderou a maior sociedade de corretagem do país e chegou a ser responsável por mais de metade das operações negociadas na praça portuguesa, Pedro Caldeira entrou também em queda com o crash da bolsa e acabou indiciado pela prática de 17 crimes de abuso de confiança e 65 de burla agravada, por um alegado esquema que deixou na altura dezenas de credores a arder com o equivalente a 12,5 milhões de euros.

Envolvido num dos maiores escândalos financeiros em Portugal, a 23 de julho de 1992, o corretor da Bolsa de Lisboa apanhou um avião de Madrid para Miami, na Florida. Só oito meses depois, a 19 de março de 1993, acabou detido por agentes armados do FBI num hotel de luxo em Atlanta, onde estava com a família. Foi extraditado para Portugal e, oito anos mais tarde, acabou por ser absolvido dos crimes de que era acusado.

“Quando estoirei financeiramente, acabei acusado de me servir, em proveito próprio, do dinheiro dos clientes, que supostamente angariava com a miragem dos juros altos. Eu apenas investia em bolsa onde se ganha e se perde. Não comprava nem vendia ações para mim. Era nas corretagens que ganhava dinheiro: por cada mil contos que alguém transacionava, cabiam-me cinco. Foi isso que provei em tribunal, com a apresentação de 34 mil documentos“, relatou à revista Visão em 2013.

Nessa entrevista, Pedro Caldeira recordou o “poder enorme” que tornava “quase obrigatório que um banco estrangeiro que investisse em Portugal passasse antes por [si]” ou como os planos de ser banqueiro, com Américo Amorim ou Ilídio Pinho como acionistas, foram bloqueados pelo então primeiro-ministro, Cavaco Silva. “Tenho a perfeita noção de que o que me perdeu na vida – independentemente dos inimigos que ganhei – foi a minha vaidade, ambição e orgulho, que hoje considero atitudes completamente estúpidas. E fui um privilegiado. Deus deu-me tudo – até ganhei o Totoloto aos 35 anos. Mas os meus erros tudo estragaram”, admitiu.

José Manuel Beleza

“É uma coisa de que me custa falar. Na altura custou-me toda a vida profissional. Fiquei sem trabalho, andei anos e anos completamente a penar”. Foi desta forma que, em março de 2013, José Manuel Beleza recordou à RTP o processo judicial que começou quando tinha 29 anos e que só terminou aos 53 anos. Num caso que teve início em 1987 e que começou a ser investigado dois anos depois, era um dos principais arguidos num processo relativo a irregularidades detetadas pela Inspeção-Geral das Finanças nas obras de vários hospitais e em campanhas publicitárias do Ministério da Saúde, que era liderado pela sua irmã, Leonor Beleza.

Acusado de um crime de burla agravada pelo uso de uma empresa fictícia (Planimagem) para receber 40 mil contos desses contratos, o que lhe valeria uma condenação inicial a quatro anos de prisão – o ex-secretário de Estado, Fernando da Costa Freire, foi sentenciado a seis anos em 1994 –, Zezé Beleza, como era conhecido, fugiu de Portugal a 14 de maio de 1990. Procurado pela Interpol, andou a monte mais de dois anos e conseguiu que o diplomata Paulo Rufino lhe revalidasse o passaporte por duas vezes, em Banguecoque e em Praga. Aterrou em Lisboa em novembro de 1992, entregando-se às autoridades.

Os alegados crimes de burla prescreveram em 2004. Mas o Estado não desistiu e avançou com um pedido de indemnização cível no valor de 297 mil euros, acrescidos de juros de mora a contar desde fevereiro de 1991, o que dava perto de 400 mil euros só em juros. Porém, todos os réus acabariam por ser absolvidos e as custas judiciais do processo recaíram sobre o Estado português.

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