Rio acusa Governo de “andar a dormir” face a níveis baixos de barragem do Alto Lindoso
"A EDP continuou a produzir no quadro em que lhe é permitido, mas competia ao Governo, a tempo e horas, evitar isto", criticou o líder social-democrata.
O presidente do PSD acusou esta segunda-feira o Governo de “andar a dormir”, permitindo que a barragem do Alto Lindoso, Ponte da Barca, atingisse a “pior situação de sempre” na armazenagem de água em virtude da seca que o país atravessa.
“Quem olha para estas imagens percebe automaticamente que estamos na pior situação que alguma vez esta barragem teve na sua história. Isto mostra que o Governo esteve a dormir e não esteve, a tempo e horas, atento para não permitir que a EDP não tivesse produzido mais energia do que aquela que era possível produzir face à situação de seca em que estamos”, afirmou Rui Rio junto à barragem do Alto Lindoso, no distrito de Viana do Castelo.
Para o presidente do PSD, que falava aos jornalistas acompanhado do presidente da Câmara local, dos deputados eleitos pelo Alto Minho e por deputados da comissão parlamentar do Ambiente, “se o Governo tivesse dito à EDP, a tempo e horas, que não podia produzir mais energia a partir das barragens em face da situação de seca”, a situação não era a atual.
“A EDP continuou a produzir no quadro em que lhe é permitido, mas competia ao Governo, a tempo e horas, evitar isto. Isto deve-se à seca, é certo, mas está pior justamente porque o Governo não cumpriu aquilo que devia ter cumprido”, sustentou.
Rui Rio defendeu que o contrato de concessão da barragem do Alto Lindoso deve ser “revisitado, alterado, mas para lá do contrato o Governo tinha possibilidades de mandar parar [produção de energia] muito antes de a EDP ter parado. Se a EDP não tem parado ainda era pior, porque por ação do Governo estava pior”.
Questionado sobre o projeto da EDP para a construção de uma mini-central para produção de mais eletricidade a partir dos caudais ecológicos obrigatórios da barragem do Alto Lindoso, que foi aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), contra uma recomendação da comissão de avaliação, Rio defendeu uma “base de sustentação muito forte para contrariar a sustentação técnica”.
Disse também ter sido informado pelo autarca de Ponte da Barca, Augusto Marinho, da necessidade de atualização do “plano de ordenamento do território em torno das barragens”. “Não é alterado há muito tempo e deveria ser alterado e programado em função das circunstâncias. Não quero dizer desmazelo, mas há um abandono efetivo”, referiu.
A albufeira da barragem hidroelétrica do Alto-Lindoso situa-se no rio Lima, entre as freguesias de Lindoso e Soajo (concelhos de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, respetivamente), dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
A barragem foi projetada em 1983 e concluída em 1992. Inaugurada em março de 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, a sua utilidade é a produção de energia elétrica. Tal como já tinha acontecido em anos anteriores, como em 2021, os valores de armazenamento de água voltaram a trazer à luz dia a aldeia de Aceredo, no concelho galego de Lobios (Espanha).
Em 1992, com a construção da barragem pela EDP, aquela aldeia foi submersa pelas águas, fazendo desaparecer cerca de 40 casas, ocupadas na altura por cem habitantes, além de vários hectares de produção agrícola. Com esta descida histórica do nível da água, Aceredo ressurgiu e, nos últimos meses, tornou-se local de visita de portugueses e galegos.
Nas redes sociais são inúmeros os registos fotográficos de visitantes ao que resta da antiga aldeia, como é o caso de fonte deitava água.
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