BCE recusa aumento salarial indexado à inflação
Os cerca de 3.700 funcionários do BCE tiveram em janeiro um aumento salarial de 1,48%. "A nossa perda salarial real é agora de 6%", diz o sindicato.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, recusou indexar os salários dos funcionários da instituição à inflação galopante, num momento em que o BCE quer evitar uma espiral salários-preços na zona euro. “Uma indexação dos salários à inflação não é desejável nem pretendida”, afirmou Lagarde numa mensagem dirigida na passada quinta-feira aos trabalhadores do banco central, um dia após uma reunião de diálogo social e citada hoje pela AFP.
O sindicato IPSO tinha reclamado uma atualização dos salários, depois do aumento acordado em janeiro. A recusa de um aumento ocorre quando o BCE continua a enfatizar a importância de evitar “efeitos de segunda ordem”, com a inflação a levar a reivindicações salariais que podem, por sua vez, impulsionar os preços.
A inflação na zona euro, estimulada pelos preços da energia num contexto de guerra na Ucrânia e de escassez de alguns bens, atingiu uma taxa recorde de 7,5% em abril, segundo o Eurostat, muito acima do valor de 2% defendido pelo BCE.
Lagarde disse compreender a “preocupação” com a inflação elevada manifestada “no seio do BCE e por muitas pessoas fora” da instituição, mas ao mesmo tempo lembrou a primazia do mandato para a “estabilidade de preços” que visa colocar a inflação em 2%.
“A nossa perda salarial real é agora de 6%” e “a direção do BCE pede-nos a nós e a todos os trabalhadores europeus para suportar isso no interesse da estabilidade de preços”, afirmou à AFP Carlos Bowles, vice-presidente do sindicato IPSO na instituição.
“Não podemos aceitar” esse raciocínio, porque “a estabilidade de preços é antes de mais proteger o poder de compra das pessoas”, considerou. Os cerca de 3.700 funcionários do BCE tiveram em janeiro um aumento salarial de 1,48%.
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