Grupo José de Mello vai investir mil milhões até 2030
"Holding" liderada por Salvador de Mello terminou o ano com 1.033 milhões em receitas e um lucro de 58 milhões. Redução da dívida permite abrir novo ciclo de investimento,
O Grupo José de Mello tem planos para investir mil milhões de euros até ao final de 2030. Dinheiro será aplicado no crescimento dos negócios atuais mas também poderá ir para novas áreas de atividade. A holding terminou o ano com um aumento de 33% nas receitas recorrentes e lucros de 58 milhões.
“Temos planos para realizar mil milhões de euros em investimentos até 2030, a partir dos nossos ativos em Portugal“, relevou Salvador de Mello, presidente executivo do Grupo José de Mello, num encontro com jornalistas para apresentação das contas de 2021.
O investimento será direcionado “para as principais plataformas do grupo no âmbito dos seus projetos de crescimento”, mas não só. “Estaremos abertos a oportunidades em Portugal”, afirma o CEO. “Setores com características de exportação”, na indústria ou serviços, serão os preferidos.
O novo hospital anunciado pela CUF para Leiria e os investimentos da Bondalti no hidrogénio, com vista à sua descarbonização, foram os exemplos avançados. Naquele pacote está também o projeto de hidrogénio com que aquela última concorreu às agendas mobilizadoras do PRR e que só avançará se os fundos forem atribuídos.
A holding terminou o ano com um resultado líquido de 58 milhões, um número muito inferior aos 355 milhões contabilizados no ano passado, mas que beneficiou com a mais-valia de 340 milhões da venda da participação de 40% na Brisa a um grupo de investidores institucionais. As receitas cresceram 33% para 1.033 milhões numa base recorrente e o EBITDA duplicou para 138 milhões. Nas contas consolidam a Bondalti (detida em 100%), a CUF (66%), a Brisa (17%) e a Soluções e Serviços para Seniores (70%).
O grupo José de Mello tinha no final de dezembro uma dívida consolidada de 998 milhões de euros, capitais próprios de 876,4 milhões e uma autonomia financeira de 36,1%. “É com este balanço sólido que nos propomos a desenvolver os planos de investimento”, afirmou Salvador de Mello, salientando que “a dívida deixou de ser um problema”. “No passado foi, mas tivemos a capacidade de tomar as decisões que se impunham para tornar o grupo robusto”.
“A vida foi muito difícil ao longo da pandemia para muitas empresas e também para a José de Mello. Não fizemos lay-off e não despedimos pessoas. Pelo contrário, temos vindo a contratar”, disse Salvador de Mello. A holding conta atualmente com 13.200 colaboradores, dos quais 7.200 diretos e 5.000 através de prestadores de serviços. E não tem sentido dificuldade em recrutar. “Temos tido uma grande capacidade para atrair talento, dada a nossa possibilidade de oferecer carreiras diversificadas”
Grupo acompanha privatização da Efacec à distância
Embora não consolide nas contas do grupo, a José de Mello tem uma participação de 14% na Efacec, estando na fase final a privatização de 71,73% à DST. Questionado sobre uma eventual diluição da posição com a recapitalização da empresa, Salvador de Mello não quis fazer comentários. Disse também que o grupo que dirige não está envolvido no processo que está a ser levado a cabo pelo Governo.
“Não sabemos os contornos da privatização e aguardamos a informação. [O Grupo José de Mello] não tem participado na solução que o Estado enquanto acionista está a desenvolver. Esperamos que esteja concluído em breve”, afirmou o CEO. A entrada da DST no capital da Efacec já teve a luz verde da Autoridade da Concorrência e o ministro da Economia afirmou recentemente que espera que a operação esteja concluída até ao final de junho.
Salvador de Mello também não quis comentar a escolha do grupo DST. “Se o Estado vier a concluir que é a DST, com certeza que acha que é um acionista capaz de desenvolver o negócio. Ficarmos com a Efacec está fora de questão”.
Também foi abordada a venda em curso dos hospitais da Lusíadas Saúde. O CEO afirmou que a CUF olhou para o negócio, mas que não está na corrida. A última Parceria Público-Privada (PPP) do grupo, no Hospital de Vila Franca de Xira, terminou no ano passado. O presidente executivo não acredita que o Governo volte a lançar novas PPP.
Salvador substituiu o irmão Vasco (que passou a chairman) no cargo em janeiro de 2021. Instigado a fazer balanço deste período respondeu: “Vejo muito mais como um desafio de continuidade do que de mudança. Não é por acaso que no nosso propósito dizemos que cultivamos o legado, com sentido de adaptação aos novos tempos.”
(notícia atualizada às 18h)
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