Juros da dívida em alta, mas risco face à Alemanha cai após BCE
Banco Central da Suíça anunciou primeira subida da taxa de referência em 15 anos e apanhou mercado de surpresa. Juros da dívida da periferia sobem, mas o diferencial em relação à Alemanha recua.
Um dia depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado medidas anti-crise da dívida na Zona Euro, os juros das obrigações da periferia voltam a subir de forma expressiva, mas os prémios de risco (spreads) em relação à Alemanha recuam ligeiramente.
As yields associadas à Obrigações do Tesouro a cinco e a dez anos de Portugal sobem cerca de dez pontos base em relação ao fecho anterior, situando-se agora nos 2,327% e 2,961%, respetivamente.
Itália, que tem sido o principal foco de tensão das autoridades europeias nos últimos dias, também tem o juro a dez anos a subir dez pontos base e volta a romper a barreira dos 4%, negociando nos 4,018%, de acordo com os dados fornecidos pela agência Reuters.
A taxa espanhola no mesmo prazo dá um salto maior: avança 12 pontos e está agora nos 3,001%.
Portugal, Itália e Espanha foram justamente os países que registaram as maiores quedas nos juros na sessão desta quarta-feira, com descidas entre os 20 pontos base e os 30 pontos base, na sequência das medidas anunciadas pelo BCE para travar uma nova crise da dívida soberana na Zona Euro.
O conselho de governadores anunciou que vai avançar com a criação de uma ferramenta anti-fragmentação para evitar que os juros da periferia disparem em relação ao resto da região, designadamente a Alemanha, e travar um alargamento descontrolado dos spreads que ponha em risco os países mais endividados, que era o que já estava sucedendo desde que na semana passada o BCE anunciou o fim do programa de compras APP e o início de um novo ciclo de subidas dos juros para travar o disparo da inflação.
Esta quinta-feira, embora os juros dos países periféricos estejam em alta, também os juros alemães avançam e a um ritmo mais acelerado. A dívida alemã é considera a referência para o mercado da Zona Euro. A taxa das obrigações germânicas a dez anos sobe 13 pontos para 1,784%, o que significa que o prémio de risco de Itália, Portugal e Espanha face à Alemanha está a reduzir.
O diferencial entre os juros de Itália e Alemanha estreitou-se assim para os 220 pontos base. Não há um prémio que os investidores considerem razoável para Itália, mas um responsável de um banco italiano sublinhou que um nível sustentável para o país deveria situar-se entre os 100 pontos base e os 150 pontos base.
Quanto ao prémio de risco de Portugal, reduz-se para os 118 pontos base, praticamente metade do spread que os investidores determinam para Itália.
Os analistas associam as subidas dos juros ao anúncio surpresa do Banco Central da Suíça de aumentar a taxa de referência em 50 pontos base, naquela que foi a primeira subida em 15 anos.
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