Harpoon.jobs investe em metaoffice. Maioria das entrevistas já se fazem neste escritório virtual
A plataforma de recrutamento já convida a grande maioria dos candidatos a uma entrevista no seu metaoffice, que é como quem diz, no seu escritório no metaverso.
Em vez de uma morada com código postal ou de um convite para uma reunião Zoom, Teams ou em qualquer outra plataforma de videochamada, a Harpoon.jobs já desafia a grande maioria dos candidatos que entrevista a sentarem-se numa mesa no seu metaoffice, que é como quem diz, no seu escritório no metaverso. Além de ser um fator diferenciador no recrutamento de talento, a plataforma, que atua na área de recursos humanos, acredita que este espaço virtual também tem beneficiado a dinâmica da própria equipa.
“É como se fosse chegar ao escritório pela manhã. Esta é a mesa onde me costumo sentar. Aqui senta-se, normalmente, o Mauro e, neste sítio, a Mar. Podem-se acrescentar-se e retirar-se coisas. Por exemplo, eu acrescentei um timer, que ajuda-me a fazer uma melhor gestão do meu tempo”, começa por explicar Elísio Sousa, chief operating officer da Harpoon.jobs, ao mesmo tempo que nos faz uma visita guiada pelo metaoffice da companhia.
Elísio Sousa — na sua versão de avatar — corre os corredores da recrutadora, enquanto nos mostra salas de reunião, auditórios para conferências e webinars, espaços para descansar e fazer uma pausa a meio do dia, para trabalhar em equipa e até zonas verdes no exterior, onde uma fonte proporciona um ambiente sonoro parecido ao que teríamos no mundo real. Por fim, chegamos à maior sala deste escritório, que é onde se fazem as entrevistas aos canditatos.
“Nesta sala enorme já fazemos a maioria das entrevistas. E é muito engraçado porque isto é privado, portanto quem está de fora não consegue ouvir a conversa entre o recrutador e o candidato. Apenas consegue ver que estão aqui duas pessoas e, enquanto falam, aparece um balão que indica precisamente que está a haver uma conversação”, esclarece.
Até agora, tem sido um “ótimo desbloqueador de conversa”, garante Elísio Sousa. “Toda a gente ouve falar em meta, em trabalho híbrido… Mas poucas são as pessoas que têm, de facto, esse contacto. Quando entram no nosso escritório e veem que é fácil, indolor e atrativo, de repente sentem-se entusiasmadas e isto ajuda a que o processo de entrevista seja mais agradável para ambas as partes.”
Entrar na reunião é simples, nem sequer é preciso instalar nenhuma ferramenta em especial. A Harpoon.jobs envia apenas um link aos candidatos, através do qual podem facilmente aceder à entrevista. “O metaoffice existe na cloud. Por exemplo, a nossa equipa tem acesso permanente. Aos convidados, enviamos um link para acederem a uma determinada reunião, por um determinado período temporal. A pessoa acede e não tem de instalar nada, é tudo na cloud. Faz o seu avatar, modifica-o…”
Toda a gente ouve falar em meta, em trabalho híbrido… Mas poucas são as pessoas que têm, de facto, esse contacto. Quando entram no nosso escritório e veem que é fácil, indolor e atrativo, de repente sentem-se entusiasmadas e isto ajuda a que o processo de entrevista seja mais agradável para ambas as partes.
O mesmo processo para os clientes, com quem a empresa já faz também reuniões no metaoffice, embora ainda em menor escala. “Com determinados clientes — ainda não são todos os que podemos passar para aqui — já fazemos reuniões no metaoffice. Neste momento, 30% dos nossos clientes já se reúnem connosco aqui”, avança Maria Falcão, que assumiu o cargo de co-CEO da empresa em abril.
Todo o processo é muito gamificado. É possível vestir o avatar, escolher acessórios, colocar objetos em cima da mesa de trabalho, como se de um jogo se tratasse. “No outro dia, estava a personalizar a minha mesa de trabalho e, de repente, ganhei um token porque já tinha personalizado dez coisas diferentes. É super engraçado”, admite Elísio Sousa.
“Há muitos encontros informais no metaoffice“
Para a própria dinâmica interna da equipa da Harpoon.jobs tem trazido vantagens. “Este metaoffice faz com que possamos sentir que estamos, de facto, próximos e que estamos no escritório sem estar fisicamente. O levantar da mesa e ir falar com outra pessoa — sem ter de ligar –, ou os encontros no corredor… Há muitos encontros informais no metaoffice, e isso facilita muito. O link para uma reunião toda a gente tem, mas o facto de poderes conversar com uma pessoa a meio do dia, a meio de uma tarefa, de trocar ideias, é muito enriquecedor”, afirma Maria Falcão.
Apesar de estar a trabalhar num modelo híbrido — dois dias no escritório e três dias de teletrabalho — a equipa sente que consegue estar próxima todos os dias da semana. Quando não está no espaço de cowork Avila Spaces – Atrium Saldanha, onde trabalha, está no metaoffice.
A ideia surgiu, contudo, porque nem todos os membros da equipa estão em Lisboa, a começar, desde logo, pelo mentor da plataforma, Mathieu Douziech. A trabalhar a partir de Banguecoque (Tailândia), Mathieu Douziech foi o grande impulsionador desta mudança para o metaverso.
“Depois de um ano e tal de pandemia, sem poder viajar para a Europa, sentia-me longe da equipa, apesar de falar com eles todos os dias. E o metaoffice trouxe um lado extremamente humano, de proximidade, apesar de ser uma ferramenta digital. Tens a possibilidade de falar com a pessoa e vê-la na mesma sala que tu, na sala do lado, em reuniões… Traz uma aproximação que não tínhamos antes”, descreve o fundador e coCEO da Harpoon.jobs.
O metaoffice trouxe um lado extremamente humano, de proximidade, apesar de ser uma ferramenta digital.
O balanço, mesmo na dinâmica interna, tem sido muito positivo. “Conseguimos ter aquela dinâmica do perceber que alguém está em entrevista sem precisar de lhe telefonar, conseguimos perceber que alguém está a relaxar porque está no espaço do metaoffice próprio para descansar, podemos estar a fazer o nosso trabalho e estar a ver que, ao mesmo tempo, na sala ao lado, está a haver um webinar com outras empresas, ou uma reunião com um cliente… Podemos ver vida a acontecer. É mesmo aglutinador”, explica o chief operating officer.
“No fundo, partilhamos um espaço. E nós temos uma equipa jovem, eles adoram o facto de termos o metaoffice, acham super cool. Nem sequer temos de dizer para irem para lá, eles sentem-se como ‘peixes na água’. É, de facto, um elemento de cultura e de pertença, para nós e, por outro lado, de diferenciação”, acrescenta Maria Falcão.
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