Alemanha e Áustria reativam centrais a carvão face a cortes no gás russo
Depois de a Rússia reduzir o fluxo de gás enviado através do Nord Stream, a Alemanha e a Áustria anunciaram medidas que visam mitigar os efeitos, entre elas, a reabertura de centrais a carvão.
Perante a redução do fluxo de gás proveniente da Rússia, a Alemanha e a Áustria avançaram com um conjunto de medidas para responder à decisão do Kremlin, que incluem aumentar o nível de armazenamento de gás, mas também o regresso ao uso do carvão para produzir eletricidade.
De acordo com o Financial Times, Berlim espera “aumentar significativamente” o recurso ao carvão para preservar o fornecimento de energia antes do inverno, uma vez que os cortes através do Nord Stream comprometeram os níveis de abastecimento necessários para enfrentar a época mais fria tanto no país, como no bloco europeu. A Alemanha tem como meta garantir níveis de armazenamento de 80%, até outubro, e 90%, até novembro. Neste momento, os reservatórios de gás do país situam-se em 56%.
O governo alemão anunciou no domingo que vai aprovar um conjunto de medidas para mitigar os efeitos negativos desta decisão, entre elas, uma lei de emergência para reabrir as centrais de carvão paradas, de forma a garantir a geração de eletricidade, bem como um sistema de leilão para incentivar a indústria a consumir menos gás, para que este possa ser depois armazenado.
Fonte do governo adiantou à Reuters que o executivo de Olaf Sholtz prevê incluir, também, uma linha de crédito avaliada em 15 mil milhões de euros para a operadora do mercado de gás na Alemanha, através do banco público KfW, encher os depósitos de armazenamento mais rapidamente, disse uma fonte do governo.
“É amarga [a decisão], mas nesta situação é essencial reduzir o consumo de gás”, frisou o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, do partido Os Verdes, acrescentando que incluir o carvão no mix energético do país pode adicionar até 10 gigawatts de capacidade em caso de uma situação crítica no fornecimento de gás. “É doloroso, mas é uma necessidade absoluta nesta situação reduzir o consumo de gás”, frisou.
Recorde-se que, na semana passada, a Gazprom, empresa estatal russa, avançou com a redução de 60% no fornecimento de gás natural à Alemanha através do Nord Stream. Além da Alemanha, também a Itália foi visada com um corte de 50% e, segundo o Financial Times, a lista inclui, também, a Eslováquia e a Áustria – país que anunciou também estar a preparar a reativação da produção elétrica a partir de carvão.
O chanceler austríaco anunciou que o Governo vai trabalhar com o grupo Verbund, o maior produtor de energia, para retomar a produção na central da cidade de Mellach. A central de Mellach foi a última unidade a carvão a operar na Áustria, tendo encerrado na primavera de 2020 no quadro da política de mudança para as energias renováveis.
“O governo federal e o grupo de energia Verbund concordaram em converter a central de aquecimento do distrito de Mellach (Styria), que está atualmente fechada, para que, em caso de emergência, possa novamente produzir eletricidade a partir de carvão (não gás)”, cita a Reuters o comunicado do escritório do chanceler austríaco, Karl Nehammer, publicado depois de uma reunião de crise do governo. A Áustria recebe cerca de 80% do gás da Rússia.
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