BRANDS' ECO Greenvolt vai “agarrar as oportunidades” nas renováveis
A Greenvolt está a realizar um aumento de capital de quase 100 milhões de euros. Em entrevista ao ECO, o diretor executivo da empresa mostra-se confiante no sucesso da operação.
A GreenVolt é uma empresa de energias renováveis que tem na sua génese a atuação em biomassa residual renovável, onde tem um histórico de mais de 15 anos, mas também marca presença no segmento de mercado mais tradicional das energias renováveis – o solar e o eólico.
Ainda assim, a área em que a empresa identifica um maior potencial de crescimento é na geração distribuída de energia renovável, na qual apresentam soluções de geração de energia através de fontes solares fotovoltaicas vocacionada essencialmente para o autoconsumo. O objetivo é a poupança na fatura energética para todos.
Com vista a poder continuar a crescer melhor e mais rapidamente nos negócios das energias renováveis, a Greenvolt anunciou há dias que vai fazer um aumento de capital de quase 100 milhões de euros. Em entrevista ao ECO, Ricardo Mendes Ferreira, diretor executivo da Greenvolt, revelou confiança no sucesso da operação, tendo em conta o forte compromisso assumido pelo grupo de atuais acionistas da empresa.
As energias renováveis são a solução para enfrentar os preços elevados de energia a que estamos a assistir?
Esta escalada dos preços da energia veio colocar as renováveis em destaque. Apesar de Portugal não ter reservas de combustíveis fósseis, foi um dos primeiros países a apostar na geração de energia a partir de fontes renováveis. Fê-lo numa altura em que poucos perceberam os benefícios das renováveis, algo que só mais tarde veio a ser reconhecido. E, agora, estamos a colher os proveitos dessa aposta pioneira, embora não sejamos imunes à alta dos preços nos mercados internacionais. Fizemos a aposta certa no momento certo, mas é preciso fazer mais.
A União Europeia, perante a lamentável invasão à Ucrânia por parte das forças russas, percebeu o caminho trilhado por alguns países como o nosso e quer, agora, corrigir os entraves que existem ao desenvolvimento das renováveis. O REPowerEU vem tornar mais céleres os processos de licenciamento dos projetos, nomeadamente os de energia solar fotovoltaica de grande escala, mas também revela uma clara aposta na geração descentralizada de energia, como prova o objetivo de até ao final da década garantir que todos os telhados passem a ser produtores de energia a partir do sol.
Essa aposta da UE cria oportunidades para a GreenVolt?
Sem dúvida. A GreenVolt assenta a sua estratégia de negócio em três pilares – a produção de energia a partir de biomassa residual, quer em Portugal, quer no Reino Unido, e no desenvolvimento de projetos de energia solar e eólica, incluindo a geração de energia solar descentralizada. Ao longo de 2021, fizemos já uma série de aquisições de projetos solares e eólicos, mas também várias parcerias para o desenvolvimento de parques de grandes dimensões. Ao mesmo tempo, temos vindo a crescer por aquisições no segmento da geração descentralizada, mas também crescemos de forma orgânica, como é exemplo disso a Energia Unida, uma empresa focada nas comunidades de energia renovável.
São essas oportunidades que levam a GreenVolt a fazer um aumento de capital de quase 100 milhões de euros?
No verão de 2021, aquando da entrada em bolsa, fizemos um aumento de capital de 150 milhões de euros que nos permitiu, e continua a permitir, lançar vários projetos e fazer as aquisições que temos vindo a anunciar ao mercado. Tínhamos 3,6 GW em carteira na altura da entrada em bolsa, agora estamos nos 6,6 GW, com 2,7 GW prontos a construir ou com entrada em operação prevista até 2023. Mas queremos realizar ainda mais depressa os investimentos previstos, ao mesmo tempo que garantimos que temos o músculo financeiro, a disponibilidade de liquidez que necessitamos, para agarrar as oportunidades que vemos no horizonte. Não são oportunidades que vão surgir só daqui a 10 ou 20 anos, estão já aqui. E nós queremos agarrá-las, para continuarmos a crescer de forma sustentada e a contribuir para um futuro que se quer cada vez mais sustentável.
Está confiante no sucesso do aumento de capital?
Claro que sim. Primeiro, porque temos acionistas comprometidos com o futuro da empresa, conscientes das oportunidades e da importância para a GreenVolt de estar na linha da frente deste negócio. Prova disso é que quase metade do aumento de capital já está assegurado por esse grupo de investidores, mas também o forte apetite demonstrado pelos direitos de subscrição que o Grupo Altri vendeu, permitindo assegurar mais de dois terços da operação. Segundo, a GreenVolt demonstrou aos seus acionistas, mas também aos restantes investidores e ao mercado, a capacidade de execução do seu plano de crescimento, superando largamente as metas que foram anunciadas há apenas um ano, e isso também se tem refletido positivamente no mercado acionista. Terceiro, percebemos que há cada vez mais investidores conscientes da importância das energias renováveis e que, por isso, sentem a necessidade de encontrar no mercado propostas de valor que considerem interessantes, diferenciadoras. E a GreenVolt oferece-lhes isso.
Vão vender as novas ações a 5,62 euros. Porquê este valor?
Quando realizamos o aumento de capital que nos levou para a bolsa de Lisboa, onde acabámos por passar a integrar o PSI passados apenas três meses, definimos um valor de 4,25 euros. Tínhamos investidores dispostos a comprar ações a valores mais elevados, mas quisemos apresentar uma proposta de valor que nos permitisse ter uma base de investidores diversificada. Agora, com este aumento de capital, e tendo em conta os valores de mercado, fixámos o preço de subscrição das novas ações em 5,62 euros, um valor que representa um desconto de cerca de 22,5% face ao preço teórico das ações após o destaque dos direitos de subscrição dos novos títulos. Mais uma vez, acreditamos que a proposta que apresentamos aos acionistas e aos restantes investidores é atrativa, tendo em conta não só o trabalho já feito como tudo o que nos propomos a fazer para reforçar a posição da GreenVolt no mercado da energia renovável.
Já disse que está confiante no sucesso da operação. Quando saberá os resultados deste aumento de capital?
Esta será uma operação realizada rapidamente e, acredito, bem-sucedida. O aumento de capital está no mercado, os investidores estão a negociar os direitos de subscrição das novas ações e quem já era acionista, e vai participar no aumento de capital, está a subscrever os títulos desde o dia 20 de junho. Todos os investidores têm até 4 de julho para manifestarem a intenção de comprar as novas ações, sendo que no dia seguinte será feito o apuramento dos resultados. Aí saberemos o interesse que as ações da GreenVolt espoletaram nos investidores, saberemos o valor alcançado.
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