Quase metade dos apoios Covid pagos à saúde em 2020 foram a privados
Os apoios da Segurança Social para os prestadores de saúde, no âmbito das medidas excecionais Covid-19, "totalizaram 76,8 milhões de euros em 2020", revela o INE.
No primeiro ano da pandemia, a Segurança Social pagou apoios no valor de 76,8 milhões de euros aos prestadores de cuidados de saúde. Quase metade deste valor foi pago aos prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório, segundo a Conta Satélite da Saúde divulgada pelo INE esta sexta-feira.
Os apoios no âmbito das medidas excecionais Covid-19 “totalizaram 76,8 milhões de euros em 2020, cerca de 48% foram pagos aos prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório”, indica o INE.
Já no ano seguinte, o montante dos apoios da Segurança Social pagos aos prestadores caiu para menos de metade. “Estima-se que em 2021 tenham sido atribuídos 34,6 milhões de euros“, segundo o gabinete de estatísticas. É de recordar que o ano de 2021 ainda foi marcado por vários confinamentos e medidas de restrição, apesar de ter também avançado um esforço de vacinação da população.
A pandemia influenciou também a despesa em saúde, tanto pública como privada, em 2021. A despesa corrente pública terá crescido 11,0%, segundo as estimativas do INE, o que reflete o “aumento da despesa associada com o combate à pandemia e a retoma da assistência em áreas não Covid-19”. Para este desempenho contribuíram ainda fatores como o aumento de 17,1% no consumo intermediário (vacinas, testes Covid-19, produtos e outros) e o aumento de 5,8% nos custos com pessoal (novas admissões, horas extraordinárias e aumentos salariais) de prestadores públicos.
Já do lado dos privados, o aumento é maior, derivado também deste segmento ter registado um decréscimo de 5,5% no ano anterior. A subida da despesa corrente privada terá sido de 14,7% em 2021, o que se deveu principalmente ao “aumento da atividade assistencial de prestadores, nomeadamente hospitais, prestadores de cuidados de saúde ambulatoriais, serviços auxiliares e vendas de produtos médicos”.
Desta forma, olhando para o total, “a despesa corrente em saúde cresceu 12,2%, atingindo 11,2% do PIB (mais 0,7 p.p. do que em 2020), o nível mais elevado da série disponível iniciada em 2000″, avança o INE. “A manutenção da situação pandémica e a recuperação da atividade assistencial dos prestadores contribuíram para o aumento significativo da despesa corrente pública (+11,0%) e privada (+14,7%)”, explicam.
O peso da componente pública na despesa total em saúde recuou em 2021, mas continua a representar dois terços do total. Em 2020, representou 66,8% da despesa corrente, o maior peso relativo desde 2011 (67,5%), enquanto para 2021 se prevê um decréscimo de 0,7 p.p. no peso da despesa corrente pública em comparação com a despesa privada, para 66,1%.
Os dados mostram ainda que em 2020, o Serviço Nacional de Saúde, bem como o regional, aumentaram o financiamento aos hospitais públicos em 14,7% e diminuíram os gastos com hospitais privados em 18,7%, o que se deve em grande parte à redução de gastos com as Parcerias Público-Privadas, que têm sido terminadas nos últimos anos.
Já a despesa das famílias em saúde recuou 6% em 2020, nomeadamente pelo menor recurso aos hospitais mas também devido à isenção de algumas taxas moderadoras. Já em 2021, a despesa das famílias deverá em saúde deverá crescer 15,4%, nomeadamente com a recuperação após a Covid-19.
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