Salários reais caem 4,6% em Portugal devido à inflação
Ordenado bruto cresce para 1.439 euros por mês no segundo trimestre, mas aumento superior da inflação retira poder de compra aos portugueses. Funcionários públicos são quem mais perde face há um ano.
A remuneração bruta mensal média por trabalhador, que exclui outras componentes salariais e os subsídios de férias e Natal, aumentou 3,1%, para 1.439 euros, no segundo semestre deste ano, mas em termos reais diminuiu 4,6% devido à inflação registada neste período (8%), de acordo com os dados divulgados pelo INE esta quinta-feira, relativos à evolução dos rendimentos dos portugueses.
Estes resultados abrangem 4,4 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações. E assinalam que, no caso da remuneração base e regular, a queda real foi ainda superior (-5,1%) nos três meses terminados em junho.
Em junho, a remuneração total variou entre 888 euros na agricultura, floresta e pesca; e os 3.527 euros no setor da energia – foram, aliás, os que tiveram maior progressão salarial (21,2%) face a junho de 2021, seguidos dos que exercem atividades de consultoria, científicas e técnicas. As empresas até quatro trabalhadores (6,5%), do setor privado (4,4%) e que prestam “serviços de alta tecnologia com forte intensidade de conhecimento (6,1%) foram as que mais subiram os ordenados no espaço de um ano.
Ao invés, embora não tenham sido observadas variações negativas da remuneração total, as menores variações homólogas foram registadas nas áreas da administração pública, defesa, saúde e apoio social. A análise por dimensão mostra ainda que os menos beneficiados ao longo do último ano foram os trabalhadores das empresas com 250 a 499 trabalhadores, em que o ordenado subiu apenas 0,1%, em termos médios.
No setor institucional das Administrações Públicas (AP) houve um acréscimo homólogo de 1,4% na remuneração total, que atingiu 2.180 euros em junho (2.150 euros em junho do ano passado), enquanto os ordenados nas empresas do setor privado aumentaram de forma mais expressiva: a remuneração total registou uma variação homóloga de 4,4%, passando de 1.235 euros em junho de 2021 para 1.289 euros um ano depois.
“As diferenças nos níveis remuneratórios médios entre o setor das AP e o setor privado refletem, entre outras, diferenças no tipo de trabalho realizado e nas qualificações dos trabalhadores que os integram”, justifica o INE. Os funcionários públicos têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: mais de metade (54,3%) tem o ensino superior (vs. 22% no privado). 25,5% completaram o secundário (vs. 31,4%) e 20,2% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico (vs. 46,6% no setor privado).
Na indústria transformadora, o valor mais elevado da remuneração bruta total é pago nas empresas de alta tecnologia industrial (1.966 euros). Por outro lado, no mesmo mês, o mesmo indicador salarial para quem presta serviços intensivos em conhecimento foi 1.815 euros, em termos médios, atingindo o montante mais elevado nas empresas de serviços financeiros com forte intensidade de conhecimento (2.535 euros).
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