TAP contraria sindicato dos pilotos e afirma gastar menos com alugueres face a 2018 e 2019
"Desde o início do ano e até à data atual, a TAP está gastar apenas 45% do que gastou em 2018 e 70% do que gastou em 2019", disse a empresa, contrariando as acusações do sindicato dos pilotos.
A TAP afirmou este sábado à Lusa que, até à data atual, gastou menos que em 2018 e 2019 em alugueres de aviões com todos os serviços incluídos, contrariando acusações do sindicato dos pilotos.
“Desde o início do ano e até à data atual, a TAP está gastar em ACMI [aluguer de aviões com tudo incluído – Aircraft, Crew, Maintenance e Insurance – avião, pessoal, manutenção e seguros] apenas 45% do que gastou em 2018 e 70% do que gastou em 2019, no mesmo período”, disse fonte da TAP.
Na quarta-feira, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusou a gestão da TAP de “desperdiçar” as receitas do verão com “milhões de erros” ao longo do ano, como a contratação externa de serviços. Entre os aspetos apontados está a contratação externa de serviços a várias companhias aéreas, “algumas com sede em paraísos fiscais”, que, segundo o sindicato, “quase triplicou” em 2022, depois de ter dispensado aviões e pilotos.
Numa mensagem enviada aos trabalhadores da manutenção, a que a Lusa teve acesso, o diretor-geral de Manutenção & Engenharia [ME] da TAP, Mário Lobato Faria, justificou a contratação de inspeção de aeronaves ao exterior da empresa com “falta de capacidade”, tal como sucedeu em 2016 e 2017.
“Essa ausência de capacidade prende-se sobretudo com os constrangimentos impostos pelo aeroporto, com a internalização das inspeções dos A330, antes feitas na ME Brasil [divisão entretanto encerrada] e com limitações acrescidas na gestão dos slots dos nossos hangares”, pode ler-se na mensagem.
As limitações devem-se aos novos Airbus A330 NEO, refere, com os slots no hangar a passarem de três para dois “no que respeita aos A330”, deixando também de ser possível a “facilidade de ‘arrumar’ A320 passando por baixo das asas dos A330″, devido às ‘sharklets’ [componente aerodinâmico na ponta das asas]”.
O responsável frisou ainda a redução de pessoal e as medidas dos acordos de emergência, “que introduziram regimes de ‘part time’ [tempo parcial] para os associados do SITEMA [Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves] e que foi possível terminar desde 01 de agosto, o que representou um aumento equivalente de capacidade de cerca de 67” técnicos.
Na nota enviada à Lusa, a TAP considerou que “a estratégia de comunicação do SPAC tem-se centrado no ataque constante à gestão” da empresa, defendendo que “a realidade não se constrói através de ataques constantes e narrativas destrutivas injustificadas”.
“A qualidade e sucesso da gestão de qualquer empresa é medida pelos indicadores e resultados obtidos por essa gestão”, referindo a TAP que apresentará resultados no dia 23 de agosto, sendo eles, “e todos os indicadores que eles vão evidenciar, que falam sobre a qualidade e credibilidade da gestão da TAP”.
Na quarta-feira, o SPAC lembrou que em 2018 a TAP recorreu à contratação externa de companhias aéreas para realizar os seus voos, pagando cerca de 200 milhões de euros. “As contas deste ano vão refletir a profundidade desta ação com bastante mais que os 200 milhões de euros pagos em 2018”, anteviu o sindicato, acrescentando que se trata de “valores que a gestão não divulga, a tutela não vigia e os contribuintes pagam”.
Três sindicatos do setor da aviação apelaram aos associados para participarem numa “marcha silenciosa” inédita na terça-feira para “continuar a chamar a atenção de todos” para a situação que, “infelizmente, hoje se vive na TAP Air Portugal”, foi anunciado pelo SPAC, pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA).
No início do mês, o SPAC juntou mais de 400 pilotos da TAP numa manifestação em Lisboa, junto à sede da empresa.
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