Sindicatos da TAP entregaram manifesto a Pedro Nuno Santos com seis preocupações. Uma delas é o aeroporto
Manifesto diz que atual gestão colocou a empresa em "rota de colisão" e refere "ambiente de despesismo aparentemente pouco ou nada auditado".
Três sindicatos representativos dos pilotos, tripulantes e técnicos de manutenção da TAP entregaram uma carta ao ministro das Infraestruturas com um manifesto onde acusam a gestão de colocar a empresa em “rota de colisão” e deixam várias preocupações. Uma delas é a construção do novo aeroporto de Lisboa.
A carta foi entregue após uma marcha silenciosa que decorreu esta manhã entre o Campo Pequeno e o Ministério das Infraestruturas e Habitação, organizada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA).
Na missiva conjunta as estruturas sindicais dizem que os trabalhadores por elas representados estão “preocupados com a rota de colisão em que a atual gestão colocou a empresa” para a qual trabalham. O manifesto, como os sindicatos se lhe referem, enumera uma série de preocupações, entre elas a necessidade de reforçar a capacidade aeroportuária da região de Lisboa:
1. Despesa com contratações externas
A carta refere um “ambiente de despesismo aparentemente pouco ou nada auditado”. “Em concreto, preocupa-nos a despesa com contratações externas, que tem transferido a força de trabalho, dos nossos representados, para entidades estrangeiras, com acentuado prejuízo de todos os envolvidos exceto, claro, para os sortudos signatários desses negócios”.
2. Aviões de longo curso transformados em aviões de carga
Os sindicatos afirmam que as aeronaves “nunca saíram do chão, dadas as opções de gestão em contratar empresas não certificadas para a operação. Estes custos, como sabe, ascendem a mais de 1 milhão de euros por mês, sem gerarem qualquer proveito”.
3. Mudança de sede
“A mudança de sede, é outra decisão que ninguém entende e que trará mais custos à empresa, afastará a administração e alguns departamentos dos restantes trabalhadores, com as inerentes dificuldades de coordenação que o afastamento dita, o que descaracterizará a história, o sentir e a cultura desta empresa com mais de 77 anos de serviços prestados ao país”, alegam os sindicatos. Deixam uma questão direta a Pedro Nuno Santos: “Senhor ministro, qual o destino do reduto TAP?
A companhia aérea vai mudar-se para onde é atualmente a sede dos CTT, no Parque das Nações, como avançou o ECO.
4. Esmagamento das condições de trabalho
“Os trabalhadores foram alvo de ameaças para aceitarem acordos temporários de emergência, sob pena da implementação de um regime sucedâneo, imaginário, e surreal, mas fortemente aterrador, para que fossem aceites condições de trabalho abusivas e que se mostram claramente desajustadas à realidade da retoma, que a gestão teima em não querer integrar, para a melhoria acelerada das condições de trabalho entretanto perdidas”, sustenta a carta.
5. Reintegração de pilotos
Os sindicatos questionam “porque razão a gestão anuncia, por um lado que irão reintegrar os Pilotos ilegalmente despedidos, conforme ordem judicial, mas por outro, mantém as ações principais a decorrer no Tribunal de Trabalho, com vista a concretizar esse despedimento”. “O que pretende a administração e Vossa Excelência enquanto representante do acionista Estado, ao se manter esta ambiguidade?”.
6. Novo aeroporto de Lisboa
Os sindicatos mostram-se também preocupados com a expansão da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, tendo em conta que o Humberto Delgado “está amplamente ultrapassado, fruto de um desinvestimento a que esteve votado durante décadas“. Sustentam que não foi melhorado “por força do contrato de concessão que em má hora foi concedido a empresa cujo pensamento de desenvolvimento estratégico é bem diferente do que é o interesse nacional”, numa referência à francesa Vinci.
“Lisboa é das únicas capitais europeias cujo aeroporto principal dispõe apenas de uma pista e nem um caminho de rolagem paralelo à mesma existe. Se não houver infraestrutura aeronáutica adequada, os operadores não podem aumentar a oferta e sem essa capacidade as empresas definham e os postos de trabalho escasseiam“, argumentam.
Ao mesmo tempo que apela a “uma solução séria e de âmbito nacional”, também deixa uma crítica à atuação de Pedro Nuno Santos: “Quando se esperava uma solução política, robusta para este arrastado assunto, surge o polémico despacho do Senhor Secretário de Estado Hugo Mendes, pelo qual o Senhor Ministro é responsável, que não só não o resolveu, como o protelou e aprofundou”.
Num comunicado divulgado esta manhã, a Comissão Executiva da TAP afirma que “lamenta e repudia a constante tentativa de ataques à sua credibilidade e competência, os julgamentos de intenções e a cada vez mais frequente apresentação de “factoides” avulso, propositadamente descontextualizados, distorcidos e até, nalguns casos, completamente falsos, com que alguns sindicatos bombardeiam constantemente a comunicação social”, afirma o comunicado.
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