Ministra da Saúde atribui constrangimentos atuais a escolha feita “nos anos 80”
Um número de médicos insuficiente "não é o resultado de uma escolha de hoje, ontem ou do ano passado. É o resultado de uma escolha que foi feita há várias décadas, nos anos 80", disse a ministra.
A ministra da Saúde considerou esta quinta-feira que os problemas que têm afetado recentemente o Serviço Nacional de Saúde (SNS) são consequência de decisões tomadas “há várias décadas”, apontando aos anos 80 do século passado.
“O facto de termos um número de médicos em determinadas especialidades que é insuficiente para a rede de prestação de cuidados de saúde que hoje temos – insuficiente e, em termos etários, desadequado daquilo que precisamos de garantir – não é o resultado de uma escolha de hoje, ontem ou do ano passado. É o resultado de uma escolha que foi feita há várias décadas, nos anos 80, quando o acesso aos cursos de medicina estava altamente limitado, o que levou a que tivéssemos agora o reflexo dessa escolha”, justificou Marta Temido.
Em conferência de imprensa realizada após a reunião do Conselho de Ministros, a governante – que esteve acompanhada pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva – assinalou também que os atuais constrangimentos “são reflexo de características do próprio sistema”, mas que se verificam também noutros países.
“Não são de hoje, agudizam-se em determinados momentos do ano no nosso sistema de saúde, como noutros sistemas de saúde”, salientou, acrescentando: “O Governo está a trabalhar para que no futuro esta situação possa não onerar novamente o país. Isso é a visão de longo prazo. Por outro lado, há também matérias relacionadas com a própria oferta de serviços de saúde”.
Relativamente às dificuldades que têm sido observadas em diferentes serviços de ginecologia-obstetrícia, Marta Temido observou que o Ministério da Saúde “está a trabalhar com os serviços e grupos técnicos” para que a oferta dos serviços de saúde nesta área seja redesenhada em breve. “Esperamos ter já alguns resultados no início de outubro, para que possamos discutir como nos vamos reorganizar”, notou.
Sobre o caso de uma grávida que foi levada do Seixal para o Hospital das Caldas da Rainha, já alvo de um inquérito pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), disse esperar que a situação não se repita. A governante acrescentou que há diversas investigações a decorrer sobre casos específicos e os resultados serão reportados pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
Já em relação aos estudos sobre a mortalidade infantil e materna, a ministra referiu que os mesmos estão a ser conduzidos pela Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e manifestou a expectativa de que surjam alguns resultados sobre este tema em outubro.
Paralelamente, Marta Temido garantiu que o trabalho do Ministério da Saúde com as estruturas sindicais dos trabalhadores do setor sobre a revisão das carreiras continua a decorrer. “Os processos negociais estão a ser encarados por ambas as partes com a expectativa de que possamos finalmente ter uma solução para algumas das questões suscitadas”, sentenciou.
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