Principais instituições da UE pouparam 99 milhões com viagens em 2020
As quatro principais instituições europeias pouparam 99,1 milhões de euros há dois anos com viagens, mas gastaram mais 65,6 milhões com informática e mais 110 milhões em limpeza.
As principais instituições da União Europeia (UE) pouparam 99 milhões de euros com viagens devido às restrições da covid-19 em 2020 relativamente a 2019, gastando mais 65,6 milhões em informática e mais 110 milhões com edifícios e limpeza.
Os cálculos foram feitos pela Lusa com base num relatório especial do Tribunal de Contas Europeu (TCE) publicado esta quinta sobre a forma como as instituições da UE responderam à crise pandémica, no qual o auditor europeu observa que, devido às restrições à circulação impostas em 2020, “as despesas relacionadas com as viagens diminuíram significativamente”, enquanto “as despesas com informática aumentaram devido aos investimentos adicionais necessários para apoiar o teletrabalho”.
Em concreto, as quatro principais instituições europeias auditadas pelo TCE (Comissão Europeia, Conselho, Parlamento e Tribunal de Justiça da UE – TJUE) pouparam 99,1 milhões de euros há dois anos com viagens, face aos valores de 2019, e gastaram mais 65,6 milhões com informática, de acordo com o relatório.
A maior poupança com viagens foi do Parlamento (menos 49,4 milhões), seguida pela Comissão (menos 45,9 milhões), Conselho (menos 3,4 milhões) e TJUE (menos 400 mil euros). “O alargamento das reuniões à distância pode originar poupanças nas despesas de viagem”, assinala o TCE.
No caso da assembleia europeia, por exemplo, as deslocações entre Bruxelas e Estrasburgo para as sessões plenárias nesta cidade francesa custam normalmente, de acordo com o tribunal, mais de 15 milhões de euros por ano, e no início pandemia tais viagens foram suspensas.
Já com a informática, nomeadamente com medidas adotadas para apoiar o pessoal em teletrabalho durante a crise pandémica, a Comissão gastou mais 27 milhões, o Parlamento mais 25,6 milhões, o Conselho mais 11 milhões e o TJUE mais dois milhões.
Além disso, segundo o TCE, “as despesas com edifícios foram inferiores em alguns elementos – segurança, serviços de utilidade pública – porque os edifícios estavam praticamente vazios, mas mais elevadas noutros – limpeza – devido aos protocolos associados à covid-19” e também por obras e aquisições realizadas em 2020.
Em concreto, a Comissão gastou mais 80,5 milhões com edifícios, o Parlamento mais 36,1 milhões, o Conselho menos 4,7 milhões e o TJUE mais 1,8 milhões. Os dados do relatório do TCE têm por base a execução orçamental de 2020 apresentada no orçamento da UE para 2022, sendo que as despesas de viagem abrangem o pessoal e os membros e que aqui não estão incluídas as aquisições imobiliárias realizadas pelo Parlamento em 2021 relativas a dotações transitadas de 2020.
Analisando o grau de preparação destas quatro instituições, a forma como lidaram com a covid-19 e os ensinamentos que retiraram, entre fevereiro de 2020 e julho de 2021, o auditor europeu conclui no documento que estes organismos “demonstraram a sua capacidade de resistência face à pandemia”.
“A sua resposta foi rápida e flexível, tendo beneficiado de investimentos anteriores na digitalização”, refere o TCE, precisando que “os planos de continuidade das atividades das instituições auditadas tinham a estrutura necessária para constituir uma base da sua resposta à crise, mas não foram concebidos para crises sanitárias ou perturbações a longo prazo e tiveram de ser complementados por decisões ocasionais”.
No seu conjunto, “as instituições auditadas comunicaram as poupanças realizadas em consequência da crise provocada pela covid-19 nos seus relatórios anuais de atividades relativos a 2020, mas, uma vez que estas dizem sobretudo respeito a imóveis e viagens, que em conjunto representam cerca de 10% da rubrica de despesas administrativas do orçamento da UE, o impacto daí resultante nos custos administrativos foi reduzido”.
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