Marcelo quer plano social de choque, mas alerta para riscos
Presidente da República admite que o plano de apoio Às famílias e empresas já deveria ter sido apresentado. Pede urgência, mas alerta para reajustes logo que a inflação abrande.
O Presidente da República defendeu um equilíbrio no pacote de apoio às famílias que o Governo vai anunciar esta segunda-feira para responder à inflação, considerando que é preciso atuar com urgência, mas que as medidas devem ser ajustadas mês a mês. “É preciso atuar com urgência, mas com cuidado por causa do acompanhamento da evolução económica”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas numa visita à Feira do Livro de Lisboa.
Questionado sobre o pacote de medidas de apoio às famílias, o chefe de Estado escudou-se nos comentários do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que na quinta-feira defendeu que não se adotem medidas pró-cíclicas. “Foi o que disse o governador do Banco de Portugal. Há que ter, por um lado, uma intervenção choque para compensar a situação vivida nos últimos meses e neste momento, e por outro lado, há que acompanhar – eu tenho repetido isto – a inflação. Há quem pense que a inflação pode descer a partir de outubro, novembro”, disse.
Há um conjunto de condições que para o ano podem não ser repetíveis. O Produto Interno Bruto (PIB) pode não voltar a crescer tanto, a situação em termos de disponibilidade pode não ser tão grande e por isso tem de haver esse equilíbrio: atacar a situação naquilo em que é preciso atacar com a urgência e ver a evolução da economia e da própria inflação para ter a certeza de que é preciso ajustar mês a mês, permanentemente, as medidas e a execução das medidas à evolução da situação vivida.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, as medidas que serão anunciadas terão como objetivo um “efeito choque imediato”, mas é preciso ter presente que se a inflação descer a pique a partir do final do ano estas “têm de ser reajustadas”.
“Há um conjunto de condições que para o ano podem não ser repetíveis. O Produto Interno Bruto (PIB) pode não voltar a crescer tanto, a situação em termos de disponibilidade pode não ser tão grande e por isso tem de haver esse equilíbrio: atacar a situação naquilo em que é preciso atacar com a urgência e ver a evolução da economia e da própria inflação para ter a certeza de que é preciso ajustar mês a mês, permanentemente, as medidas e a execução das medidas à evolução da situação vivida”, vincou.
Marcelo elencou ainda como medidas dirigidas e sem impacto permanente apoios diretos às famílias, apoios a “certos setores de atividade na economia que são mais sensíveis ao aumento dos preços da energia”, “apoios aos setores mais carenciados” e “algumas coisas para as classes médias”. Mas advertiu: “Sem haver choques tão amplos, tão amplos que na sua duração possam ter custos que são excessivos não agora, mas daqui a uns meses”.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que “se podia ter tomado as medidas um bocadinho mais cedo”, mas admitiu que “por toda a Europa são anunciadas agora”. Frisou ainda que o impacto do aumento dos preços da energia e da inflação está a afetar particularmente a classe média.
“Obviamente que energia toca toda a gente, mas classe média em particular e outros custos da inflação atingem a classe média, nomeadamente reduz a classe média, esvazia a classe média. Em todos os países da Europa é uma preocupação”, disse.
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