Comissário europeu diz que “ninguém pode afastar o risco de recessão”
Comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, afirma que, nos próximos meses, “ninguém pode afastar o risco de recessão” na Europa.
O comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, afirmou esta quinta-feira que, nos próximos meses, “ninguém pode afastar o risco de recessão”, salientando as incertezas do atual momento na Europa.
“Os riscos estão lá. Nos próximos meses, ninguém pode afastar o risco de recessão”, afirmou Paolo Gentiloni, que discursava hoje na Academia Socialista, que decorre na Batalha, em Leiria, até domingo. Apesar de notar que a Europa não está numa recessão e que regista “um nível decente de crescimento”, o responsável realçou que “há incertezas” quanto ao atual momento, face à inflação e à crise energética.
“Estamos num momento difícil”, admitiu, recorrendo à expressão “O inverno está a chegar” (da série televisiva “Guerra dos Tronos”) para afirmar que a Europa poderá ter “um dos mais difíceis invernos de que há registo”, num momento “cheio de contradições e incertezas”.
Durante o seu discurso, o comissário europeu constatou que, em fevereiro de 2021, a contribuição da energia para a inflação era negativa, neste momento situa-se próxima dos 40% e, apesar de todas as dificuldades, o mercado laboral na Europa “está muito interessante”, com o “mais baixo nível de desemprego em muitos anos”.
Gentiloni recordou a pandemia e a guerra na Ucrânia como dois eventos que mudaram a perceção da situação económica e política, mas também a perceção dos europeus de si próprios. “A reação a esses eventos extraordinários foi, na minha perspetiva, boa”, disse, apontando para as medidas da União Europeia para combater a pandemia e os seus efeitos económicos, mas também a rápida ação de Bruxelas na definição de sanções contra a Rússia.
Esse passado recente aumentou a exigência dos cidadãos junto das instituições europeias, referiu, considerando que há “uma grande expectativa” de que a Europa consiga estar à altura de reagir à crise energética, apesar de não ter “muitos poderes nos tratados de energia”. Para além de ser necessário dar uma resposta a essa mesma crise, Paolo Gentiloni considerou que as medidas que vierem a ser avançadas não podem descartar a estratégia de transição climática já definida por Bruxelas.
“Seria louco, por causa desta crise, esquecermos os nossos compromissos e a liderança europeia na transição verde”, apontou, frisando que um reforço nessa estratégia levará a uma Europa mais independente de combustíveis fósseis, nomeadamente de origem russa. “Não podemos excluir o facto de nos próximos meses, parte do nosso espetro político e opinião pública vai protestar e dizer que com as sanções estamos a afetar a nossa própria economia e a questionar se vale a pena o esforço”, afirmou Paolo Gentiloni.
“É por essa razão que temos que nos lembrar do que está em causa. Há um regime autocrático que usa o poder militar para ocupar uma nação europeia independente”, referiu o responsável, membro do Partido Democrático italiano que disputa no final deste mês as eleições gerais, onde o partido de extrema-direita FdI (Fratelli d’Italia) é apontado como potencial vencedor.
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