PPP do Hospital de Cascais vai custar 561,2 milhões de euros

PPP do Hospital de Cascais foi adjudicada aos espanhóis da Ribera Salud. Contrato para a gestão clínica do estabelecimento hospitalar estende-se por oito anos.

O contrato adjudicado aos espanhóis da Ribera Salud para a parceria público-privada (PPP) do Hospital de Cascais tem o valor líquido de 561,2 milhões de euros, revela a proposta de Orçamento do Estado para 2023 entregue no Parlamento esta segunda-feira. Os encargos plurianuais já estão contemplados nas despesas no OE.

“No que respeita à parceria clínica com o Hospital de Cascais, tendo presente a adjudicação do novo contrato para a gestão clínica do estabelecimento hospitalar, por oito anos, ao parceiro privado Ribera Salud, S.A. (contrato com um VAL [valor atual líquido] de 561,2 milhões de euros), foi considerada a estimativa de encargos plurianuais em conformidade, para o período de 2023 a 2031“, lê-se no relatório.

Este valor do contrato é calculado com referência a 31 de dezembro de 2018, sinaliza o Governo. Foi em maio de 2020 que o Governo deu a autorização para o lançamento de um concurso público internacional para esta PPP. No ano passado, o processo para a nova PPP em Cascais começou a avançar, mas a gestora, a Lusíadas Saúde, acabou por desistir de concorrer ao concurso porque a proposta do Estado “não garante sustentabilidade financeira”, argumentou a empresa na altura.

Na corrida mantiveram-se os espanhóis da Ribera Salud, que na altura consideraram que o modelo financeiro proposto pelo Estado português é “adequado”, e que acabaram por ser os escolhidos.

O Ribera Salud é um grupo hospitalar espanhol, sedeado em Valência, cuja atividade se centra precisamente em parcerias público-privadas e é detido pela Centene e pelo Banco Sabadell. Entretanto, o grupo está em processo de compra por parte da Vivalto Santé, o grupo francês que quer comprar a Lusíadas Saúde. A aquisição foi avançada pela própria Centene em comunicado.

Quanto aos encargos do Estado com esta PPP, o relatório não apresenta a previsão discriminada por hospital, mas as projeções para as parcerias da área da saúde apontam para custos de 172 milhões de euros em 2022, 156 milhões em 2023, 150 milhões em 2024 e 153 milhões em 2025.

Este hospital terá também mudanças no próximo ano no que diz respeito ao edifício, estando prevista uma expansão. O Governo prevê um “encargo de 12 milhões de euros, a realizar em 2023, com as obras de ampliação do Hospital de Cascais”.

Proposta da Mota-Engil para Hospital de Lisboa Oriental é de 257 milhões de euros

O relatório conhecido esta segunda-feira confirma também o VAL previsto para a PPP do Hospital de Lisboa Oriental, que foi adjudicada ao consórcio liderado pela Mota-Engil: é de 257,7 milhões de euros.

O concurso público “tendente à celebração do contrato de concessão referente à parceria público-privada para a conceção, projeto, construção, financiamento, conservação, manutenção e exploração do Hospital de Lisboa Oriental” foi adjudicado ao consórcio constituído pelas sociedades comerciais Hygeia – Edifícios Hospitalares, SGPS, S.A., InfraRed Infrastructure V Investments Limited, Mota-Engil, Engenharia e Construção, S.A., Mota-Engil Europa, S.A., e Manvia – Manutenção e Exploração de Instalações de Construção, S.A.

“Encontra-se atualmente a correr o prazo para a apresentação dos documentos de habilitação pelo agrupamento vencedor”, indica o Executivo no documento, sinalizando que “o contrato terá uma duração de 30 anos, tendo a proposta vencedora apresentado um VAL de 257,7 milhões de euros”.

Neste relatório, “tendo em consideração a fase em que se encontra este processo, os encargos relativos a esta parceria não foram considerados na previsão dos encargos plurianuais com as PPP“.

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Munich Re evita projetos de gás e petróleo

  • ECO Seguros
  • 10 Outubro 2022

A resseguradora deixará de segurar novos projectos de combustíveis fósseis e infraestruturas relacionadas. É a sua contribuição para alcançar os objectivos estabelecidos no Acordo Climáticos de Paris.

A Munich Re estabeleceu a data limite de 1 de abril para deixar de investir e segurar novos projetos de petróleo e gás, anunciou na quinta-feira a resseguradora. A decisão engloba projetos onde a produção ainda não começou até ao final deste ano. A decisão aplica-se igualmente a novas infraestruturas de transporte e armazenamento de petróleo de longa distância (midstream) e a novas centrais elétricas alimentadas a petróleo.

A Munich Re gerou CAGR nos ganhos subjacentes de 9,1%, de acordo com os analistas do Berenberg.

A Munich Re é um dos principais grupos seguradores que aderiram à Aliança de Seguros Net-Zero e se comprometeram a atingir emissões net-zero até 2050. Ao fazê-lo, as empresas querem alinhar as suas atividades com um limite de aquecimento global a 1,5 graus. Os vários signatários da iniciativa, incluindo a Axa, Allianz e Swiss Re, introduziram restrições às transações de petróleo e gás.

As seguradoras e resseguradoras estão entre os maiores prejudicados pelas alterações climáticas, uma vez que o aumento da temperatura global exacerba as catástrofes naturais, desde incêndios florestais a inundações, causando milhares de milhões de dólares em perdas de seguros.

Também a partir de abril, a Munich Re planeia suspender novos investimentos diretos em empresas de petróleo e gás puro.

A Munique Re pretende ainda pôr fim a novos investimentos diretos em empresas de petróleo e gás puro. A partir de 2025, o grupo exigirá “um compromisso credível” de emissões líquidas zero de gases com efeito de estufa até 2050 por parte das empresas em que investe, incluindo os correspondentes objetivos de curto e médio prazo.

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Marsh Portugal celebra 55 anos e reporta diretamente à Europa

  • ECO Seguros
  • 10 Outubro 2022

A Marsh Portugal passa a reportar diretamente à divisão da Europa Continental numa altura em que celebra o aniversário dos 55 anos no país.

A Marsh, líder em corretagem de seguros e consultoria de riscos, e parte do Grupo Marsh McLennan, vai passar a reportar diretamente à divisão da Europa Continental na mesma altura em que comemora 55 anos de atividade em Portugal.

Rodrigo Simões de Almeida integra o Comité Executivo da Marsh na Europa, acumulando a função com a direção executiva da Marsh e da Mercer em Portugal.Hugo Amaral/ECO

Com uma equipa de 100 profissionais distribuídos pelos escritórios de Lisboa e do Porto, a firma acaba de ver o seu desempenho reconhecido a nível global, autonomizando-se da região ibérica.

Rodrigo Simões de Almeida, CEO da Marsh Portugal, declarou que “mais do que uma simples celebração, assumimos este momento como mais um marco importante na trajetória positiva que temos vindo a desenvolver, só possível com uma equipa motivada, alinhada e que privilegia uma postura de proximidade e de parceria com os clientes. Disse ainda que “ambicionamos fazer ainda mais e melhor pelos nossos clientes e reforçar o posicionamento da Marsh, e do Grupo Marsh McLennan, enquanto parceiro com as soluções certas para os desafios presentes e futuros das organizações”.

Rodrigo Simões de Almeida sublinhou que as pessoas formam o grande pilar da atividade da Marsh. “Acreditamos profundamente na máxima de que o bem-estar interno se reflete na qualidade do trabalho que oferecemos aos nossos clientes. Existe um enorme espírito de união e de equipa, e prova disso são os nossos fortes níveis de retenção de talento”, acrescentou o CEO.

Para marcar os 55 anos de atividade em Portugal, a Marsh decidiu brindar a sua comunidade interna e os seus clientes, com a organização de eventos sunsets especiais, em Lisboa e no Porto, durante o mês de setembro.

O desempenho positivo da operação em Portugal, marcada por variações positivas no crescimento da operação ano após ano, mesmo durante o período de maior desafio trazido pelas contingências da pandemia de Covid-19, posiciona a Marsh Portugal como uma das subsidiárias em evidência no mercado europeu.

Presente em Portugal desde 1967, a Marsh é uma das empresas de referência no mercado da corretagem de seguros e consultoria de riscos.

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Governo dos Açores assina cedência dos estaleiros da Madalena à Tecnovia

  • Lusa
  • 10 Outubro 2022

Governo dos Açores assina, esta semana, durante a visita estatutária à ilha do Pico, o contrato de cedência dos estaleiros navais da Madalena, que passam a ser geridos pela empresa Tecnovia.

“Vamos fazer a dinamização dos estaleiros, concretizando aquele que era o compromisso, que estava em banho-maria por parte da região, da entrega a uma empresa privada e o que vamos fazer, no quadro desta visita estatutária, é a respetiva assinatura e entrega, criando dinâmicas que sejam complementares”. Foi desta forma que o presidente do executivo, José Manuel Bolieiro, se referiu à assinatura que decorre, durante esta semana, do contrato de cedência dos estaleiros navais da Madalena que passam a ser geridos pela empresa Tecnovia.

O governante, que esteve reunido com o presidente e vereadores da Câmara da Madalena, lembrou que a exploração dos estaleiros navais da Madalena por parte de privados pode gerar uma oferta que valoriza não apenas a ilha do Pico, mas também as restantes ilhas do triângulo (Faial e São Jorge).

A privatização dos estaleiros navais da Madalena do Pico, até agora geridos pela empresa pública Naval Canal, não é a solução preconizada pelo presidente da Câmara da Madalena, José António Soares, que entende que aquela infraestrutura devia ter continuado na esfera pública.

“Não foi essa a decisão que o Governo anterior tomou. Alienou a uma empresa privada. Agora, só esperamos que, efetivamente, sejam feitas as obras necessárias e que os estaleiros correspondam aquilo que desejamos, para a Madalena e para o Pico, e que acaba também por ser um complemento à ilha do Faial”, frisou o autarca.

As forças vivas do Pico defendem também a criação de uma unidade hospitalar conjunta Faial/Pico, com a instalação de um polo na Madalena, com uma oferta de cuidados de saúde diferenciada, mas o Governo, não se compromete, para já, com essa solução. “O investimento em ilhas sem hospital tem sido uma prioridade do Governo, para garantir alguma estabilidade às pessoas, fazendo o que é possível com os meios financeiros que temos”, explicou o chefe do executivo, adiantando que “o Governo não fecha portas as soluções criativas, no limite da razoabilidade do que é a despesa orçamental”.

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Pagamentos em atraso na saúde disparam 442 milhões em 2022

As entidades tuteladas pelo Ministério da Saúde representam 96% do aumento de dívidas por pagar há mais de 90 dias na Administração Central.

O Ministério da Saúde chegou a agosto deste ano com um volume de pagamentos em atraso de 564,3 milhões de euros, o que representa um aumento expressivo de 442 milhões de euros face ao registado no final de 2021 (122,7 milhões de euros).

Estes números constam da proposta de Orçamento do Estado para 2023, que foi entregue pelo ministro das Finanças no Parlamento esta segunda-feira. O Governo atualiza a evolução dos pagamentos em atraso na Administração Central, dando conta que é no setor da Saúde que estão concentrados os maiores volumes e onde a situação se está a degradar este ano.

Os pagamentos em atraso da Administração Central fixaram-se em 609,6 milhões de euros em agosto de 2022, uma subida de 458,5 milhões de euros face a dezembro de 2021. A Saúde representava mais de 96% deste aumento de dívidas por pagar há mais de 90 dias.

Comparando os valores de agosto deste ano com o mesmo mês de 2021, o aumento é menos pronunciado. Os pagamentos em atraso na Saúde aumentaram 153,5 milhões de euros neste período de 12 meses, o que o Governo justifica com a “evolução das entidades integradas no Serviço Nacional de Saúde”. Segundo a mesma fonte, “nos restantes programas orçamentais não se verificaram variações significativas ao nível dos pagamentos em atraso”.

A uma larga distância da Saúde, a Cultura surge em segundo na lista dos ministérios com volume mais elevado de pagamentos em atraso. Totalizavam 23,1 milhões de euros em agosto, um aumento de 1,5 milhões de euros face ao final de 2021.

Para fazer face ao problema das dívidas na Saúde, o Acordo de Rendimentos assinado entre o governo e os parceiros sociais prevê a injeção de 1.500 milhões de euros para um plano de pagamento de dívidas de saúde em três anos, no âmbito dos hospitais EPE.

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Tribunal da Concorrência aponta “incoerência” à CMVM pela demora do processo do BES

  • Lusa
  • 10 Outubro 2022

O Tribunal, em Santarém, lembrou que recebeu o processo oito anos depois da prática dos factos.

O Tribunal da Concorrência apontou “incoerência” à CMVM no caso do prospeto do aumento de capital do BES em maio de 2014, pelo tempo que o processo demorou até chegar ao tribunal, apesar da gravidade das infrações.

Na sentença dos recursos às coimas de 2,8 milhões de euros aplicadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a Ricardo Salgado e aos ex-administradores Amílcar Morais Pires, Rui Silveira, Joaquim Goes e José Manuel Espírito Santo, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, lembrou que recebeu o processo oito anos depois da prática dos factos.

Reconhecendo que o ex-presidente e antigos administradores do BES condenados pela CMVM no caso do prospeto do aumento de capital de maio de 2014 não contribuíram para a “iminência” da prescrição dos autos (26 de novembro próximo), a juíza Mariana Gomes Machado salienta que, no caso destes autos, a CMVM “acompanhou, no quadro das suas competências próprias, a tarefa de aumento de capital”.

“Teve, por isso e por si, acesso à documentação que suporta parte da infração e quanto àquela cuja obtenção dependeu de terceiros a mesma foi-lhe facultada em 09 de agosto de 2016, pelo DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal]. Não obstante, os autos surgem para apreciação judicial deste Tribunal, (apenas) em 2022 e apenas a seis meses da prescrição”, escreveu.

A juíza afirma que foram esgotadas na fase administrativa “todas as causas de suspensão da prescrição”, incluindo as decorrentes da legislação aprovada no quadro da pandemia da covid-19. A apreciação crítica do comportamento da CMVM surgiu na ponderação da sanção a aplicar a José Manuel Espírito Santo, o qual viu a coima aplicada pelo regulador dos mercados, no valor de 500.000 euros, passar a mera admoestação.

Mariana Machado teve em conta a situação de saúde em que se encontra José Manuel Espírito Santo, o facto de “ter publicamente assumido responsabilidade institucional pelas condutas que conduziram à resolução do BES”, o que “o distancia significativamente dos demais”. Acrescentou o tempo decorrido desde a prática dos factos, “corolário da atuação adjetiva” da CMVM, o que mitiga “muito expressivamente” as necessidades de prevenção especial.

Este arguido teve, ainda, a seu favor o facto de as testemunhas que apresentou terem sido as “únicas que revelaram sentido crítico”, com os seus depoimentos a contribuírem para a descoberta da verdade e o conhecimento histórico dos factos em causa nestes autos, disse. Na decisão comunicada aos recorrentes, Mariana Machado considerou provados todos os factos de que vinham condenados pela CMVM, à exceção do relativo à obrigatoriedade de incluir no prospeto informação sobre a Rioforte.

No caso de Ricardo Salgado, a juíza Mariana Gomes Machado salientou a sua posição de liderança e visão porventura única que tinha de todo o universo Espírito Santo e lembrou as várias decisões do TCRS já transitadas em julgado nas quais foi condenado, nomeadamente, por gestão ruinosa.

A juíza frisou que, apesar das condenações, Ricardo Salgado não tomou qualquer diligência para o pagamento voluntário das coimas que lhe foram aplicadas, estando inclusivamente em curso um processo de execução, para obtenção coerciva da coima devida.

“Em nenhum daqueles autos, mormente no que respeita ao desvio de fundos e atos dolosos de gestão ruinosa do BES, assumiu qualquer posição adjetiva que inculque no Tribunal a possibilidade de formular um juízo fundado de prognose positivo. Isto é, não dispõe o Tribunal de qualquer facto que milite em favor do Recorrente [Ricardo Salgado] e permita considerar atenuadas as necessidades de prevenção especial”, lê-se na sentença.

“Inexiste, pois, fundamento lógico-racional para, em face da circunstância de encimar a instituição Grupo BES e atenta a postura adjetiva que invariavelmente assumiu, considerar mitigadas as necessidades de prevenção especial”, acrescentou.

Por outro lado, afirmou que a situação de saúde invocada pelos seus mandatários não se colocava à data dos factos (2014), pelo que não releva a responsabilidade da sua atuação, nem impede “a compreensão do sentido e alcance” da decisão hoje proferida, “nem tão pouco ao pagamento voluntário da coima”. Além da coima única de 950.000 euros pela prática dolosa de quatro contraordenações, Salgado viu-lhe ser aplicada a pena acessória de inibição do exercício de funções em instituições financeiras por um período de quatro anos.

Neste processo, em que a CMVM aplicou multas que totalizaram 2,8 milhões de euros, Ricardo Salgado pedia a impugnação da coima de um milhão de euros, Amílcar Morais Pires de 600.000 euros, Rui Silveira de 400.000 euros, Joaquim Goes de 300.000 e José Manuel Espírito Santo de 500.000 euros.

Em causa está a qualidade da informação contida no prospeto do aumento de capital do BES de maio de 2014, bem como operações ocorridas até junho (período aberto a investidores interessados) que a CMVM considera que deveriam ter originado adendas ao documento.

Segundo a CMVM, os arguidos sabiam que o prospeto omitia informação relevante para os investidores, nomeadamente, a exposição à Espírito Santo Finantial Group e à carteira de crédito do BESA e operações realizadas no período, como novos financiamentos à ESFG, as cartas de conforto à Venezuela e o financiamento à Rioforte, que deveriam ter originado adendas.

Tendo caído a infração relativa à Rioforte, cujo risco Mariana Machado disse ter sido mitigado pela colaterização imposta pelo Banco de Portugal, o TCRS decidiu pela suspensão em 20%, por dois anos, da execução dos valores das coimas aplicadas a Morais Pires (500.000 euros), a Joaquim Goes (250.000 euros) e a Rui Silveira (400.000 euros), tendo sido este o único que não viu o valor global da coima reduzido.

Quanto a Morais Pires, o TCRS condenou a gravidade da sua atuação, mas salientou o facto de estar a pagar faseadamente as coimas a que já foi condenado, “o que traduz uma conduta de aceitação da autoridade dos Tribunais e de conformação com a ordem normativa vigente”.

A sentença refere, por outro lado, que, durante o julgamento, “embora não tenha confessado os factos, o que traduz o exercício de uma prerrogativa jusfundamental que não pode merecer (e não merece) censura, [Morais Pires] reconheceu a sua envolvência nos mesmos, apenas rejeitando – com acerto, diga-se – ‘ser mais responsável’ do que os outros Recorrentes”.

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Municípios satisfeitos com promessa do Governo em transferir 104 milhões que reivindicam há anos

Associação Nacional de Municípios Portugueses satisfeita com anúncio do Governo em transferir 104 milhões de euros para as autarquias; uma verba há muito reivindicada.

“Esta regularização do Fundo Social Municipal [FSM], no valor de 104 milhões de euros, vem ao encontro do que a associação reivindica há muito e das exigências que apresentámos no âmbito do Orçamento do Estado para 2023, que, de forma efetiva, terá de ir mais longe para garantir que as autarquias locais tenham condições para cumprirem as suas competências, mantendo as suas contas em ordem”, afirma a presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro.

Esta foi a reação de Luísa Salgueiro ao anúncio do Governo relativo ao pagamento de valores em falta do FSM após sucessivas revindicações da ANMP nesse sentido. A também líder socialista da Câmara Municipal de Matosinhos considera que “o montante é devido aos municípios, por incumprimento da Lei das Finanças Locais nos anos de 2019, 2020 e 2021, nos quais ficaram em falta, respetivamente, 18, 35 e 51 milhões de euros do FSM, conforme a ANMP, pontualmente, identificou em cada Orçamento do Estado”.

Para a autarca socialista, “é fundamental que os 104 milhões de euros, que estão em dívida, dos últimos três anos do FSM, sejam liquidados para garantir que as contas municipais se mantêm equilibradas, sobretudo, porque se vive num contexto de aumento generalizado de preços, seja das matérias-primas, da energia, dos combustíveis ou dos próprios recursos humanos”.

Ainda recentemente o vice-presidente do Conselho Diretivo da ANMP, Ribau Esteves, exigiu “o cumprimento rigoroso da Lei das Finanças Locais que, em 2023, implica a transferência para os municípios de mais 219,73 milhões de euros face a 2022“. Esta reivindicação foi dada a conhecer após a reunião do Conselho Diretivo, na sede da ANMP, em Coimbra.

É fundamental que os 104 milhões de euros, que estão em dívida, dos últimos três anos do FSM, sejam liquidados para garantir que as contas municipais se mantêm equilibradas, sobretudo, porque vivemos num contexto de aumento generalizado de preços, seja das matérias-primas, da energia, dos combustíveis ou dos próprios recursos humanos.

Luísa Salgueiro

Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses

O também autarca da Câmara Municipal de Aveiro lembrou, na altura, o “acordo de compromisso” firmado com o Governo, que engloba a implementação de um conjunto de medidas nas áreas da Educação e da Saúde. “Essas medidas terão um impacto financeiro significativo nas contas dos municípios já no próximo ano, pelo que é fundamental que o OE para 2023 assegure os recursos financeiros necessários à implementação dessas medidas”, avançou o responsável.

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+M

Público suspende jornalista Vítor Belanciano

  • + M
  • 10 Outubro 2022

A direção do Público suspendeu preventivamente e instaurou um processo disciplinar ao jornalista Vítor Belanciano. Em causa está a suspeita da prática, repetida, de plágio. 

A direção do Público suspendeu preventivamente e instaurou um processo disciplinar ao jornalista Vítor Belanciano. Em causa está a suspeita da prática, repetida, de plágio.

A suspensão do jornalista foi anunciada esta tarde, com uma nota da direção editorial publicada no site do jornal. “A Direção Editorial (DE) do PÚBLICO teve conhecimento neste fim de semana de novas situações que configuram a prática de plágio por um dos seus jornalistas. A mesma prática, com o mesmo jornalista, que tinha sido objeto de uma denúncia à DE e ao Provedor do Leitor, havia já sido reconhecida, lamentada e condenada. Em causa estava um texto publicado na edição de 18 de setembro, que plagiava de forma inequívoca um artigo do El País de 27 de julho“, escreve o Público. Este caso, denunciado por uma leitora, já tinha sido assumido pelo título como plágio.

“Esta crónica acusa um problema grave: o da repetição integral de partes de um artigo de Sergio C. Fanjul publicado no El País de 27 de julho”, pode ler-se junto ao artigo.

Agora, “as revelações do último fim de semana, com pelo menos dois outros casos fortemente indiciadores da prática de plágio, alteram a dimensão do problema. O que estava em causa, a possibilidade de um erro e o direito a uma segunda oportunidade, ficaram com esses novos casos irremediavelmente comprometidos. O que se acreditava ser uma falha deontológica incidental transformou-se num quadro de incumprimento reiterado dos deveres éticos de um jornalista”, prossegue o jornal liderado por Manuel Carvalho

“A suspeita de uma prática reiterada de plágio só se resolve com um indispensável processo para se apurarem todas as responsabilidades. E com um renovado pedido de desculpas aos nossos leitores por esta lamentável história ter acontecido nas páginas do nosso jornal”, conclui o Público.

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Estado apoia municípios com 5,2 mil milhões de euros em 2023

Administração Central deverá transferir 5.261,5 milhões de euros, em 2023, para a Administração Local, proveniente do Fundo de Financiamento da Descentralização e da Lei das Finanças Locais.

O Governo prevê, em 2023, transferir 5.261,5 milhões de euros para a Administração Local do Fundo de Financiamento da Descentralização e da Lei das Finanças Locais, segundo revela a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023). Ainda assim, o Governo estima para 2023 um saldo orçamental negativo na Administração Regional e Local de 105,7 milhões de euros, apesar de considerar ser uma “melhoria em 279,3 milhões de euros face ao ano anterior”. Ou seja, bem abaixo do défice de 385 milhões de euros registado em 2022.

Este menor saldo orçamental negativo de 105,7 milhões de euros resulta do excedente de 256,2 milhões de euros estimado para a Administração Local, “atenuado pelo défice de 361,9 milhões de euros da Administração Regional”, lê-se no mesmo documento. O Governo prevê que a Administração Local atinja, assim, um saldo de 256,2 milhões de euros, superior em 123,7 milhões de euros ao de 2022, “resultante de um crescimento da receita (8,4%) superior ao previsto para a despesa (7,4%).

O Governo destaca aqui como contributos para esta receita “a proveniente das transferências (13,2%) que incluem o reforço do Fundo de Financiamento da Descentralização e o aumento das transferências no âmbito da Lei das Finanças Locais, bem como as transferências a receber por via da Administração Central, referentes ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.

No que toca, contudo, à despesa, a “evolução esperada assenta, essencialmente, no crescimento do investimento (12,3%), impulsionado pelas iniciativas e projetos no âmbito do PRR, das despesas com pessoal (7,2%), influenciadas pelo processo de descentralização de competências para os municípios, e da aquisição de bens e serviços (5,9%)”.

De acordo com a mesma proposta, as transferências do OE para a Administração Local aumentam, assim, em 14,3%, “influenciadas, maioritariamente, pelas transferências do Fundo de Financiamento da Descentralização (44,7%) e da Lei das Finanças Locais (6,6%) que resulta da maior receita fiscal liquidada em 2021″.

A Administração Local terá de transferir para a Administração Central um total de 174,6 milhões de euros e proceder ao pagamento de oito milhões de euros relativos a juros de empréstimos concedidos pela Administração Central. Ainda assim, está prevista a amortização de 49,4 milhões de euros de empréstimos de médio e longo prazo concedidos pela Administração Central.

Regiões Autónomas recebem 515,4 milhões de euros

Estão ainda previstas transferências do OE superiores a 2022 para os Açores e para a Madeira, ao abrigo da Lei das Finanças das Regiões Autónomas, ou seja, 288,9 milhões de euros para os Açores e 226,5 milhões de euros para a Madeira, perfazendo 515,4 milhões de euros. O que, segundo o Governo, representa uma subida de 17 milhões de euros face ao ano anterior.

Ainda assim, o Governo estima para 2023 que a Administração Regional apresente “um défice de 361,9 milhões de euros, correspondendo a uma melhoria de 155,6 milhões de euros face a 2022″. Segundo a proposta do OE, “a receita deverá crescer 19,7%, impulsionada sobretudo pelo aumento das transferências da União Europeia (136%), associadas em grande medida aos fundos a receber no âmbito do PRR, e da receita fiscal (4,4%)”. Já a despesa deverá crescer 11,8%.

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Lisboagás foi a única que não cumpriu padrões de qualidade de serviço no gás

  • Lusa
  • 10 Outubro 2022

Segundo a ERSE, na rede de distribuição de gás verificou-se que os padrões gerais, associados aos vários indicadores, foram todos cumpridos pelos operadores, com exceção da Lisboagás.

A operadora Lisboagás foi a única que não cumpriu, em 2021, os padrões estabelecidos para número médio de interrupções no gás, de acordo com dados esta segunda-feira divulgados pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

A entidade, que divulgou o Relatório da Qualidade de Serviço Técnica (RQST) do setor do gás relativo a 2021, realçou “o bom desempenho por parte das empresas no cumprimento dos indicadores de qualidade de serviço técnica”.

Segundo um comunicado publicado no ‘site’ da entidade, “na rede de distribuição de gás verificou-se que os padrões gerais, associados aos vários indicadores foram todos cumpridos pelos operadores, com exceção da Lisboagás que não cumpriu o padrão estabelecido para o número médio de interrupções controláveis previstas (outras situações)”.

Na mesma nota, a ERSE deu conta de “um incumprimento justificado pela Lisboagás pela requalificação de edifícios camarários por parte da Câmara Municipal de Lisboa, campanhas periódicas de pesquisa de fugas de gás, nos concelhos de Lisboa e Amadora e a melhoria de pressão do gás na sua rede de distribuição”.

Ainda assim, no ano passado, “destaca-se a ausência de interrupções na rede de transporte de gás, tal como verificado no ano anterior”, disse a ERSE.

Entre os aspetos analisados pela ERSE conta-se a ‘performance’ do terminal de GNL (gás natural liquefeito), tendo a entidade concluído que “o número de descargas de navios metaneiros [que transportam GNL] foi de 64, correspondendo a mais uma descarga face ao ano anterior”.

Além disso, indicou que “o tempo médio efetivo de descarga de navios metaneiros diminuiu comparativamente com o ocorrido no ano anterior”.

De acordo com a ERSE, “o número de enchimentos de cisternas com atraso, i.e. [isto é], com tempo de enchimento superior a duas horas, correspondeu a 13% do número total de enchimentos em 2021, sendo esse valor de 12% em 2020”.

O regulador explicou que “as principais causas de atraso devem-se a indisponibilidade das baías de enchimento, a necessidade de arrefecimento das cisternas, a ocorrência de problemas técnicos no Terminal de GNL e a indisponibilidade de operação”.

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Apoios aos combustíveis custam 385 milhões de euros ao Estado

O Governo conta encaixar menos 385 milhões de euros com o Imposto sobre Produtos Petrolíferos, A medida que irá custar mais será a redução do ISP, que foi prolongada até ao final do mês.

Os apoios aos combustíveis vão custar 385 milhões de euros à receita fiscal do Estado no próximo ano.

De acordo com a proposta de proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023), o Governo deverá receber menos 385 milhões de euros no Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP). Desse valor, a medida de redução do ISP, que foi prolongada até ao final deste mês, será a mais dispendiosa por roubar aos cofres do Estado 335 milhões de euros.

Na proposta do OE 2023, as empresas transportes públicos de passageiros vão passar a poder contar com o gasóleo profissional, tal como acontece hoje com o setor das mercadorias. A medida, que funciona através de reembolso parcial, abrange ainda a utilização de gás natural veicular utilizado no transporte de mercadorias por conta de outrem, nivelando assim “os produtos energéticos e petrolíferos para a mesma finalidade”. Segundo as contas do Governo, esta medida vai beneficiar cerca de 100 grupos económicos e implica uma despesa de 25 milhões para o Estado em 2023.

No âmbito do apoio extraordinário aos custos com combustíveis na agricultura, os profissionais do setor vão poder beneficiar de um subsídio equivalente à taxa de carbono vigente em 2022, à redução da taxa unitária do ISP do gasóleo agrícola para o mínimo legal e a uma compensação pelo IVA, no total de 10 cêntimos por litro, tendo em consideração os consumos de gasóleo agrícola reportados ao último ano completo. Feitas as contas, esta medida custará 30 milhões de euros ao Estado e vai abranger cerca de 145 mil beneficiários.

Ainda no âmbito das medidas de apoio aos combustíveis, surge o fim gradual dos benefícios fiscais a produtos poluentes concedidos no âmbito do ISP. O Estado deverá ganhar 5 milhões de euros com esta medida.

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Carga fiscal iguala recorde este ano e baixa em 2023

Governo deixa cair objetivo de baixar carga fiscal para 35,1% do PIB em 2022. Meta foi adiada para o próximo ano.

A carga fiscal deverá atingir 35,6% do PIB em 2022, igualando o máximo histórico fixado em 2021, de acordo com a estimativa que o Governo inscreveu na proposta do Orçamento do Estado para 2023, onde volta a prometer uma redução do peso das receitas fiscais e contribuições efetivas para a Segurança Social para o próximo ano.

De acordo com as contas das administrações públicas publicadas na proposta do Orçamento do Estado para 2023, o Governo estima que as receitas fiscais de 2022 atinjam 25,4% do PIB, enquanto as contribuições sociais efetivas deverão totalizar 10,2%, o que perfaz uma carga fiscal de 35,6%.

Este valor é exatamente o mesmo que foi atingido em 2021 e representa uma revisão em alta face ao montante que o Executivo, na proposta do Orçamento do Estado para 2022, estimava para a carga fiscal deste ano: 35,1%. O desvio é de meio ponto percentual e reflete sobretudo o forte aumento de receitas fiscais que o Estado prevê arrecadar este ano. No Orçamento de 2022 previa receitas fiscais de 56,3 mil milhões de euros, valor que foi agora revisto em alta para 60,3 mil milhões de euros.

É esta diferença de quase quatro mil milhões de euros nas receitas fiscais que justifica o valor mais elevado da carga fiscal este ano, isto apesar do forte crescimento do PIB em 2022 (6,5%) e acima do que o Governo estimava. O crescimento da receita fiscal previsto para este ano (+15,9%) é bem superior ao crescimento económico.

Corte na carga fiscal adiado para 2023

Na proposta do Orçamento do Estado para 2023, o Governo adia a promessa de corte da carga fiscal para o próximo ano, exatamente na mesma proporção que previa para este ano.

O Executivo aponta para um peso mais reduzido das receitas fiscais no PIB (24,8%), enquanto as contribuições efetivas para a Segurança Social sobem ligeiramente (10,3% do PIB). Assim, a carga fiscal de 35,1% estimada para 2023 é meio ponto percentual inferior à projetada para este ano.

Desde 2016, o Governo só conseguiu reduzir este indicador de 2018 (34,7%) para 2019 (34,5%), sendo que, em março passado, estimou uma redução em todos os anos, apontando para 35,2% do PIB em 2022, 34,9% do PIB em 2023, 34,7% em 2024, 34,4% em 2025 e 34% em 2026.

No relatório da proposta entregue esta segunda-feira na Assembleia da República o Governo não calcula a carga fiscal. O indicador resulta da soma do peso no PIB das receitas fiscais e das contribuições efetivas para a Segurança Social, embora Governo e INE tenham metodologias distintas. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a carga fiscal recorde em 2021 ascendeu a 36,8%.

Receitas fiscais sobem 811 milhões em 2023

Após o forte crescimento das receitas previsto para este ano à boleia da alta da inflação, o Governo estima que os impostos cobrados pelo Estado vão voltar a subir em 2023, embora a menor ritmo.

A receita fiscal do Estado deverá aumentar 1,5% para 53,6 mil milhões de euros em 2023, o que representa uma subida de 811 milhões de euros face à estimativa de receita para 2022. Esta progressão é justificada sobretudo pelo aumento dos impostos indiretos, com destaque para o IVA (+4,1%) e imposto de selo (4,9%). Nos impostos indiretos, o IRS cresce ligeiramente (0,3%), apesar da descida de imposto para os contribuintes. O IRC baixa 2,2%.

No que diz respeito às receitas correntes, devem crescer 3,9% para 107,1 mil milhões de euros, refletindo o aumento das receitas fiscais: Destaque também para as receitas de capital, que mais do que duplicam para 3,9 mil milhões de euros, atirando a receita total do Estado em 2023 para mais de 111 mil milhões de euros. Um valor que traduz um crescimento de 5,9% e representa 44,5% do PIB (44,1% em 2022).

O Governo prevê uma despesa total de 113,2 mil milhões de euros em 2023 (45,4% do PIB), com a despesa corrente a subir 3,5%. Nesta rubrica destacam-se as despesas com pessoal, com um aumento de 5,5% em 2023, enquanto as despesas de capital sobem 5,2%.

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