Bolsonaro reconhece derrota junto a juízes do Supremo Tribunal Federal
"Acabou", terá dito o Presidente brasileiro aos juízes do STF. Ao mesmo tempo, perderam força os protestos de camionistas, que desde a madrugada de segunda-feira bloqueavam estradas.
O Presidente cessante do Brasil, Jair Bolsonaro, transmitiu aos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) a mensagem de que as eleições acabaram, disse o juiz do STF Luiz Edson Fachin. “O Presidente da República usou o verbo terminar no pretérito, ele disse ‘acabou’. Portanto, devemos olhar para frente“, contou o juiz, citado pelo portal de notícias G1.
Bolsonaro foi à sede do tribunal na terça-feira após falar com juízes do STF, a quem reafirmou a sua derrota nas eleições presidenciais do passado domingo, nas quais Luiz Inácio Lula da Silva se sagrou vencedor e, portanto, voltará a presidir o Brasil por mais quatro anos.
Num comunicado emitido antes do encontro com Bolsonaro, o STF divulgou uma nota afirmando que o Governo reconheceu a sua derrota, que cumpriria a Constituição e chegou até a criticar de forma velada os bloqueios que alguns seguidores têm estado a fazer em várias estradas do país nos últimos dias para protestar contra os resultados das eleições.
“O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições”, indicou, numa nota, o STF.
Este comunicado surgiu minutos após Jair Bolsonaro ter discursado na terça-feira no Palácio da Alvorada, naquela que foi a sua primeira declaração depois de ter perdido as eleições de domingo, tendo apelado aos seus apoiantes que abandonassem os protestos e garantido que respeitará a Constituição.
O Presidente brasileiro deixou também a porta aberta para uma transição, já que disse respeitar a Constituição. “Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar os media e as redes sociais. Enquanto Presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição“, disse.
Depois deste discurso, Jair Bolsonaro seguiu para a sede do STF para uma reunião com vários juízes.
Protesto de camionistas contra vitória de Lula da Silva perde força no Brasil
Os protestos liderados por camionistas apoiantes de Jair Bolsonaro que pedem um golpe militar contra a vitória eleitoral de Lula da Silva no Brasil continuam esta quarta-feira, mas estão a perder força em todo o país, segundo fontes oficiais. Os bloqueios de estradas, que somavam cerca de 500 em 24 dos 27 estados do país na segunda-feira, caíram para 167, com a polícia a negociar com os manifestantes para libertarem completamente o tráfego.
O movimento, que pede uma “intervenção militar”, começou a perder intensidade depois de o Presidente, Jair Bolsonaro, apoiado pela extrema-direita, ter feito uma declaração em que pedia o fim dos bloqueios e indiretamente admitiu a sua derrota ao determinar que o Governo iniciasse o processo de transição com a equipa de Lula da Silva.
De qualquer forma, pequenos grupos de camionistas mantiveram alguns bloqueios, alguns manifestantes fizeram “vigílias” na noite de terça-feira em frente a um quartel do Exército e pediram alguns atos semelhantes que estão a acontecer hoje, feriado no Brasil pelo Dia dos Mortos.
Jair Bolsonaro pronunciou-se sobre os resultados das eleições na terça-feira, cerca de 45 horas depois de a contagem oficial determinar a vitória do líder progressista Luiz Inácio Lula da Silva por uma margem muito estreita de 1,8 pontos percentuais.
Durante o silêncio de Bolsonaro, os seus simpatizantes mais extremistas deram início ao movimento que exige um golpe militar das Forças Armadas para fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o atual chefe de Estado no poder.
No entanto, os manifestantes foram contrariados por Jair Bolsonaro na sua declaração, apesar de ter dito que o “movimento popular” foi “resultado da indignação e do sentimento de injustiça pelo desenrolar do processo eleitoral”.
Mesmo assim, Bolsonaro afirmou que “manifestações pacíficas serão sempre bem-vindas”, mas reforçou que seus métodos “não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedade ou a destruição de património”, e ressaltou que ninguém pode impedir “o direito de ir e vir”.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.
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