Liga Ibérica: “São riscos que nunca se devem correr”, diz presidente da La Liga
Candidatura ibérica para o Mundial 2030 é uma realidade, mas uma Liga ibérica está fora de questão, de acordo com Javier Tebas, presidente da La Liga, em declarações ao ECO.
Javier Tebas rejeita a ideia de uma liga de clubes entre Portugal e Espanha. “São riscos que penso que nunca se devem correr”, diz o presidente de La Liga, em entrevista ao ECO, na Web Summit
“Não é possível. Há um sentimento de pertença, de competição pela sua nação, pelo seu país. Não é assim tão fácil unir duas nações com os seus clubes para criar uma nova prova. Eu já tenho 60 anos de idade e, certamente, que não vou ver isso acontecer enquanto for vivo”, salienta o líder máximo da organização que gera o futebol espanhol ao ECO.
No ano passado, a criação de uma Liga entre os clubes da Bélgica e Países Baixos chegou a ser falada e, com a recente candidatura Ibérica para o Mundial 2030 a marcar a esfera desportiva, faria sentido uma Liga Ibérica?
Tebas rejeita a ideia, mas não fecha a porta a uma outra possibilidade: A criação de um “torneio especial” entre clubes dos dois países, mesmo referindo que seja algo também “muito complicado”.
Inflação: Dor de cabeça para adeptos, indiferença para clubes
A Europa vive tempos complicados, com uma galopante inflação e uma guerra que se vai prolongando no tempo, afetando a maior parte dos setores da sociedade. O futebol não é um deles, assegura o presidente da liga castelhana.
“A inflação não tem influência no futebol profissional, especialmente porque a maior despesa que temos, são os salários dos jogadores e treinadores, e estes não estão sujeitos a estas mexidas. A inflação também não os afeta muito porque são pessoas com rendimentos elevados”, explicou.
Onde podemos ter um problema a médio prazo (com a inflação) é no valor dos nossos direitos televisivos, suportado quase inteiramente pelos adeptos que pagam uma subscrição [para ver os jogos via streaming ou televisão], mas eu sou daqueles que acredita que isso não vai acontecer. Contudo, temos de estar atentos.
Todavia, mesmo sem alarmismo e até alguma descrença, Tebas ressalva que a inflação pode vir a ser um problema para os direitos televisivos.
“Onde podemos ter um problema a médio prazo é no valor dos nossos direitos televisivos, que é suportado quase inteiramente pelos adeptos que pagam uma subscrição [para ver os jogos via streaming ou televisão], mas eu sou daqueles que acredita que isso não vai acontecer. Contudo, temos de estar atentos”, afirma.
Sombra da Superliga Europeia perdura
Desde o anúncio da Superliga Europeia em 2021, que Javier Tebas foi um dos maiores críticos de tal competição. Mesmo que a ideia tenha caído por terra e diversos clubes organizadores tenham recuado no seu apoio, o “conceito” da prova continua a pairar no velho Continente, de acordo com o líder da La Liga.
“O conceito [da Superliga] não está morto. Não estou preocupado com a competição em si porque não vai ser bem-sucedida. Os modelos atuais da competição são o que se vê. O problema é que o conceito permanece nos grandes clubes que são os que governam e tomam as decisões no futebol”, explicou.
Para combater este “problema”, o presidente da Liga espanhola acredita ser necessária tornar as estruturas do futebol “mais transparentes, mais claras e com regras de boa governação, onde existe um equilíbrio entre os clubes grandes, pequenos e médios”.
Fair Play financeiro com necessidade de melhorias
Outras das temáticas abordadas por Javier Tebas ao ECO foi o famoso Fair Play financeiro, que tantas emoções desperta no mundo futebolístico. A UEFA decidiu reformular a regra do fair play financeiro há alguns meses, introduzindo novas formas de controlar as contas dos clubes de futebol, denominadas de regras de sustentabilidade financeira, e o presidente não ficou indiferente a estas mudanças.
Penso que melhorou (o fair play financeiro com novas regras), mas o importante é que se apliquem sanções desportivas. O Paris Saint-Germain foi agora multado em 60 milhões de euros e depois só teve de pagar dez milhões. Isto é como se fosse um café para a pessoa que infringe as regras, não importa.
“Penso que melhorou, mas o importante é que se apliquem sanções desportivas. O Paris Saint-Germain foi agora multado em 60 milhões de euros e depois só teve de pagar dez milhões. Isto é como se fosse um café para a pessoa que infringe as regras, não importa. Por outras palavras, […] é muito importante que haja regras, que o regime de sanções seja realmente dissuasivo e, neste caso, as sanções desportivas é o que realmente dissuade as pessoas de fazerem batota”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Liga Ibérica: “São riscos que nunca se devem correr”, diz presidente da La Liga
{{ noCommentsLabel }}